sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Gay sangue bom

Disponível em:
http://www.mgm.org.br/portal/modules.php?name=News&file=article&sid=108

22.11.06 - Em 22 de novembro, Dia Nacional da Luta pela Doação de Sangue, o movimento GLBT brasileiro lembra todos que, neste país, homossexuais são proibidos de doar sangue. Entenda o porquê, e vamos à luta contra este absurdo.

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Faz muito tempo que todo mundo sabe que o vírus HIV não é exclusividade de homossexuais e que, muito menos, eles são os responsáveis por sua transmissão. Nada de grupos de risco, o Ministério da Saúde já trabalha com a idéia de situações de risco: transar sem camisinha, compartilhar seringa no uso de drogas e por aí vai. Assim, dá para ver que qualquer pessoa que não se cuide corre sérios riscos de se infectar, seja gay, heterossexual ou etcétera.


Apesar disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão do Ministério da Saúde que regula a coleta de sangue, impede que sejam doadores “homens que tiveram relações sexuais com outros homens ou as parceiras sexuais desses”. E isso durante um ano após a última relação sexual homem com homem (!!!). Por quê? A resposta só pode ser uma: puro preconceito.

É por isso que em 22 de novembro é comemorado o Dia Nacional de Doação de Sangue Homossexual. Em todo o país, os movimentos GLBTs se mobilizam para tentar mudar a Portaria nº 1.376, de 19.11.93, que regulamenta a doação. A Associação Goiana de Gays, Lésbicas e Travestis (AGLT), por exemplo, encaminhou ofício ao Ministério da Saúde pedindo que gays que sempre usam preservativos possam doar sangue.


Isso é dis-cri-mi-na-ção!


Na prática, se um homem for doar sangue e responder que teve relações sexuais com outro homem no último ano, ele será impedido de fazer a doação. Por outro lado, as pessoas que precisam daquele sangue continuarão esperando. Mas esse mesmo homem poderá fazer a doação sem problemas se mentir e negar que é gay, ou então, dizer que não teve relações sexuais com outro homem durante o período de um ano. Trata-se de um constrangimento e uma incoerência sem tamanho.


Como já dissemos, há muito que o conceito de grupo de risco já não é usado mais, e o próprio Ministério da Saúde financia campanhas que lutam pelo fim da homofobia. Só o fato de a Aids crescer muito entre mulheres e idosos já confirma a idéia de que, tecnicamente, toda a população sexualmente ativa pode estar em risco se não se cuidar.


A questão pode ser ainda mais séria. As campanhas para a doação de sangue evocam a cidadania daqueles que estão dispostos a doar. Ao mesmo tempo, nega um direito aos gays, excluídos de exercer uma ação solidária, colocando-os, mais uma vez, à margem.


E tem mais. A tal portaria se esquece de que todo sangue doado passa por rigorosos testes para impedir possíveis infecções durante a transfusão. Logo, não se justifica a invasão de privacidade e constrangimento pelo qual pode passar o doador homossexual. Não há o menor risco para os receptores. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que de 3% a 5% da população de um país doe sangue. No Brasil, essa taxa é de apenas 1,8%: o que não parece suficientemente preocupante para combater o preconceito.


Ao negar a doação de sangue por homossexuais, o Estado comete dois graves equívocos: a invasão da privacidade e a discriminação dos homossexuais; e a condenação de seres humanos que precisam do sangue doado por alguém.

Direitos iguais, nem mais, nem menos: doação já!



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Por Redação (VP)

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