terça-feira, 31 de março de 2009

Gays são atacados com spray de pimenta no centro de Curitiba

Fonte:
Por Marcelo Hailer 26/3/2009 - 18:13

Há cerca de três dias chegou à redação do site A Capa e-mail de um leitor curitibano denunciando uma nova prática de ataque homofóbico. Em seu relato, diz que no centro de Curitiba homofóbicos se munem de gás de pimenta e atacam gays e travestis, além de proferirem palavras de ódio aos homossexuais.

No e-mail, L.B. conta que ele e seu namorado voltavam do Bar Café do Teatro, localizado no centro da cidade, próximo da Praça Círculo Militar, quando foram abordados por um sujeito que os agrediu espirrando jatos de spray de pimenta em seus olhos. Após o ataque com o gás, o casal foi agredido fisicamente e verbalmente. L. contou que durante a fuga o agressor gritava a todo momento que eles eram uma "escória".

A reportagem do A Capa entrou em contato com a proprietária do Café do Teatro, Elisa Brane, para apurar se algum tipo de denúncia havia chegado a ela. "Olha, pelo menos aqui perto do bar nunca houve nenhum tipo de agressão e denúncia. Estamos aqui há 22 anos", disse a empresária. Elisa revela que até o momento "ninguém veio falar nada" sobre agressões.

Rafaeli Wieft, presidente do Grupo Dignidade, conta que hoje a população LGBT tem sofrido ataques constantes motivados por homofobia, "principalmente com as travestis que fazem ponto", disse a presidente. Segundo a representante, em sua maioria são grupos de homens que ficam rondando o centro de Curitiba de carro. "Eles não tem só usado o gás de pimenta. Jogam também pedra de dentro do carro e usam pedaço de pau para bater".

Sobre medidas frente a essas denúncias, Rafaeli conta que já foi agendada uma reunião com a secretaria de Segurança Pública. "Nesse encontro pediremos que o batalhão da Polícia Militar faça uma ronda ostensiva a noite". Segundo Rafaeli, o Grupo Dignidade tem feito abordagem na rua com pessoas que freqüentam o centro da cidade de Curitiba para levantar dados a respeito dessas denúncias. As primeiras informações indicam que os principais alvos são gays e travestis.



Após agressão, alunos da UFMG organizam protestos contra a homofobia

Fonte:
Por Redação 25/3/2009 - 13:19

Uma manifestação contra a homofobia será encabeçada na na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Organizado pelo Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (GUDDS) o protesto acontece após um aluno do curso de Artes Visuais ser vítima de agressão homofóbica na moradia do campus universitário. Com o nome "De olhos bem fechados - Homofobia: a violência que ninguém quer ver" o protesto acontecerá em três dias, em locais distintos da faculdade.

O primeiro ato será na segunda-feira (30/03) na praça de alimentação durante o bandejão. Na quarta- feira (01/04) será a vez da Praça de Serviços receber os protestos e por último, marcado para sexta-feira (03/04), o ato irá acontecer no Gramado da Reitoria. Em todos os dias a manifestação está marcada para acontecer das 11h às 13h.

Segundo manifesto divulgado pelo GUDDS os participantes que quiserem aderir poderão ficar vendados, assim eles acreditam que irão chamar a atenção para a invisibilidade frente aos casos de homofobia, não apenas na UFMG, mas na sociedade como um todo. Como parte do ato, os alunos que aderirem ao protesto usarão durante uma semana uma venda preta no braço.

Homofobia na UFMG

Na madrugada de sexta para sábado (14/03) o estudante Fernando e sua amiga Adriana chegavam da rua. Quando ambos estavam próximos a entrada do Moradia II, Fernando foi surpreendido pelas costas pelo aluno V. S. e agredido com um chute.

Ao conversar com a reportagem do A Capa o estudante de Artes Visuais contou que na primeira agressão correu para dentro da Moradia II. "Pensei que lá dentro estaria mais seguro por conta dos seguranças, mas eles não fizeram nada", relata. A sua amiga tentou defendê-lo, porém também foi agredida pelo garoto e pela namorada dele com chutes nas costas. "Se os seguranças tivessem intervido antes, ela não teria apanhado", cobra o estudante.

Fernando revela que durante a briga o agressor o chamava de "bichinha" e "viadinho". Segundo o rapaz, após a segurança do alojamento apartar a briga o agressor disse à sua namorada que já tinha conseguido o que queria. V. ainda proferiu ameaças e gritos de ódio como "nojo aos homossexuais". A vítima disse à reportagem que V. já demonstrava sinais de intolerância ao apelidar o quarto de Fernando de "gaiola das loucas" e declara que lá dentro "só há viados".

A reitoria logo se manifestou e na segunda-feira foi oficialilzada a expulsão do V.S do Moradia II, também será aberta uma sindicância para apurar se realmente houve homofobia na agressão do aluno e caso seja entendido que sim, punições ao aluno serão estudadas conforme estatuto da Universidade. A respeito dos seguranças, foi informado que todos que trabalham no Campus serão substituídos.



"Proibir gays de doarem sangue é inadmissível", diz deputada Sueli Vidigal

Fonte:
Por Marcelo Hailer 28/1/2009 - 12:41

A polêmica está lançada. A deputada Sueli Vidigal (PDT-ES) acaba de lançar Projeto de Lei que, se aprovado, irá proibir os bancos de sangue a perguntarem a orientação sexual do doador. Tal medida contraria a portaria da ANVISA que não permite HSH (Homens que fazem sexo com homens) e homossexuais que tenham tido relações sexuais recentes a doarem sangue no período de um ano.

Em entrevista concedida ao A Capa na tarde de ontem, a deputada diz que tal medida é "preconceituosa e discriminatória". Ela afirma que em um país onde se tem problema com a demanda de sangue, tal portaria "não se justifica". Sueli também diz que hoje há vários segmentos com comportamentos de risco e que todo mundo sabe que "o HIV não é detectado em exame simples". Confira a seguir a entrevista.

A senhora acredita que há uma contradição quando o Ministério da Saúde diz que não há mais grupos de risco e sim comportamentos de risco e, ao mesmo tempo, não permite que HSH (Homens que sexo com homens) que tiveram relações sexuais não doem sangue no período de um ano?

É um ato preconceituoso e discriminatório. Na verdade, se o país hoje enfrenta uma demanda diária de mais de mil e quinhentas bolsas de sangue e a gente acompanha através dos meios de comunicação as campanhas para convencimento dos cidadãos para doarem sangue, sabemos que a necessidade de manter os bancos de sangue abastecidos é permanente e a oferta é menor do que a procura. Portanto, não justifica a portaria da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). E o objetivo do projeto de lei é salvar vidas, e que seja respeitada a vida e a opção (sic) sexual do cidadão.

Há preconceito na doação de sangue por homossexuais?

As pesquisas mais recentes já dão conta que existe outros segmentos da sociedade de imodo gual de alto risco. O HIV não é detectado em exame simples e todos nós sabemos disso. Eu posso chegar lá e não declarar a minha opção sexual. É discriminatório em um país onde nós precisamos urgentemente trabalhar no sentido de melhorar a saúde, a qualidade de vida dos cidadãos... É inadmissível essa portaria da ANVISA proibir os homossexuais de doarem sangue.

Esse é um dos principais fatores para a defasagem de sangue?

Não diria pra você que a defasagem da oferta de sangue seja por conta disso. Acho que o apelo é forte para que as pessoas doem sangue, então se é para doar sangue, se é para realmente manter os bancos abastecidos, se o objetivo realmente é preservar a vida, eu não posso ter um ato dessa forma. Porque todo sangue que é colhido tem que se ver a vulnerabilidade dele. O sangue é avaliado. Então é discriminatório. Você imagina um cidadão de forma voluntária chegar ao local, com toda a boa vontade do mundo e de repente 'você não pode porque você tem essa opção sexual'.

A senhora acredita na aprovação do projeto?

Acredito na aprovação. Eu acredito na sensibilidade de homens e mulheres que foram para aquela casa de leis com o compromisso e responsabilidade de garantir os direitos de ir e vir dos cidadãos e garantir os direitos de uma população que realmente necessita de nós. Temos que estar sintonizados com ela.

Caso aprovado, o projeto tem algum plano para acompanhamento de aplicação dessa medida?

Como é um projeto e todas as pessoas tem acesso, e tem aqueles que acompanham, existe segmentos da sociedade, movimentos da sociedade civil que com toda a certeza estarão acompanhando. Cabe a nós legisladores apresentar o projeto, trabalhar na aprovação dele, mas o seu cumprimento já não cabe mais a mim. Lógico que, se eu tiver a oportunidade através do seu site, através dos meios de comunicação, eu vou pedir a população que nos ajude a fiscalizar.

Em 2007, a pesquisa de Programa Nacional de Combate ao HIV/Aids chamou a atenção para o grande aumento de infecção por HIV entre jovens héteros e homossexuais. Como a senhora observa isso?

Observo que mais uma vez essa medida é preconceituosa. Por que discriminar o homossexual se tantos outros segmentos da nossa sociedade são de igual forma grupos de risco?
Não me cabe dizer o motivo do aumento entre os jovens. Até porque acredito que a maior menção do HIV entre os jovens esteja entre os usuários de drogas, isso também é o que mais contribui com a violência do país, o que mais contribui para dizimar famílias e é também o que mais contribui para que nossos jovens fiquem em situação de vulnerabilidade.

É interessante a senhora tocar nisso, pois recentemente a Secretaria de Saúde de São Paulo divulgou uma pesquisa onde cerca de 93% dos entrevistados que não possuem parceiros fixos revelaram não usar camisinha por estarem sob o efeito de drogas e álcool.

Toda campanha é extremamente importante e positiva. Vai contribuir com ações positivas para melhorar a qualidade de vida. Tudo aquilo que vai contribuir para preservar a vida é importante que seja levantado esse apelo. Vimos um apelo forte que é a questão do sangue, temos cidadãos brasileiros a espera de sangue e de órgãos.

Na mesma pesquisa, 43% dos entrevistados revelaram não usar camisinha? Qual a sua opinião?

Ainda é preciso fortalecer essas campanhas. Já que temos doenças sexualmente transmissíveis , temos que conscientizar cada dia mais os nossos jovens da necessidade de eles se precaverem.

Mas deputada, campanhas temos aos montes, acredita que é necessário repensar essas campanhas?

É preciso repensar o tipo de campanha. Eu sou mãe de um jovem, eles de repente não param perto de uma televisão e ficam prestando atenção em campanhas. Acho que tem que se repensar mesmo, tem que fazer campanhas dentro das escolas...

... Os pais precisam falar mais sobre sexo com os filhos?

Existe um tabu, o diálogo é extremamente importante, ele norteia o cidadão na sociedade, no ambiente do trabalho. É você falar, ouvir, isso é importante demais, o poder do diálogo, da conversa, é extremamente positivo. É preciso que os pais tirem um tempo para dialogarem mais com os seus filhos. O mundo está extremamente necessitado de carinho, de afeto, de atenção. Precisamos desse tempo para os nossos filhos.

Bispo nigeriano pede ao parlamento anglicano prisão aos gays que se casam

Fonte:
Por Redação 23/3/2009 - 13:29


O bispo nigeriano Peter Akinola pediu ao Parlamento anglicano que impeça os casamentos entre homossexuais, e que puna com prisão quem ainda assim realizar o matrimônio.

De acordo com o jornal espanhol El País, em carta enviada aos parlamentares, Peter disse que o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo é "antibíblico, pouco natural, não rentável, incultural e antinigeriano".

Para o bispo, o casamento homossexual é "uma perversão, um desvio e uma aberração capaz de provocar o holocausto moral e social", do país. A ideia do bispo é propor cinco anos de prisão aos que realizarem a união, mesmo que seja uma cerimônia simbólica.

Segundo o El País, em fevereiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ojo Madueke, disse durante Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas que na Nigéria não havia nenhum homossexual, nenhuma lésbica e nenhum bissexual.

Antigays

A declaração de Akinola vem num momento em que a Nigéria debate um projeto apresentado à sua Assembleia que visa punir homossexuais que vivem juntos. No começo do mês, líderes religiosos chegaram a usar crianças em suas cruzadas antigays. Ekaette Ettang, da igreja Filhas de Sarah, distribuiu camisetas com os dizeres "casamento entre pessoas do mesmo sexo é anormal" para crianças vestirem.


E ele volta à carga..pra se retratar...mas, sabem, quando o emendo fica pior que o rasgo?




Vereador e médico Carlos José Gaspar pede retração ao jornal Diário da Região

Fonte:

http://www.ctvclic.com/cccss/index.html

Vereador pediu retratação devido matéria que deixou dúvidas sobre suas declarações a respeito dos travestis que atuam em avenida de Osasco. O vereador Carlos José Gaspar (PTdoB) utilizou a tribuna novamente, durante a sessão desta quinta feira, desta vez para pedir retratação quanto à informação de que ele havia chamado os homossexuais de doentes e dignos de dó.

Ele alegou que foi mal interpretado, pois não se referia a todos os homossexuais, mas apenas aos travestis que atuam nas avenidas dos Autonomistas e Dionísia Alves Barreto. Gaspar enfatizou que somente esse segmento, na avaliação dele, é doente.

“Não é só doença física, é doença mental também. Não é pelo fato de serem homossexuais, é pelo fato de estarem nesta situação”, destacou o vereador, referindo-se aos travestis. Ele emendou que não são todos os homossexuais que precisam de tratamento, pois eles não sofrem de nenhuma doença, já que a questão se trata de uma “opção sexual”.

O vereador enumerou os motivos pelos quais acredita que eles são doentes, ressaltando que “eles mutilam seus corpos” ao colocarem silicone que, muitas vezes, é feito de material clandestino. Depois, ele apontou que muitos trabalham à noite, no frio ou na chuva, e à mercê da pressão policial. Em seguida, falou sobre a viabilidade financeira dos programas. “Esses programas, com certeza, não resolvem os seus problemas financeiros. Eu nunca vi nenhum deles, com esse tipo de trabalho, ser bem-sucedido”, disse Gaspar.

Além disso, o vereador comentou que há exposição a doenças durante os programas, pela dispensa do uso de preservativos, a pedido de clientes, que pagariam em dobro, segundo Gaspar, para obter sexo sem camisinha.

Todos esses argumentos foram empregados para que o vereador se justificasse quanto à sentença de que sentia “dó” dos travestis. O motivo do sentimento seria o compadecimento que tem diante da “situação de sofrimento” dos travestis.

“Eu tenho certeza que esse pessoal sofre no dia-a-dia. Eu os imagino tendo que fazer compras, tendo que sair pela rua, tendo que passar no médico, o sofrimento que esse grupo apresenta”, alegou. “E eu falei que eu tenho dó deles porque não acho que eles trabalham com felicidade”, completou.

O vereador garantiu que, de acordo com seu ponto de vista, se fosse oferecida “uma opção de trabalho” para os travestis, eles aceitariam prontamente. “Esse pessoal apanha à noite do parceiro que não quer pagar, às vezes apanha da polícia, e, às vezes, tem droga envolvida e apanha porque não pagou. É só problema, é só sofrimento.

É só presença do demônio e ausência de Deus”, falou.

Ainda dentre os motivos que levam o vereador a sentir “dó” dos travestis, ele enfatizou a questão do uso de drogas. “Eles usam drogas e há um sofrimento tão grande pra eles fazerem isso [programas] que eles têm que estar fora de si para praticar [sexo], porque se eles estivessem em consciência normal, não fariam aquilo. Tem que ficar entorpecidos com medicamentos, com álcool, com drogas pra superar uma situação dessa”, disse.


Preocupação

Gaspar justificou o motivo que o levou a falar sobre esse assunto na sessão de terça-feira: quer que “a sociedade se comova com essa situação, com o sofrimento deles”. Ele ainda disse que a sua preocupação é “com esse grupo que pratica a homossexualidade como meio de ganhar dinheiro e que sofrem”. “Tive a coragem de trazer esse problema para essa Câmara”, alegou.

Também foi mencionado pelo vereador o sofrimento da população em ter que passar pelas avenidas citadas e ver a presença dos travestis. Como exemplo, ele argumentou que pais e avôs ficam inertes e sem saberem o que responder para seus filhos e netos quando são surpreendidos por essa situação e estão acompanhados das crianças.



Amigos

O que o vereador usou como argumento para ‘provar’ que, no discurso de terça-feira, não se referia a todos os homossexuais, foi dizer que possui “grandes pessoas amigas homossexuais”. Ele comentou que, em seu círculo próximo, tem contato com homossexuais que são médicos, pacientes, advogados e também vereadores. E disse ainda que possui “o maior carinho pelos homossexuais”, e que por isso não é homofóbico (PESSOAS QUE TEM AVERSÃO RADICAL À HOMOSSEXUAIS).



Visita

Por fim, Gaspar apelou para uma ação conjunta com a sociedade para solucionar o caso que apresentou, através de parcerias que tentem “arrumar alguma coisa que seja boa pra eles [travestis] e boa pra cidade”. Ele deixou um recado aos homossexuais: se houve “algum mal-entendido” quanto ao comentário proferido por ele na sessão de terça-feira, que seja desconsiderado. E fez um convite. “Deixo a mensagem a todos os grupos, homossexuais ou não, que tragam sugestões a essa Casa. Há necessidade do envolvimento do Poder Público com os interessados”, finalizou.



O apoio dos colegas vereadores

O médico utilizou a tribuna por cerca de 30 minutos para elucidar os comentários que fez na sessão ordinária anterior, e, para isso, contou com o tempo cedido por vários colegas vereadores, que fizeram apartes à sua dissertação.

A vereadora Ana Paula Rossi (PMDB) lembrou que mora na região citada por Gaspar e que sua rua é conhecida como a “rua dos Travestis”. “Eu não considero aquilo uma questão de opção sexual. Não é esse o problema. É uma questão de saúde pública, de segurança pública”, afirmou. Ela, que tem levantado a bandeira do combate à pedofilia, disse já ter presenciado até crianças e jovens em um posto de gasolina desativado da área, onde ocorrem os programas com travestis.

Fábio Yamato (PSDC), por sua vez, disse que havia entendido, ao sair da sessão de terça-feira, que Gaspar tinha ofendido todos os homossexuais, e que depois reavaliou essa interpretação. “Num primeiro momento, considerei, de fato, que o senhor estava generalizando”, disse para o médico. “Infelizmente pareceu uma generalização e, depois, pensando bem, talvez não tenha sido nesse sentido. Mas eu acho que cabe o esclarecimento”, avaliou. Yamato destacou a sua defesa, durante o último mandato, da realização da 1º Parada Gay do município.

O tom mais fervoroso foi o de Rubens Bastos (PT), que disse que entendeu claramente o discurso de terça-feira do colega Gaspar e que a repercussão dada ao fato não merecia tamanha desenvoltura. Mas emendou que achava importante o debate. “Como evangélico, tenho meus princípios. Não concordo com a prática, embora respeite. Evidentemente, cada um faz da sua vida o que quiser, sempre deixei isso claro”, disse. Bastos afirmou ainda que achou a utilização da palavra “homofóbico” muito pesada para o noticiamento do fato.

Já Rogério Lins (PR), que foi o último do grupo a falar, demonstrou acreditar na versão da interpretação equivocada. “Mantenho minha opinião, acho que foi um mal-entendido, que o senhor está tendo a oportunidade de esclarecer aqui”, foi o que disse.

SP: vereador de Osasco diz que gays são doentes e dignos de dó

» 27/03/2009 - 12:11

Veja o vídeo:







Fonte:
http://www.universomix.info/wp/politica/27-03-2009/6905/

Com informações do WebDiário: apesar do crescimento das campanhas e ações pelo combate ao preconceito contra os homossexuais, o vereador de Osasco (na grande São Paulo) Carlos José Gaspar (PTdoB, foto), durante a sessão da última terça-feira, dia 24 de março, investiu-se de postura homofóbica e utilizou a tribuna para criticar os homossexuais, chamando-os de doentes.

“É terrível demais, é deprimente. A gente até respeita, mas na verdade o sentimento é de dó, porque boa parte daquela situação é doença. São pessoas doentes, pois pessoas que nascem com um sexo ou com outro, e pensam de outra maneira, precisam de tratamento”.

Gaspar chegou a se dirigir ao presidente da Casa, o vereador Osvaldo Vergínio (PR), para perguntar “como é que se acaba com isso? Qualquer dia desses o senhor precisa me dar uma aula de como acabar com isso”, disse.

As acusações proferidas abriram o tempo de fala do vereador durante a sessão. Ele iniciou os comentários reclamando de travestis e garotos de programa que atuam nas avenidas Dionísia Alves Barreto e dos Autonomistas, e chamando-os apenas de “homossexuais”, sem fazer distinção. Depois, o vereador Gaspar estendeu as suas acusações a todos os homossexuais, de forma generalizada.

Travesti de 31 anos morre ao injetar silicone industrial

Por Redação 30/3/2009 - 16:55
Fonte:

Morreu ontem, na cidade de Campinas, uma travesti de 31 anos, após injetar silicone industrial no próprio corpo. As informações são do portal G1.

Segundo o Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, a travesti Érica Pinheiro, nascida José Raimundo Bezerra Pinheiro, passou mal após aplicar o silicone nas nádegas na última segunda-feira (23/03).

Ao chegar ao hospital, em estado clínico grave e com sintomas de uma infecção generalizada (febre alta, falta de ar e sangramento gástrico muito intenso), Érica não resistiu às complicações e faleceu.

O silicone industrial é utilizado para limpeza de carros e impermeabilização de azulejos. O produto é injetado de forma ilegall por profissionais conhecidas como bombadeiras. O custo também é mais barato que os utilizados por médicos em cirurgias plásticas.

A Adolescência Eterna

Fonte:
http://gonline.uol.com.br/site/arquivos/estatico/gnews/gnews_papocabeca_24.htm

Por Klecius Borges
29.09.04

Uma das características da sociedade ocidental, pós-moderna e globalizada, na qual vivemos, é um certo prolongamento da adolescência.

Muitos adolescentes de hoje, assustados, por um lado, com a enorme competitividade do mercado de trabalho e estimulados por outro, por uma cultura individualista, voltada para o prazer e para a satisfação imediata dos desejos de consumo, tendem a adiar sua entrada no mundo adulto.

A psicanalista Maria Rita Kehl, no último programa, Café Filosófico, transmitido pela TV Cultura, ao tratar do tema das drogas, observou que as duas principais portas de entrada disponíveis para os jovens do nosso tempo são o shopping center e as drogas. Como contraponto a essas possibilidades limitadas, a psicanalista lembrou o papel importante que atividades culturais, criativas, sociais e políticas, desenvolvidas em grupo, têm para uma iniciação menos alienada e solitária.

Ao vê-la falar, não pude deixar de pensar no adolescente gay. Embora o processo seja substancialmente o mesmo, creio que para o jovem homossexual, as dificuldades tendem a ser maiores.

De uma forma geral, os gays fazem essa transição para o mundo adulto, escondendo um dos pilares de sua identidade, a sexualidade. Enquanto os jovens heterossexuais exercem com relativa liberdade seu direito à experimentação e à exploração de suas possibilidades afetivo-sexuais , os gays são obrigados a disfarçar e a dissimular seus desejos e anseios, e, muito freqüentemente, a mentir sobre aspectos essenciais de sua vida.

Se considerarmos o caráter grupal do qual se reveste a experiência adolescente e o papel fundamental que a aceitação pelo grupo de referência tem na formação da auto-estima e na consolidação da auto-imagem, podemos entender os sentimentos recorrentes de solidão e abandono de que se queixa a maioria dos gays.

Se para o adolescente heterossexual, as alternativas são hoje tão limitadas, o quer dizer das oferecidas aos homossexuais? Onde estão os grupos de apoio nas escolas, os grêmios com comitês de diversidade, as equipes esportivas inclusivas, os centros de convivência comunitários etc.?

Abandonados à própria sorte e compelidos a se confinar em ambientes fechados e isolados (os chamados guetos), muitos gays acabam construindo sua identidade adulta baseada fortemente na sexualidade e apoiada na invisibilidade social. Esses ambientes, quase sempre mediados por álcool e drogas, favorecem o hedonismo e estimulam o consumo desenfreado dos bens “de imagem” (roupas e objetos de desejo, hábitos, juventude etc.). Uma espécie de ilha da fantasia, na qual a moeda de troca é o prazer e a satisfação das necessidades narcisísticas.

Jovens heterossexuais também vivem de forma muito semelhante essa cultura do prazer a qualquer preço. Também são estimulados pela sociedade de consumo a viver intensamente, a gozar ao máximo e a adiar as responsabilidades do mundo adulto. A diferença é que mais cedo ou mais tarde serão chamados a cumprir alguns dos papéis que a sociedade heterocentrada lhes reserva. Entre eles, os de chefe de família e cidadão de respeito.

Já dos gays não se espera “muito”. Apenas que se transformem em héteros e assumam os papéis sociais apropriados, ou então, que continuem invisíveis. A não ser em ocasiões especiais e em lugares específicos, perpetuando assim a caricatura (alegre e trágica) no imaginário popular.

Muitos gays internalizam essas expectativas e permanecem eternos adolescentes. Escondidos, infelizes, mas se divertindo muito, entre uma balada e outra; mascarando suas dores com uma nova conquista sexual ou com a droga da hora; e sobretudo, fingindo que os anos não passam.


Klecius Borges é psicólogo (CRP 06/6283) e atua em terapia afirmativa
terapiafirmativa@uol.com.br

A depressão nos homossexuais: o peso da homofobia




Fonte:




por Klecius Borges

Um dos sintomas mais freqüentes apresentados por pacientes homossexuais que buscam terapia é a depressão. Em diferentes graus e formas de manifestação, sentimentos de menos valia, desânimo e falta de apetite pela vida estão habitualmente presentes nas queixas desses pacientes.

Ainda que não haja diferenças estatísticas significativas na prevalência da depressão entre hétero e homossexuais, estudos clínicos demonstram haver algumas especificidades na gênese do quadro depressivo entre homossexuais.

Considerando-se que as causas conhecidas da depressão envolvem fatores biológicos, psicológicos e ambientais, o que se tem notado, como observam os psicólogos americanos Marny Hall e Kimeron Hardin, especializados no tratamento da depressão em homossexuais, é que no caso dos homossexuais o fator ambiental tende a desempenhar um papel desproporcional nessa equação.

Expostos a uma sociedade heterocentrada e homofóbica, desde cedo percebemos o estigma social vinculado a nossa orientação sexual e rapidamente desenvolvemos mecanismos internos de repressão e sublimação de nossos sentimentos. Ao mesmo tempo, como forma de evitar a rejeição de quem amamos e a discriminação social, aprendemos a disfarçar nossos impulsos, a controlar comportamentos e atitudes e a evitar quaisquer sinais que possam nos comprometer. Como resultado desse processo interno e externo, acabamos prejudicando seriamente nossa auto-estima e nos tornando defensivos, introspectivos e distantes emocionalmente.

É comum na adolescência, quando esses conflitos normalmente se acirram, o aprofundamento de sentimentos de solidão e desespero e o surgimento de fantasias (e até mesmo tentativas) de suicídio. É nessa fase também que muitos passam a consumir álcool e drogas como forma de aliviar o sofrimento.

Durante a vida adulta, pressões familiares, sociais e profissionais continuam a exercer um papel importante em nosso bem-estar psíquico e emocional e, dependendo do nosso grau de auto-aceitação e de visibilidade social, passam a ser fator determinante na manifestação ou na recorrência da depressão.

Assim, desencadeada inicialmente pela homofobia real e depois internalizada, a depressão em homossexuais adquire também dimensões biológicas e psicológicas, e seu tratamento psicológico requer atenção especial nessa dinâmica de desenvolvimento. De acordo com Marny Hall e Kimeron Hardin, são dois os estágios desse tratamento (ao qual muitas vezes deve-se associar o uso de medicamentos).

No primeiro estágio, o terapeuta ajuda o paciente a compreender que papel a homofobia a que foi exposto, principalmente em seus anos iniciais de vida, desempenha no desenvolvimento da depressão. Isso é feito por meio de uma investigação cuidadosa de sua história de vida, com atenção especial aos eventos marcantes da infância e da adolescência.

No segundo estágio, procura-se desenvolver estratégias que auxiliem o paciente a evitar padrões de comportamento antigos de autocensura e autodepreciação e a instalar novos padrões, mais positivos. Estratégias bem-sucedidas envolvem com freqüência o estabelecimento de alianças e de vínculos emocionais e afetivos com outros homossexuais e também a ampliação da rede de suporte pessoal.

Entender, portanto, essa dinâmica complexa, perceber os efeitos que ela causa em nosso bem-estar e aceitar a necessidade de transformá-la pode ser o caminho mais sólido para erradicarmos a depressão de nossa vida.

Texto publicado no site G Online
Seção Saindo do Armário
em 2003

segunda-feira, 30 de março de 2009

Assim na net como na vida



Fonte:

http://www.kleciusborges.com.br/

Por Klecius Borges

Psicólogo, CRP 06/06283-0, atua em Terapia Afirmativa
para gays e lésbicas.

Aos adolescentes, gays ou héteros, duas grandes tarefas de ordem psíquica são colocadas como parte do desenvolvimento de sua identidade: a de identificar alguma vocação que venha a se tornar no futuro uma profissão, e a de definir um padrão afetivo/sexual com o qual irão mais tarde se vincular amorosa e sexualmente.

Enquanto a primeira dessas tarefas é muito parecida para ambos, a segunda possui desdobramentos específicos. Se para o adolescente hétero, ela tende a ocorrer de uma forma mais ou menos previsível e sob a tutela familiar e social, para os gays, o caminho costuma ser bem mais tortuoso. Sem mapas muito claros e, via de regra, sem modelos familiares ou qualquer espécie de suporte social, o jeito é descobrir maneiras mais criativas, e de preferência, menos visíveis de se auto explorar.

Para isso, nada melhor, mais prático e mais eficiente do que a internet. A rede oferece ao adolescente gay, quase de graça e com riscos mínimos, a possibilidade de descobrir não apenas quem ele é, mas também do que ele gosta, sem precisar sair do seu espaço de segurança e se aventurar pelos perigos de um mundo intolerante com o diferente. Ela, ao mesmo tempo, valida e molda o seu desejo, atende e amplia seus anseios de contato com o outro, satisfaz e define suas necessidades afetivas/sexuais.

O novo adolescente gay é antes de tudo, um ser da internet. Ele pensa, deseja, sente e age a partir da polaridade real/virtual. Move-se continua e seguidamente entre esses dois pólos, definindo no equilíbrio entre eles, o seu potencial de realização e de satisfação. Se o virtual, por um lado, estimula a fantasia e a criatividade a ela associada, o real, por outro, estabelece os limites do possível e aponta na concretude da experiência, o limiar de frustração.

Se assumindo em sites, chats e blogs, namorando e/ou fazendo sexo via MSN e webcam, ou simplesmente se conectando ao planeta gay, esses adolescentes não estão mais sozinhos e isolados de sua gente, como estiveram tantos outros de gerações passadas. O novo adolescente gay está plugado na net e através dela ligado na vida. Uma vida que apenas se insinua, mas que se abre numa rede infinita de possibilidades.


domingo, 29 de março de 2009

Mar de ressentimentos

25.03.09
Por Klecius Borges
Fonte:



Desde o nosso primeiro encontro, Luca (nome fictício) insiste na tese de que há algo de muito errado com ele. Aos trinta e poucos anos se encontra desempregado, com uma vida social empobrecida e sem nenhum amor em vista. Sua única distração é uma atividade sexual compulsiva e de alto risco, vivida com muita culpa e permeada por sentimentos profundos de auto-desprezo.

Terceiro e último filho de uma família de classe média, Luca cresceu acreditando não ser amado ou admirado por sua mãe, cuja vida se resumia, segundo ele, a lidar com as enormes dificuldades de um casamento infeliz e um marido alcoólatra. Sua relação com o pai era não apenas distante, mas também de grande animosidade. Relata ter se sentido abusado emocionalmente por todo o período da infância e adolescência, tanto pelos pais que o criticavam constantemente, quanto pelos colegas da escola e os amigos do bairro. Suas lembranças mais vívidas são carregadas de sentimentos de inadequação e de humilhação.

Uma vez formado, Luca decidiu tentar a vida fora dos domínios familiares. Já na cidade grande, assumiu-se como homossexual e passou a freqüentar o chamado meio gay, com uma clara preferência por ambientes mais “barra-pesada” e se engajando em atividades sexuais que o colocavam em situações com algum risco de ser flagrado (lugares públicos) ou mesmo de sofrer algum dano físico ou psicológico. Como parte dessas práticas que foram com o tempo se tornando mais freqüentes e mais perigosas, Luca passou também a consumir drogas e a se envolver socialmente com grupos marginais. Nunca namorou firme ou sentiu-se verdadeiramente amado por alguém.

Quando chegou para a terapia, Luca já se encontrava numa espiral descendente abrupta. Em vias de perder o emprego, o que de fato aconteceu alguns meses mais tarde, com um diagnóstico de HIV, distante da família, sem amigos e sem controle sobre sua vida sexual compulsiva e uso de drogas, ele não via nenhuma saída. Sem uma consciência clara a respeito de seu papel na confecção da trama de sua vida, e completamente identificado com o papel de vitima, só conseguia culpar seus pais e a sociedade homofóbica pela situação na qual chegara. O sexo e as drogas eram, segundo ele, sua única válvula de escape, incapazes, porém de eliminar seus sentimentos negativos e seu estado psicológico depressivo. Gostaria de mudar de vida, desenvolver uma nova carreira profissional, ter amigos e um namorado, mas se sentia absolutamente incapaz de ativar em si próprio a energia necessária a essa empreitada.

Luca apresenta um padrão psicológico fortemente ancorado no ressentimento e na mágoa. Tendo como origem os sentimentos de rejeição e de exclusão, esse padrão consome grande parte da energia psíquica que deveria estar disponível para que ele pudesse realizar as mudanças que tanto deseja. Como isso não é possível, permanece aprisionado a um estado de impotência existencial, responsabilizando os outros por sua infelicidade crônica. Suas práticas sexuais compulsivas e perigosas, ao invés de fornecer o alívio esperado, apenas atualizam as experiências de abuso e humilhação do passado.

Embora esse padrão possa ser encontrado em pacientes de ambos os sexos e com diferentes orientações sexuais, ele tende a ser recorrente na clínica homossexual. Pacientes gays freqüentemente relatam a experiência de terem sido rejeitados ou sofrido abusos de ordem física, emocional e até mesmo sexual, tanto na infância quanto na adolescência. Para alguns desses indivíduos, essas vivências de rejeição, de exclusão e de abuso podem danificar de tal forma o tecido psíquico em formação a ponto de torná-los totalmente incapazes para um relacionamento amoroso saudável e simétrico. Passam então suas vidas ressentidos, repetindo inconscientemente situações de abuso e alimentando secretamente desejos de vingança. A fantasia de vingança é para eles a única possibilidade de redenção imaginada, já que não conseguem se libertar do passado, se transformar e se re-inventar como adultos responsáveis por suas escolhas.

Para Luca, assim como para muitos outros tragicamente acorrentados a esse padrão, a saída psicológica só será possível por meio da mobilização da energia psíquica criativa e potencialmente transformadora que se encontra estagnada e submersa no mar de ressentimentos no qual ele flutua a deriva. Se tiver a coragem e a determinação necessárias para mergulhar nessas águas profundas e enfrentar seus monstros mais temidos, ele poderá com toda certeza descobrir os tesouros e ativar os recursos de que tanto necessita para reparar a ferida e poder finalmente olhar para frente.

Klecius Borges é Psicólogo (CRP 06/6283) e atua em terapia afirmativa
terapiafirmativa@uol.com.br

sábado, 28 de março de 2009

A pior violência é o preconceito.

Depoimento de homossexuais e familiares sobre o preconceito, parte do documentário "História de todos nós", do Ministério da Saúde.

Documento Especial - Violência contra Gays eTurismo Sexual em Recife

Violência contra Gays (1990) - BR

A equipe do Documento Especial mostra como o preconceito contra os homossexuais se transforma em violência física. Como ponto de partida, o programa relembra o assassinato brutal de Luís Antônio Martinez Corrêa, que entrou para a lista de uma série de crimes cometidos contra gays.


sexta-feira, 27 de março de 2009

O QUE VOCÊ SABE SOBRE HOMOFOBIA DO ESTADO NO MUNDO?

Disponibilizo nesta postagem o link do relatório publicado pela associação Ilga, de Portugal, no ano de 2007, no qual consta todo um panorama de como a questão da homossexualidade é tratada no mundo. ( o moderador)

http://www.ilga.org/statehomophobia/Homofobia_do_Estado_ILGA_07.pdf

direitos LGBT no mundo ( imagem no formato jpg):

http://www.uvanavulva.com.br/blog/wp-content/uploads/2008/04/mapamundi_direitos_lgbti.jpg

abaixo um fragmento desse relatório ( formato do documento: pdf):
"Homofobia é o medo, a aversão ou a discriminação contra a homossexualidade ou os
homossexuais É também o ódio , a hostilidade ou a reprovação dos
homossexuais.

A vasta coleção de leis citadas no presente relatório se constitui numa tentativa de revelar a extensão da homofobia do Estado no mundo. Em 2007, 85 estados membros das Nações Unidas ainda criminalizam as relações sexuais consensuais entre adultos do mesmo sexo, oficializando, desta forma, a cultura do ódio.Com esta publicação, pretendemos chamar a atenção para esta realidade, cuja extensão permanece ignorada pela maioria das pessoas.

Embora muitos dos países citados no relatório não implementem essas leis de forma sistemática, a sua simples existência reforça a cultura de que uma parcela significativa da população precisa se esconder dos demais por medo. A cultura de que o ódio e a violência são justificados pelo Estado, forçando as pessoas à invisibilidade ou à negação de si mesmas.

Quer sejam importadas de impérios coloniais ou resultantes de leis culturalmente moldadas por crenças religiosas, quando não derivadas diretamente de interpretações conservadoras de textos religiosos, as leis homofóbicas são fruto de uma época e contexto histórico específicos.

A homofobia não é inata; é cultural. Nós a aprendemos enquanto crescemos.
Em muitos casos, “ o preconceito contra homossexuais“ é o resultado da ignorância e do medo. Este extenso catálogo de horrores é apenas o relato da intolerância ao que é estranho e diferente.

Neste 17 de maio, Dia Internacional de Combate à Homofobia, aproveitamos para exaltar o trabalho dos incansáveis defensores dos direitos humanos que lutam contra a injustiça e desafiam a homofobia,a lesbofobia e transfobia que nos cercam. Urge, mais do que nunca, descriminalizar as relações homossexuais. A luta pelo respeito a todas as minorias deve ser de todos. Acreditamos que o reconhecimento das minorias sexuais como componentes de nossas sociedades a bem como da IGUALDADE dos seus direitos humanos pode contribuir para o aprendizado da convivência, vale dizer, para o aprendizado da democracia.

Rosanna Flamer Caldera e Philipp Braun
Co-secretários gerais da ILGA, Associação Internacional de Gays e Lésbicas


A Associação Internacional de Gays e Lésbicas - /ILGA é uma rede internacional de grupos locais de gays e lésbicas dedicados a ALCANÇAR direitos iguais para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros em todo o mundo.
Fundada em 1978, ela congrega atualmente mais de 500 organizações-membro. Estão representados todos os continentes e cerca de 90 países. A ILGA é, atualmente, a única federação não-governamental de âmbito internacional dedicadaao combate à discriminação
com base na orientação sexual, como uma questão global."


DILATANDO AS FRONTEIRAS DE NOSSA MORAL SEXUAL

Fonte:

http://www.uvanavulva.com.br/

A questão homossexual nunca foi tão discutida como vem sendo nos últimos anos. Por um lado, a pós-modernidade transformou o que se considerava a realidade única, a verdade científica numa colcha de retalhos onde a diversidade pode ter lugar. Nesta mescla entre o inovador e o tradicional, atravessamos um tempo de incertezas e momentos de maior ou menor rigidez nos padrões socialmente aceitos. Por outro lado, o advento da AIDS e sua associação, no início da epidemia às atividades homossexuais, trouxe luz aos debates sobre o tema.

Uma das questões mais polêmicas é a que opõe os conceitos de “opção sexual” (ou preferência) a “orientação sexual”. Tal oposição traz à baila a velha discussão entre Natureza e Cultura. De um lado a crença de que alguém nasce homossexual, determinado pela genética ou algo similar, sem poder escolher. De outro lado a crença de que ser homossexual é uma opção, que é possível escolher e assim as pessoas escolheriam relacionar-se com outras do mesmo sexo.

Parece ser consenso para a população em geral que o fato de não ser uma escolha confere legitimidade à homossexualidade. Aqueles que falam a favor dela alegam que não é possível escolher. Assim sendo, ser homossexual eqüivaleria a ser canhoto. Já aqueles que falam contra a homossexualidade afirmam que é uma escolha.

Na esteira deste grupo, surgem os tratamentos para conversão tanto de cunho religioso como de cunho “técnico”. Estes podem ser de toda sorte, destacando-se os psiquiátricos e os psicológicos, apesar de resolução do Conselho Federal de Psicologia de março de 1999 que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.

Vera Wisman faz algumas objeções a esta discussão. A mais poderosa delas é a seguinte: se a homossexualidade se legitima apenas através do fato dela não ser uma escolha, estaremos caindo na mais enganosa suposição de que seria desejável ou necessário mudar de lado. A diferença entre ser um doente, desviante e ser um pecador.

Gostaria de colocar aqui uma outra objeção a este tipo de legitimação: a oposição entre natureza e cultura é uma construção cultural. Com isso quero dizer que esta oposição é também ela uma invenção historicamente datada sendo portanto completamente arbitrária.

O historiador Jeffey Weeks afirma que a sexualidade tem base nas possibilidades do corpo mas o sentido e o peso que lhe atribuímos são modelados em situações sociais concretas. Assim, antes de pensar o corpo e a sexualidade como tendo atributos universais e invariáveis, devemos pensá-los como tendo sentido e significado próprios em cada sociedade em determinado momento.

Até meados do século 19 o relacionamento sexual entre pessoas do mesmo sexo era visto como uma atividade potencial para qualquer pessoa. Em 1869 o escritor austro-húngaro Karl Kertbeny usou pela primeira vez os termos “homossexual” e “heterossexual”, definindo o primeiro como tendo um “comportamento variante benigno” do segundo.

Com o passar do tempo, os termos foram sendo usados para distinguir o normal do anormal. No começo do século 20 estes termos já tinham significados opostos, de modo que hoje acreditamos que existem indivíduos heterossexuais e homossexuais sendo que aqueles que não se encaixam muito bem a estes padrões são chamados de bissexuais.

O mais complicado disso tudo é que tal divisão não é observada em todas as culturas humanas e ela só existe há pouco mais de 130 anos!!

As pesquisas e escritos dos últimos 50 anos nos permitem afirmar que em se tratando de sexualidade existe tanta variabilidade e possibilidade quanto existem pessoas, ou seja, cada indivíduo faz sua própria construção mediada por sua história pessoal, suas experiências, o contexto mais amplo onde vive e o momento histórico e social.

Hoje em dia o termo “família” abrange um grande número de arranjos. A tradicional família burguesa que, desde sua invenção, reinou absoluta até meados dos anos 50 composta por pai, mãe e filhos está cada vez mais difícil de ser encontrada. Em seu grande guarda-chuva, o termo hoje engloba pais com filhos e mães com filhos, que podem ser solteiros, viúvos, separados que podem se recasar e incluir filhos de novos companheiros etc. Nesta esteira, as auto denominadas “famílias alternativas” começam a ocupar espaço e colocar em cheque a opinião pública.

Acredito que o adjetivo “alternativas” não seja adequado para definir estas famílias. Elas são formadas como qualquer família: por pessoas sozinhas ou casais com crianças adotadas, filhas de um relacionamento anterior de um dos cônjuges ou em parceria com um amigo ou amiga ou mesmo fruto de inseminação artificial.

O maior conflito que tenho assistido assolar estas famílias refere-se a “como” contar aos filhos sobre ser homossexual. Muitos pais são felizes afetivamente, lidam abertamente com a questão em seus relacionamentos sociais mas têm dificuldades quanto a falar com os filhos. É curioso notar que o temor vai desde “não ser aceito” pela criança até o preconceito que ela irá sofrer nas relações sociais.

Em que pese a maior aceitação social dos homossexuais, as famílias por eles constituídas ainda sofrem com as grandes limitações a elas impostas. Há anos tramita no Congresso Nacional a Lei de Parceria Civil entre pessoas do mesmo sexo, de autoria da então Deputada Marta Suplicy, enquanto inúmeras pessoas que perdem o/a companheiro/a são obrigadas a lutar na justiça pelo patrimônio construído pelo casal.

Outro preconceito extremamente arraigado é quanto a crianças nestas famílias. Os críticos alegam que os filhos ficarão confusos quanto a “quem é o pai, quem é a mãe” e “como isto certamente lhes trará prejuízos”. O que dizer sobre as famílias constituídas por um pai gay e um filho? Toda a sorte de fantasias perversas assola os mais conservadores! E o pior de tudo: como lidar com uma família onde o filho é fruto de uma relação sexual negociada onde uma das parceiras de um casal lésbico se relaciona com fins procriativos com um amigo gay ou vice-versa? “Pobrezinha da criança”, dizem eles!

No entanto, não é isto o que se vem observando. É claro que qualquer destas hipóteses pode vir a se tornar uma situação problema. Casais heterossexuais socialmente adaptados geram filhos com graves problemas das mais diversas gamas. No entanto afirmar que a priori estas crianças serão problemáticas ou enfrentarão problemas em seu desenvolvimento é uma afirmação que tem bases profundamente homofóbicas.

Neste aspecto, tomo emprestadas as palavras de Jurandir Freire Costa: “a geração ‘papai-mamãe’ criou o nazismo, o terror stalinista, os preconceitos sexuais, a inferioridade feminina, o racismo e outras pérolas humanas conhecidas de todos. Não creio que dilatando as fronteiras de nossa moral sexual, para incluirmos práticas amorosas não-majoritárias, venhamos a perder o sentido do que é ético e do que é bom para as futuras gerações”.

Quanto aos críticos, resta-nos evocar o psiquiatra e antropólogo Adalberto Barreto: “Só reconheço no outro aquilo que conheço em mim”.

Uma das saídas que estas famílias têm encontrado é a constituição de grupos organizados para discussão e reforço de suas identidades. A perspectiva de uma organização social lésbica e gay abre cada vez mais a possibilidade de escolha de um modo de vida, dando às pessoas a chance de viver intensamente suas necessidades e desejos. Além disso, a organização social propicia uma sensação de segurança, de reforço da auto-estima e de maior contato com os próprios sentimentos.

Alguns casos de grande repercussão na mídia têm ajudado a desmistificar estes grupos. Entre eles o de Maria Eugênia e Chicão, filho de Cássia Eller, pode ser citado como exemplo.

Uma questão de extrema importância neste contexto surge quando, como profissionais, no consultório ou na instituição, recebemos uma dita “família alternativa”. Muitos profissionais, e isto é inegável, ainda não estão confortáveis para lidar com tal situação.

Para compreendermos a sexualidade em toda a sua complexidade é necessário deixar de reduzi-la a categorias que encerram “grandes verdades”. A antropóloga Carole Vance nos faz a pergunta: “Homossexualidade, que homossexualidade?” Aquilo que é óbvio precisa parecer óbvio. Categorias não são suficientes para dar conta das complexas relações humanas e é necessário conhecê-las a fundo para que pessoas que amam pessoas do mesmo sexo possam ter reconhecimento cultural, aceitação social, e proteção legal numa sociedade mais justa, tolerante com as diferenças e igualitária.

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Casais e famílias homossexuais: o desafio pós-moderno

Texto de Sandra Regina Pessoa de Meneses,
psicóloga, terapeuta individual, de casal e de família
CRP 06/35901-3

quarta-feira, 25 de março de 2009

Paz Sem Voz



Sua divulgação é datada de 29 de setembro de 2007.

"Documentário contra o preconceito sexual.
É muito fácil julgar as pessoas.. Principalmente pelo caminho que elas escolhem! Mas difícil mesmo é viver como elas vivem! Tendo vista de um modo diferente, cada um com seu cada qual, se vc não é homossexual tente ao menos respeitá-los assim como eles fazem com nós hetéros. Respeito é o que todo ser humano merece; independente de suas escolhas!

Documentário: 1° lugar na mostra cultural Edusesc.
Categoria: Preconceito Sexual.

Alice de Sá, Ana Carolina Ribeiro e Naiana Araujo. "

Contra o preconceito, a arma da denúncia

Fonte:

http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/clipping/
janeiro-2009/contra-o-preconceito-a-arma-da-denuncia/?searchterm=gays%202009


Zero Hora - 25 de janeiro de 2009.

Representantes de entidades ligadas ao movimento Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) não têm dúvida. Se assumir ou não a orientação sexual é um decisão pessoal, denunciar o preconceito deve ser um consenso. Para atender melhor esse segmento, o Ministério do Trabalho criou, em junho do ano passado, a Comissão de Igualdade de Oportunidades de Gênero, de Raça e Etnia, de Pessoas com Deficiências e de Combate à Discriminação, Presentes em todas as superintendências do trabalho dos 27 Estados, as comissões têm o objetivo de orientar as pessoas que se sentirem discriminadas.

– Antes, as denúncias eram feitas nas Delegacias do Trabalho nas quais, muitas vezes, o cidadão não se sentia à vontade. Agora, contarão com profissionais capacitados para ouvir as pessoas – diz Sérgio Sepulveda, presidente da comissão e assessor da Secretaria Executiva do ministério.

Ao contrário das delegacias, as comissões passam a ter um caráter não apenas punitivo como preventivo. Os formulários e relatórios também foram modificados.

– Poderemos ter dados estatísticos específicos desse público para, a partir daí, elaborar políticas mais eficazes – adianta Sepulveda.

As queixas podem ser feitas também na Procuradoria Regional do Trabalho, vinculada ao Ministério Público do Trabalho.

– Nós buscamos o ajustamento entre as partes e aplicamos medidas preventivas como campanhas de não-discriminação dentro da empresa acusada. São punições voltadas ao coletivo, pois entendemos que o dano moral atinge todos – explica Daniela de Morais do Monte Varandas, Procuradora Regional do Trabalho. – Mas o trabalhador que quiser receber indenização particular sobre os danos sofridos deve procurar um advogado.

Além disso, a procuradora orienta que as pessoas façam as denúncias de forma sigilosa e não anônima: – Quando a pessoa não se identifica, fica mais difícil de procurar provas. Vale lembrar que o sigilo da fonte é resguardado.

– Não dá para aceitar o assédio moral, e às vezes até físico, que deve ser combatido não só pela pessoa agredida como pelos gestores nas empresas – ressalta Jaques Jesus, mestre em psicologia social do trabalho.

segunda-feira, 23 de março de 2009

HEMOPI X PRECONCEITO ou SEGURANÇA - Programa Interferência (11 de dezembro de 2008)

Lembro que no ano passado essa questão dos homossexuais em alguns estados serem vetados de doar sangue nos hemocentros " rendeu" como se diz popularmente... mas até então não havia encontrado nenhuma referência a este vídeo que disponibilizo aqui neste blog, feito em minha cidade: Teresina - PI. ( o moderador).


" No século XXI, com todas as ações contra a homofobia e o preconceito por opção sexual, o HEMOPI de todo o Brasil está atendendo a uma determinação considerada preconceituosa (Gays, Bi, Travestis, Transexuais, Lésbicas são proibidos de doar sangue). Veja o que o médico Amado Moura Filho fala sobre essa determinação. "


CABO FREE para as lésbicas.

Lésbicas e muito mulheres

domingo, 22 de março de 2009

Brasil: Pesquisa nacional sobre comportamento sexual entre gays e HSH busca voluntários em Curitiba

Fonte:

http://criasnoticias.wordpress.com/2009/03/03/
brasil-pesquisa-nacional-sobre-comportamento-
sexual-entre-gays-e-hsh-busca-voluntarios-em-curitiba/

Uma pesquisa encomendada pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde está buscando em Curitiba gays e homens que fazem sexo com homens (HSH) interessados em participarem voluntariamente de uma pesquisa sobre comportamentos sexuais. Apoiada pela prefeitura de Curitiba e acompanhada pelos grupos Dignidade e Dom da Terra, a pesquisa tem o intuito de definir quais práticas cotidianas vem são responsáveis pelo aumento de novos infectados pelo vírus da Aids entre a população homossexual masculina no Brasil.

O estudo vem sendo promovido em outras 9 cidades para elaboração de dados nacionais sobre o assunto.

De acordo com a farmacêutica Lizângela Oliveira, coordenadora da pesquisa em Curitiba, para participar é importante que o voluntário tenha uma ampla rede social. Isso porque cada voluntário, chamado de semente, fica incumbido de convidar mais 3 pessoas.

Atualmente a pesquisa em Curitiba conta com 15 sementes, mas dessas, apenas 3 estão germinando, ou seja, rendendo contatos de novos voluntários. “O ideal seria contar com 5 sementes iniciais germinando com força”, diz Lizângela. Quem participar do estudo pode optar por realizar um teste rápido de HIV para conhecer seu estado sorológico.

Mais informações pelo (41) 3321-2803.
Irving Alves/mixbrasil - 02-03-2009

BURUNDI: Início tardio na prevenção de HIV entre homossexuais

Fonte:

http://www.plusnews.org/pt/Report.aspx?ReportId=81111

BUJUMBURA, 31 Outubro 2008 (PlusNews) - Quando Georges Kanuma, líder de um movimento pelos direitos dos homossexuais no Burundi, foi pela primeira vez a uma conferência sobre o HIV, em 2004, ficou surpreso ao descobrir que lubrificantes à base de água, e não de vaselina – que parte o látex do qual os preservativos são feitos – devem ser usados durante sexo anal para a prevenção de HIV e outras infecções transmissíveis sexualmente (ITSs).

“Eu nunca tinha ouvido falar nisso, e eu posso dizer que se eu não tinha ouvido falar nisso, então certamente a maioria dos homens que praticam sexo com homens [HSH] no Burundi também não sabia disso”, disse o presidente da Associação pelo Respeito e Direito dos Homossexuais (ARDHO, em francês). “Nós pensávamos que o HIV era um risco para os homens que têm relações sexuais com mulheres, não para homens gays.”

Kanuma visitou diversos centros de saúde e ONGs que trabalham na área relacionada ao HIV, mas nenhum deles possuía um estoque de lubrificantes à base de água. Algumas poucas farmácias tinham estoque, mas os preços eram proibitivos.

“Isso me alertou para o facto de que precisamos fazer alguma coisa; então a ARDHO começou a ir à procura de quem poderia ajudar-nos a fornecer o lubrificante, e quais ONGs poderiam prover mensagens de prevenção a pessoas seropositivas”, afirmou. “Muitas organizações não acreditaram em mim quando eu disse a eles que havia gays no Burundi.”

Ao contrário de muitos outros países da região, o código penal do Burundi não criminaliza o sexo entre homens, mas a constituição considera ilegal o casamento gay. Homossexuais burundianos ocasionalmente são vítimas de homofobia, entretanto, Kanuma afirmou que a maior parte dos burundianos não era ciente de que havia HSH na sua sociedade. A ARDHO existe desde 2003, mas, até o momento não conseguiu obter qualificação legal de ONG.

A Aliança Burundiana de Associações de Luta contra a SIDA, uma coalizão nacional de ONGs relacionadas ao HIV, concordou finalmente em auxiliar a ARDHO e ajudá-la a redigir propostas de financiamento de actividades de prevenção ao HIV.

“Em 2007, uma ONG, a Associação Nacional de Apoio aos Seropositivos (ANSS, em francês), concordou em nos apoiar. Eles conseguiram alguns lubrificantes e preservativos de doadores na França, então agora eles nos enviam e nós entregamos às pessoas da nossa comunidade”, explicou Kanuma.

As percepções locais sobre a homossexualidade faz com que a distribuição de lubrificantes e preservativos seja feita às escondidas, com muitas ligações telefónicas de homens homossexuais a pedir que os itens sejam despachados em envelopes lisos aos seus escritórios ou residências, por pessoas que não sejam associadas a ARDHO.


“Nós nunca perguntamos às pessoas sobre sua etnia ou religião antes de dar-lhes medicamentos ou outro auxílio relativo ao HIV, então, por que nós iríamos perguntar sobre sua sexualidade?” indagou Jeanne Gapiya, proeminente activista nacional contra o HIV e fundadora da ANSS. “O problema é que esta é uma comunidade escondida, e a sociedade nega a sua existência.”

No seu último plano estratégico nacional, o Conselho Nacional de Controlo da SIDA, CNLS, incluiu HSH na lista de pessoas vulneráveis ao HIV. “Nós temos a consciência de que eles são um grupo marginalizado; nós começamos a convidá-los para reuniões através de sua ONG, mas a dificuldade é que nós não sabemos quem é a maioria deles e como alcançá-los”, informou Jean Rirangira, secretário executivo interino da CNLS.

Kanuma comentou: “Não é um problema apenas para os homens gays, é um problema para a sociedade inteira. Eu conheço muitos homens casados [‘heterossexuais’] nessa cidade [a capital burundiana, Bujumbura] que têm relações sexuais com homens gays. As pessoas iriam surpreender-se”, afirmou.

“Silêncio também é algo que está a nos matar”, acrescentou. “Eu tinha um amigo que teve uma ITS por cerca de um ano – ele estava a automedicar-se até que eventualmente foi à ANSS e foi devidamente diagnosticado, então ele foi curado muito mais rapidamente.”

Kanuma escreve artigos para jornais e participa como convidado em estações privadas de rádio para aumentar a conscientização sobre HSH e HIV. “Durante cada um dos programas de rádio eu recebo ligações telefónicas de pessoas que têm perguntas e dou o endereço de correio electrónico da ARDHO”, disse ele. “Nós recebemos mais de 150 e-mails e muitos telefonemas, o que mostra que ainda há a necessidade de haver mais informação.”

A ARDHO está a elaborar brochuras com detalhes sobre todos os meios de transmissão de HIV, incluindo sexo entre homens, para a distribuição nos principais centros de saúde. A ANSS planeja enviar um médico para fora de Burundi para um treinamento especial em assuntos de saúde relacionados a HSH, de forma a fornecer melhores cuidados de saúde.

Embora o progresso seja lento, a ARDHO e seus parceiros não pretendem pressionar muito o governo, e preferem negociar a partir de uma plataforma de saúde pública antes de exigir igualdade sob a lei. “Precisamos ir com calma para não tornar ainda pior a situação dos gays no Burundi”, disse Kanuma.

A prevalência de HIV no Burundi está a decair desde o fim dos anos 1990, entretanto, muitos pontos de vigilância indicaram recentemente uma tendência crescente; em Maio, oficiais anunciaram que a infecção por HIV havia subido de 3,5 por cento em 2002 para 4,2 por cento em 2008.

Faculdade expulsa de moradia aluno acusado de espancar estudante gay

Fonte:

http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=7645&titulo=Faculdade%20expulsa%20de%20moradia%20aluno%
20acusado%20de%20espancar%20estudante%20gay

Por Marcelo Hailer 20/3/2009 - 14:53

Um aluno de engenharia acusado de ter agredido o estudante de Artes Visuais, Fernando Ferreira, de 22 anos, dentro da Moradia II (alojamento dos alunos) por conta de sua orientação sexual, será expulso do conjunto dos alunos, segundo informa a assessoria de imprensa da Universidade Federal de Minas Gerais.

Segundo a assessora, as medidas podem não parar por aí. "Na segunda-feira haverá uma reunião com o conselho da Universidade para discutir uma provável expulsão do aluno", comunicou a universidade. Por meio da assessoria, a vice-reitora Heloisa Starling, disse não admitir esse tipo situação no campus da faculdade.

Na reunião de segunda-feira também será aberta uma sindicância para apurar um provável descaso por parte da segurança do alojamento. Segundo a denúncia de Fernando Ferreira, os seguranças permaneceram omissos por um bom tempo e poderiam ter evitado parte da agressão.

O caso

Na madrugada de sexta para sábado (14/03) o estudante Fernando e sua amiga Adriana chegavam da rua. Quando ambos estavam próximos a entrada do Moradia II, Fernando foi surpreendido pelas costas pelo aluno V. S. e agredido com um chute.

Ao conversar com a reportagem do A Capa o estudante de Artes Visuais contou que na primeira agressão correu para dentro da Moradia II. "Pensei que lá dentro estaria mais seguro por conta dos seguranças, mas eles não fizeram nada", relata. A sua amiga tentou defendê-lo, porém também foi agredida pelo garoto e pela namorada dele com chutes nas costas. "Se os seguranças tivessem intervido antes, ela não teria apanhado", cobra o estudante.

Fernando revela que durante a briga o agressor o chamava de "bichinha" e "viadinho". Segundo o rapaz, após a segurança do alojamento apartar a briga o agressor disse à sua namorada que já tinha conseguido o que queria. V. ainda proferiu ameaças e gritos de ódio como "nojo aos homossexuais". A vítima disse à reportagem que V. já demonstrava sinais de intolerância ao apelidar o quarto de Fernando de "gaiola das loucas" e declara que lá dentro "só há viados".

O aluno ficou com alguns hematomas na perna e teve o seu lábio estourado. "Agora já estou melhor", conta. Na madrugada da agressão ele fez Boletim de Ocorrência e Exame de Corpo de Delito que será encaminhado em carta à Reitoria da Faculdade. Sobre as ameaças o aluno disse temer pela sua segurança, pois conta que o agressor é uma pessoa "muito violenta". Também relata que entre alunos de engenharia é comum brincadeiras preconceituosas. "Para você ter uma ideia eles promovem o 'trote gay', vão até o campus de humanas e ficam humilhando as pessoas".

Questionado se pretendem fazer um beijaço, a exemplo da USP, Fernando disse que existe a possibilidade, mas, que também pensa em chamar algumas amigas travestis, ir a uma festa do pessoal de engenharia e "ficar por lá e ver o que acontece". Fernando foi assessorado pelo Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (GUDDS) que encaminhou carta à diretoria do alojamento para expulsar o aluno agressor do Moradia II. O grupo também pediu a expulsão do aluno da instituição. Daniel Arruda, membro da entidade, disse que por enquanto o grupo deve esperar os resultados da ações constitucionais, para depois pensar em algum tipo de manifestação.

"A lei antidiscriminação é útil, necessária e não deve ser revogada", diz secretário da Justiça

Fonte:

http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=7643


Por Marcelo Hailer e William Magalhães 20/3/2009 - 14:01

Na terça-feira (17/03) foi lançada oficialmente a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual no Estado de São Paulo, espaço que funcionará no âmbito da Secretaria de Justiça. No ato, Antonio Marrey, secretário da justiça, declarou ter orgulho de fazer parte de tal mecanismo.

Em sua fala refletiu a cerca da existência da lei estadual 10.948, que pune administrativamente os atos homofóbicos em São Paulo. Segundo o secretário a lei precisa de "reajustes", porém, afirmou que esta medida pode abrir brecha para que alas conservadoras tentem revogar a lei anti-homofobia.

Na opinião de Marrey, os ajustes na lei seria em adequar as punições de acordo com o grau de discriminação sofrida pelo processante. Em uma rápida conversa concedida a reportagem do A Capa, ele disse que a lei é um importante instrumento e que, quando o governo e parlamentares sentirem um ambiente favorável à sua reformulação, ela pode ser complementada. No entanto, por hora o secretário afirma ser melhor não "correr o risco de ela piorar".

Questionado sobre o projeto de lei do deputado estadual Waldir Agnello (PTB), que visa revogar a lei 10.948/01, ele foi enfático ao afirmar que, caso ela seja aprovada em plenário o governador Serra não assina. Em suas palavras o governo (do Estado de São Paulo) é "favorável à defesa da diversidade e contrário a esse projeto". Confira a seguir entrevista na íntegra.


O senhor disse que é preciso aperfeiçoar a lei 10.948. Gostariamos de saber como e por quê?

A lei é um importante instrumento, mas ela poderia ter uma graduação nas punições. A existência de dois tipos de punição: advertência e a multa de R$ 14 mil reais a meu ver é insuficiente para abranger toda a gama de situações que são de gravidades variadas. Às vezes pode ser que uma pessoa tenha que receber uma punição e, se você impuser R$ 14 mil reais vai ser impossível de ela pagar, mas se puser R$ 500 seria uma punição que pesaria. Esta seria, a meu ver, a principal alternativa: ter uma gama maior de punições para que a comissão pudesse fazer a individualização da sanção proporcional a conduta a pessoa ou entidade/empresa.

Por que ao aperfeiçoar a lei pode se correr o risco de retroceder?

Há setores que poderiam querer revogar a lei. Portanto a discussão de um projeto de aperfeiçoamento embute riscos nessa dimensão. Mas, o dia em que nós encontrarmos uma situação que possibilite esse aperfeiçoamento sem riscos isso, certamente, poderia e deverá ser feito. Então, no momento em que não temos certeza é melhor ter a lei que existe do que correr o risco de ela piorar.

Há um projeto de lei do deputado estadual Waldir Agnello (PTB) que visa revogar a lei 10.948/01. Se por um acaso, ele for aprovado e chegar à mesa do governador Serra, ele assina?

Embora eu não tenha lido esse projeto, a nossa avaliação é que a lei é útil, necessária e não deve ser revogada. Portanto, a posição do governo (estadual de São Paulo) será contra essa revogação. Nós estamos aplicando a lei e defendemos o seu aperfeiçoamento, é lógico que somos contrários a esse projeto.

O senhor acredita na aprovação do PLC 122/06 - projeto que criminaliza a homofobia no país?

É uma questão a ser debatida na sociedade e que o congresso seja o reflexo dela. Toda forma de preconceito tem que ser repelida e nós temos de avançar na legislação para que seja esta seja firme e factível.

O senhor é a favor da lei?

Não conheço esse projeto, mas sou favorável a ideia de termos leis que puna preconceito.

HOMOFOBIA NA MORADIA UNIVERSITÁRIA II DA UFMG



O presente material foi divulgado no grupo do yahoo "Lista GLS". Responsável pela produção e divulgação do mesmo:

http://guddsmg.wordpress.com/


Na madrugada do último sábado, dia 14 de março de 2009, o estudante de Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fernando A. S. F., foi vítima de violenta agressão física e verbal, de cunho homofóbico, praticada às portas da Moradia Universitária II da UFMG, onde reside. Tal agressão prosseguiu dentro da Moradia, sob os olhares dos seguranças universitários, que demoraram a intervir na situação.


Na madrugada do último sábado, dia 14 de março de 2009, o estudante de Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fernando A. S. F., foi vítima de violenta agressão física e verbal, de cunho homofóbico, praticada às portas da Moradia Universitária II da UFMG, onde reside. Tal agressão prosseguiu dentro da Moradia, sob os olhares dos seguranças universitários, que demoraram a intervir na situação.

Na madrugada do dia 13 para o dia 14 de março de 2009 (sexta para sábado), o estudante Fernando e duas amigas retornaram de táxi para a Moradia Universitária II da UFMG, onde residem. Distante apenas três passos do portão de entrada, Fernando foi atingido nas pernas por um chute, desferido pelas costas por outro estudante da UFMG e também morador da Moradia II, que estava acompanhado de sua namorada. Ao virar-se, Fernando foi novamente atingido, agora com um soco em sua boca. Essa agressões físicas eram acompanhadas por insultos homofóbicos como “viado” e “bicha”. Tais agressões continuaram mesmo dentro dos portões da Moradia Universitária II da UFMG, sob os olhares de dois agentes da segurança que acompanhavam tudo desde o início. Diante da imobilidade dos seguranças, uma das amigas de Fernando tentou socorrê-lo, passando a ser também agredida: pela namorada do agressor que a agarrou pelos cabelos, e por ele próprio, que chutou suas costas. Apenas após a agressão à moça, os seguranças tomaram providências, segurando o estudante. Este, logo em seguida, deixou o local com sua namorada dizendo “vamos embora, já consegui o que eu queria” e proferindo mais ameaças. Além disso, nesse mesmo dia, o agressor fez declarações, a outros estudantes residentes na Moradia II, que demonstram sua rejeição a homossexuais, utilizando expressões como “nojo a homossexuais” e referindo-se de modo pejorativo ao apartamento no qual Fernando residia, chamando-o de “gaiola das loucas”, para dizer que lá só moram gays.

Ressaltamos que durante todo o momento em que as agressões físicas ocorriam, o estudante e sua namorada insultavam Fernando com dizeres de depreciação e ofensa relacionados à homossexualidade, caracterizando motivações homofóbicas dos agentes. Outras pessoas presenciaram tais acontecimentos e confirmam os fatos relatados, dispondo-se a prestar depoimento judicialmente.

Questionamos a (des)atenção dispensada pela UFMG na formação e instrução de seus profissionais de segurança, que assistiram e permitiram tamanha agressão homofóbica, intervindo apenas após a violência física ter se entendido a uma das moças presentes.

Compreendemos que a agressão ocorrida não atinge somente ao Fernando e sua amiga. Ela se estende àqueles e àquelas que não são heterossexuais e que são juntamente inferiorizados pela reafirmação da homossexualidade no lugar da escória social. A violência homofóbica atinge também toda comunidade acadêmica que convive, há anos, com o preconceito presente em nosso dia-a-dia e nos trotes de recepção aos calouros de alguns cursos. É esse mesmo preconceito, legitimado pela permissividade institucional existente quanto às suas manifestações mais sutis ou tidas como inofensivas (como os trotes homofóbicos), que se materializa nessa agressão absurda.

A Reitoria da UFMG recebeu essa denúncia formalizada pelo próprio estudante e pedidos de providências elaborados pelo GUDDS! e por outros órgãos dessa Universidade. Contudo, acreditamos que o apoio em massa da comunidade universitária, dos Movimentos Sociais e demais cidadãs/ãos é de essencial importância para que providências realmente eficazes sejam tomadas pela Administração Central da UFMG e pela Direção da Moradia Universitária II, no tocante a essa e outras manifestações homofóbicas, já que elas se repetem nos espaços dessa Universidade sem necessariamente ganharem visibilidade. É necessário que os fatos sejam apurados, e que ocorram medidas punitivas aos agressores e seus cúmplices.

Por todo o exposto, convocamos todas e todos a somar esforços na solicitação de providências por parte dos órgãos competentes, encaminhando manifestos de repúdio à violência sofrida pelo estudante Fernando, à postura da segurança universitária e a toda forma de homofobia, às seguintes autoridades na UFMG:

Profª. Rocksane de Carvalho Norton

Presidente da Fundação Universitária Mendes Pimentel – FUMP

(Fundação privada de apoio à UFMG responsável pelas Moradias Universitárias)

Tel: (31) 3213-7518 / (31) 3274-6591 / (31) 3213-7448

fump@fump.ufmg.br

Av. Afonso Pena, 867 - 20º e 21º andares - Centro

Belo Horizonte, MG / CEP: 30130-002

.....................................................................................................................................................................

Prof. Ronaldo Tadêu Pena

Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

Tel: (31) 3409-5000 / Fax: (31) 3409-4188

reitor@ufmg.br

Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha

Belo Horizonte, MG / CEP: 31270-901






Indignad@s,
Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual / GUDDS! guddsmg@gmail.com

sábado, 21 de março de 2009

Pelo fim do preconceito...nossa voz seja ouvida!



A humanidade já se mostrou capaz de superar grandes obstáculos, entretanto há um do qual apenas boa parte soube superar, por ser o mais mutante, que não raro persite latente, camuflado, a cada tempo escolhendo novas faces, novos focos: o preconceito. Caros visitantes, acaso se há algo que me move a manter este espaço ativo, não é por outra coisa: encaro que de minha parte seria uma ofensa a tantos outros que ou já sofreram agressão seja física ou moral, outros que viram as portas de seu trabalho se fecharem sem justificativa relavante, tudo por sua orientação sexual...a tantos que infelizmente já faleceram vítimas da intolerância, da homofobia.

Aos que estão em pé coube o dever de não calar, em nome dos que tombaram no caminho, por isso não quero ser omisso, e qui neste " espaço um tanto que tímido ainda" deste blog, propus a mim mesmo que não me calaria. as vezes me pergunto: será realmente tão difícil a um hoem reconhecer a humanidade digna de um outro, apenas porque ele é gay, ou porque uma mulher é lésbica? Nos transcendemos enquanto homens e mulheres de fato, as definições que muitos procuram defender a todo custo, como sendo por si só bastantes para englobar todo o sentido de nossa identidade. O que cremos, nosso afeto, nossa dignidade, nossos ideiais, tudo o mais que nos move não cabe em palavras pífias. Não somos os "gays", as "lésbicas" 24 horas por dia, cabemos dentro das definições de nossa sexualidade mais no que se refere ao modo como damos corpo ao nosso afeto, a nossa sexualidade, em nossa intimidade com nossos companheiros(as). Isso não quer dizer que vivemos para nso aceitar como apenas o "gay" a "lésbica", mas para todo dia revisitarmos a plenitude do que é ser homem e mulher na verdade dos direitos que temos como qualquer cidadão. (o moderador)

Meio minuto para morrer


O seguinte material fala sobre o assassinato do adestrador de cães Edson Neris da Silva, foi extraído do site da Revista Veja, o material consta na Edição 1 636 - 16/2/2000.


Fonte:
http://veja.abril.com.br/160200/p_112.html




na foto: O líder da gangue, Juliano, com o baiano José Nilson (ao fundo): "Os homossexuais não têm nada a ver com a gente, nem a gente com eles. Se eles estão por aí espalhando doenças, o problema é deles" [autoria da foto: Ricardo Benichio.]




Dezoito jovens da gangue Carecas do ABC são acusados de assassinar a pancadas homossexual em São Paulo

De repente, um deles gritou: "Sujou! Vamos embora". Os cerca de trinta rapazes e moças cumpriram a ordem. Menos um, o segurança Vanderlei Cardoso de Sá, de 33 anos. Em mais um acesso irracional de ódio, chutou a cabeça e pulou sobre o peito daquele corpo já exangue na Praça da República, em pleno centro da capital paulista. Depois dos golpes de misericórdia contra Edson Neris da Silva, Vanderlei juntou-se ao grupo. Todos partiram rindo. Em aproximadamente trinta segundos, cercaram, espancaram e mataram Edson na madrugada de domingo 6. As causas do óbito: hemorragia interna e fraturas múltiplas. A violência do ataque foi tão grande que, ao vestir o filho para o sepultamento, João Gabriel Raulino ouviu e sentiu o estalar dos ossos quebrados. Três horas depois da barbárie, 23 pessoas foram presas no bar Recanto dos Amigos, a menos de 2 quilômetros do local do crime. Dezoito foram reconhecidas como participantes do assassinato. Metidas em roupas pretas, calças camufladas e pesados coturnos, são integrantes da gangue Carecas do ABC, um movimento de jovens ultraconservadores.

Edson tinha 35 anos e trabalhava como adestrador de cães. Desde os 18, freqüentava a Igreja Mórmon. Foi casado por duas vezes e havia dez anos, segundo a cunhada Liliane Fraga, era portador do vírus da Aids. Na noite de sua morte, saiu de casa por volta de 8 horas. Às 11 e meia, ele telefonou para a família e avisou que dormiria fora. Edson estava com o amigo Dario Pereira Netto, de 34 anos, homossexual assumido. Eles haviam se conhecido dez dias antes e aquele era o segundo encontro dos dois. Quando cruzaram a Praça da República, reduto gay da cidade, Edson e Dario chamaram a atenção dos Carecas: estavam de mãos dadas. Foi o bastante para despertar a fúria da gangue. "Percebemos que os Carecas marchavam ostensivamente em nossa direção", contou Dario à polícia. "Gritei para meu amigo: 'Corre' e levei um chute pelas costas." Ele conseguiu escapar.

Os agressores foram presos sob a acusação de formação de quadrilha e de homicídio doloso. Dos dezoito, três tinham passagem pela polícia — dois por porte ilegal de arma e um por disparo de arma de fogo. Quatro estavam com as mãos marcadas pelo uso de soco-inglês, anéis de aço usados para potencializar os golpes. Atrás das grades, dizem que nem sequer passaram pela Praça da República naquela noite. "Estávamos no barzinho bebendo e, de repente, a polícia chegou", afirma Juliano Filipini Sabino, de 28 anos, apontado pelo delegado Jorge Carrasco como líder do grupo. Um dos presos, o barman desempregado Fernando Azadinho, de 19 anos, no entanto, afirmou à polícia que sabia da morte de Edson. Juliano garante que o movimento Carecas do ABC não é pautado pela violência e intolerância contra homossexuais. É mentira. Na semana passada, três deles foram reconhecidos por Marcos Daniel Braga, de 31 anos. Em 7 de fevereiro de 1999, ele foi espancado na mesma praça quando conversava com um amigo.

Os Carecas do ABC surgiram no início da década de 80, inspirados nos violentos Skinheads europeus e americanos. "Eles são uma versão tupiniquim dos neonazistas", define o sociólogo Tulio Kahn. "Mas não têm nenhuma consistência ideológica." Os Carecas dizem inspirar-se no integralismo de Plínio Salgado, cujas teorias tinham identificação com o fascismo italiano e o nazismo alemão. A maioria deles, no entanto, apenas repete bordões ouvidos de terceiros ou lidos em publicações populares. Os integrantes da gangue são jovens da classe média baixa. Trabalham, em geral, como office-boy, segurança e auxiliar de escritório. Diferentemente dos White Power, a corrente que levanta a bandeira da supremacia branca, os Carecas do ABC admitem negros e nordestinos no grupo. Abominam roqueiros cabeludos, estrangeiros e homossexuais. Têm como lema: "Deus, pátria e família".

Para a psicóloga Sueli Damergian, da Universidade de São Paulo, esses jovens precisam do grupo para se afirmar socialmente. "Quando entram para uma dessas gangues, eles deixam de ser um nada, e a sociedade passa a reconhecê-los, ainda que seja da pior forma possível, por causa do uso da violência", afirma. Nos últimos oito anos, a ação desses grupos resultou na morte de nove pessoas. Destas, cinco morreram porque eram gays ou negros. O número de óbitos pode parecer pequeno se considerada, por exemplo, a quantidade de homicídios cometidos em um único final de semana na capital paulista. "O que torna essas gangues potencialmente perigosas é que elas são herdeiras de um movimento que no passado exterminou 50 milhões de pessoas", explica o sociólogo Kahn. Os Carecas podem não ter estofo intelectual para ser apontados como representantes de qualquer corrente ideológica. Mas eles são baderneiros, violentos e estúpidos o suficiente para representar um perigo à solta.


Com reportagem de Eduardo Nunomura,
Fabio Schivartche e Gisela Sekeff