terça-feira, 31 de março de 2009

E ele volta à carga..pra se retratar...mas, sabem, quando o emendo fica pior que o rasgo?




Vereador e médico Carlos José Gaspar pede retração ao jornal Diário da Região

Fonte:

http://www.ctvclic.com/cccss/index.html

Vereador pediu retratação devido matéria que deixou dúvidas sobre suas declarações a respeito dos travestis que atuam em avenida de Osasco. O vereador Carlos José Gaspar (PTdoB) utilizou a tribuna novamente, durante a sessão desta quinta feira, desta vez para pedir retratação quanto à informação de que ele havia chamado os homossexuais de doentes e dignos de dó.

Ele alegou que foi mal interpretado, pois não se referia a todos os homossexuais, mas apenas aos travestis que atuam nas avenidas dos Autonomistas e Dionísia Alves Barreto. Gaspar enfatizou que somente esse segmento, na avaliação dele, é doente.

“Não é só doença física, é doença mental também. Não é pelo fato de serem homossexuais, é pelo fato de estarem nesta situação”, destacou o vereador, referindo-se aos travestis. Ele emendou que não são todos os homossexuais que precisam de tratamento, pois eles não sofrem de nenhuma doença, já que a questão se trata de uma “opção sexual”.

O vereador enumerou os motivos pelos quais acredita que eles são doentes, ressaltando que “eles mutilam seus corpos” ao colocarem silicone que, muitas vezes, é feito de material clandestino. Depois, ele apontou que muitos trabalham à noite, no frio ou na chuva, e à mercê da pressão policial. Em seguida, falou sobre a viabilidade financeira dos programas. “Esses programas, com certeza, não resolvem os seus problemas financeiros. Eu nunca vi nenhum deles, com esse tipo de trabalho, ser bem-sucedido”, disse Gaspar.

Além disso, o vereador comentou que há exposição a doenças durante os programas, pela dispensa do uso de preservativos, a pedido de clientes, que pagariam em dobro, segundo Gaspar, para obter sexo sem camisinha.

Todos esses argumentos foram empregados para que o vereador se justificasse quanto à sentença de que sentia “dó” dos travestis. O motivo do sentimento seria o compadecimento que tem diante da “situação de sofrimento” dos travestis.

“Eu tenho certeza que esse pessoal sofre no dia-a-dia. Eu os imagino tendo que fazer compras, tendo que sair pela rua, tendo que passar no médico, o sofrimento que esse grupo apresenta”, alegou. “E eu falei que eu tenho dó deles porque não acho que eles trabalham com felicidade”, completou.

O vereador garantiu que, de acordo com seu ponto de vista, se fosse oferecida “uma opção de trabalho” para os travestis, eles aceitariam prontamente. “Esse pessoal apanha à noite do parceiro que não quer pagar, às vezes apanha da polícia, e, às vezes, tem droga envolvida e apanha porque não pagou. É só problema, é só sofrimento.

É só presença do demônio e ausência de Deus”, falou.

Ainda dentre os motivos que levam o vereador a sentir “dó” dos travestis, ele enfatizou a questão do uso de drogas. “Eles usam drogas e há um sofrimento tão grande pra eles fazerem isso [programas] que eles têm que estar fora de si para praticar [sexo], porque se eles estivessem em consciência normal, não fariam aquilo. Tem que ficar entorpecidos com medicamentos, com álcool, com drogas pra superar uma situação dessa”, disse.


Preocupação

Gaspar justificou o motivo que o levou a falar sobre esse assunto na sessão de terça-feira: quer que “a sociedade se comova com essa situação, com o sofrimento deles”. Ele ainda disse que a sua preocupação é “com esse grupo que pratica a homossexualidade como meio de ganhar dinheiro e que sofrem”. “Tive a coragem de trazer esse problema para essa Câmara”, alegou.

Também foi mencionado pelo vereador o sofrimento da população em ter que passar pelas avenidas citadas e ver a presença dos travestis. Como exemplo, ele argumentou que pais e avôs ficam inertes e sem saberem o que responder para seus filhos e netos quando são surpreendidos por essa situação e estão acompanhados das crianças.



Amigos

O que o vereador usou como argumento para ‘provar’ que, no discurso de terça-feira, não se referia a todos os homossexuais, foi dizer que possui “grandes pessoas amigas homossexuais”. Ele comentou que, em seu círculo próximo, tem contato com homossexuais que são médicos, pacientes, advogados e também vereadores. E disse ainda que possui “o maior carinho pelos homossexuais”, e que por isso não é homofóbico (PESSOAS QUE TEM AVERSÃO RADICAL À HOMOSSEXUAIS).



Visita

Por fim, Gaspar apelou para uma ação conjunta com a sociedade para solucionar o caso que apresentou, através de parcerias que tentem “arrumar alguma coisa que seja boa pra eles [travestis] e boa pra cidade”. Ele deixou um recado aos homossexuais: se houve “algum mal-entendido” quanto ao comentário proferido por ele na sessão de terça-feira, que seja desconsiderado. E fez um convite. “Deixo a mensagem a todos os grupos, homossexuais ou não, que tragam sugestões a essa Casa. Há necessidade do envolvimento do Poder Público com os interessados”, finalizou.



O apoio dos colegas vereadores

O médico utilizou a tribuna por cerca de 30 minutos para elucidar os comentários que fez na sessão ordinária anterior, e, para isso, contou com o tempo cedido por vários colegas vereadores, que fizeram apartes à sua dissertação.

A vereadora Ana Paula Rossi (PMDB) lembrou que mora na região citada por Gaspar e que sua rua é conhecida como a “rua dos Travestis”. “Eu não considero aquilo uma questão de opção sexual. Não é esse o problema. É uma questão de saúde pública, de segurança pública”, afirmou. Ela, que tem levantado a bandeira do combate à pedofilia, disse já ter presenciado até crianças e jovens em um posto de gasolina desativado da área, onde ocorrem os programas com travestis.

Fábio Yamato (PSDC), por sua vez, disse que havia entendido, ao sair da sessão de terça-feira, que Gaspar tinha ofendido todos os homossexuais, e que depois reavaliou essa interpretação. “Num primeiro momento, considerei, de fato, que o senhor estava generalizando”, disse para o médico. “Infelizmente pareceu uma generalização e, depois, pensando bem, talvez não tenha sido nesse sentido. Mas eu acho que cabe o esclarecimento”, avaliou. Yamato destacou a sua defesa, durante o último mandato, da realização da 1º Parada Gay do município.

O tom mais fervoroso foi o de Rubens Bastos (PT), que disse que entendeu claramente o discurso de terça-feira do colega Gaspar e que a repercussão dada ao fato não merecia tamanha desenvoltura. Mas emendou que achava importante o debate. “Como evangélico, tenho meus princípios. Não concordo com a prática, embora respeite. Evidentemente, cada um faz da sua vida o que quiser, sempre deixei isso claro”, disse. Bastos afirmou ainda que achou a utilização da palavra “homofóbico” muito pesada para o noticiamento do fato.

Já Rogério Lins (PR), que foi o último do grupo a falar, demonstrou acreditar na versão da interpretação equivocada. “Mantenho minha opinião, acho que foi um mal-entendido, que o senhor está tendo a oportunidade de esclarecer aqui”, foi o que disse.

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