segunda-feira, 30 de março de 2009

Assim na net como na vida



Fonte:

http://www.kleciusborges.com.br/

Por Klecius Borges

Psicólogo, CRP 06/06283-0, atua em Terapia Afirmativa
para gays e lésbicas.

Aos adolescentes, gays ou héteros, duas grandes tarefas de ordem psíquica são colocadas como parte do desenvolvimento de sua identidade: a de identificar alguma vocação que venha a se tornar no futuro uma profissão, e a de definir um padrão afetivo/sexual com o qual irão mais tarde se vincular amorosa e sexualmente.

Enquanto a primeira dessas tarefas é muito parecida para ambos, a segunda possui desdobramentos específicos. Se para o adolescente hétero, ela tende a ocorrer de uma forma mais ou menos previsível e sob a tutela familiar e social, para os gays, o caminho costuma ser bem mais tortuoso. Sem mapas muito claros e, via de regra, sem modelos familiares ou qualquer espécie de suporte social, o jeito é descobrir maneiras mais criativas, e de preferência, menos visíveis de se auto explorar.

Para isso, nada melhor, mais prático e mais eficiente do que a internet. A rede oferece ao adolescente gay, quase de graça e com riscos mínimos, a possibilidade de descobrir não apenas quem ele é, mas também do que ele gosta, sem precisar sair do seu espaço de segurança e se aventurar pelos perigos de um mundo intolerante com o diferente. Ela, ao mesmo tempo, valida e molda o seu desejo, atende e amplia seus anseios de contato com o outro, satisfaz e define suas necessidades afetivas/sexuais.

O novo adolescente gay é antes de tudo, um ser da internet. Ele pensa, deseja, sente e age a partir da polaridade real/virtual. Move-se continua e seguidamente entre esses dois pólos, definindo no equilíbrio entre eles, o seu potencial de realização e de satisfação. Se o virtual, por um lado, estimula a fantasia e a criatividade a ela associada, o real, por outro, estabelece os limites do possível e aponta na concretude da experiência, o limiar de frustração.

Se assumindo em sites, chats e blogs, namorando e/ou fazendo sexo via MSN e webcam, ou simplesmente se conectando ao planeta gay, esses adolescentes não estão mais sozinhos e isolados de sua gente, como estiveram tantos outros de gerações passadas. O novo adolescente gay está plugado na net e através dela ligado na vida. Uma vida que apenas se insinua, mas que se abre numa rede infinita de possibilidades.


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