sexta-feira, 25 de julho de 2008

COMO LIDAR COM AS DSTs

Além do HIV e Aids, é preciso estar atento às doenças sexualmente transmissíveis que, se não forem tratadas adequadamente, podem trazer sérias conseqüências.

Os homossexuais têm hoje muitas informações sobre HIV/Aids - como se prevenir, as principais formas de infecção, os tratamentos disponíveis etc. - mas pouca atenção ainda é dispensada para outras importantes doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), que somam mais de 20 tipos. Embora essas outras doenças não carreguem a mesma gravidade do HIV, algumas são igualmente incuráveis e todas elas podem prejudicar seriamente a saúde.
É importante que os homens que fazem sexo com homens tenham suas relações com conhecimento suficiente para minimizar os riscos de contraírem DSTs. É fundamental tornar as relações mais seguras, não apenas contra o HIV.
Além da Aids, existem muitas infecções transmitidas nas relações sexuais desprotegidas entre homens. É o caso da sífilis, gonorréia, herpes genital, cancro mole, condiloma, tricomonas, entre outras. Seja no papel de ativo ou passivo, o uso da camisinha é item obrigatório. Ela não protege apenas contra o HIV, mas também contra outros vírus, como os que causam hepatites.
O sexo oral no pênis sem camisinha pode sim transmitir o HIV e, principalmente, outras DSTs. Assim, lamber o líquido seminal (as gotas que saem antes da ejaculação), deixar gozar na boca ou engolir o esperma são práticas arriscadas. Já o sexo oral no ânus traz menos riscos em relação ao HIV, mas pode ser a porta de entrada para sífilis, hepatites e outras doenças. Mas há certas DSTs que nem mesmo o uso da camisinha garante a proteção, pois a infecção se dá mediante o contato com as feridas ou lesões provocadas pelas doenças, como é o caso do HPV e do herpes genital.
Para os soropositivos, prevenir-se contras as DSTs é ainda mais importante, evitando complicações na terapia de controle do HIV ou até mesmo uma reinfecção com o vírus, uma vez que as DSTs facilitam muito a transmissão do HIV.

Como se proteger?
Manter relação protegida é a melhor maneira de evitar a infecção. Muitas pessoas desconhecem ser portadoras de DSTs, já que algumas não apresentam manifestações evidentes no corpo, ou então porque desconhecem como essas doenças se apresentam. No entanto, as DSTs podem acometer qualquer pessoa com uma vida sexual ativa.
No caso de alguma suspeita - se aparecer ardência, coceira, corrimento, verruga ou ferida, seja no pênis ou no ânus - procure logo um serviço de saúde e passe por uma consulta médica. Se você estiver em acompanhamento com infectologista, mantenha-o informado caso perceba alguma manifestação que indique a possibilidade de ser uma DST.
Em muitos casos, o médico terá condições de diagnosticar a doença na consulta, mas com certeza ele irá solicitar exames laboratoriais para confirmar o diagnóstico. Na maioria dos casos, o tratamento é fácil e normalmente as manifestações clínicas desaparecem em curto espaço de tempo. Você deverá sempre cumprir rigorosamente o que o médico aconselhar, pois as DSTs podem se agravar muito se não forem tratadas adequadamente.
Outra importante iniciativa é avisar o seu parceiro sexual, para que ele também possa procurar um médico. Sempre que possível, é recomendável que vocês participem juntos da consulta, para que a investigação clínica seja feita em ambos.
A seguir, estão descritas as DSTs mais comuns, para que você possa se prevenir ou lidar com o problema de uma maneira tranquila e segura.

Sífilis
Causada pela bactéria Treponema pallidum, começa com uma pequena ferida nos órgãos genitais que não causa dor, geralmente única e que aparece entre 20 e 30 dias após a relação sexual infectante. Essa lesão é chamada de cancro duro e desaparece espontaneamente em menos de um mês. Depois de aproximadamente dez dias do surgimento do cancro duro, aparecem caroços nas virilhas (as ínguas) que somem, mesmo sem tratamento.
Depois de algum tempo sem manifestações (cerca de 30 dias), começam a surgir manchas avermelhadas na pele, que mais parecem uma alergia, porém com uma diferença importante: geralmente não coçam. Daí, então, a doença evolui com aparecimento eventual de alterações na pele e mucosa, principalmente ao redor dos órgãos genitais. Depois de um a dois anos, a doença entra na fase de latência, em que não ocorrem mais manifestações no corpo. Após esse período, a doença pode evoluir para a fase tardia, principalmente com lesões no coração e cérebro.
A sífilis só continua sua evolução quando não é feito o tratamento adequado. As gestantes com a doença podem abortar ou gerar crianças com graves problemas ou mesmo mortas, quando não forem tratadas. Existe um exame de sangue que serve para fazer o diagnóstico e também para controlar a cura da doença. É importante saber que ele só dá resultado positivo após cinco semanas do contato sexual infectante.
Já a sua negativação, em muitos casos, só acontece vários meses após o tratamento. No entanto, em algumas pessoas, o resultado do exame pode ficar positivo (em concentração muito baixa) por toda a vida, mesmo depois da cura completa da doença. É sempre necessário orientação do médico, pois só ele sabe interpretar corretamente os resultados dos exames para sífilis.

Gonorréia
Uma das DSTs mais freqüentes, a gonorréia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. No homem, a manifestação inicia-se após um período que varia de dois a dez dias do contato sexual, com uma secreção amarelada e viscosa na uretra (canal do pênis), seguida de ardência e dor ao urinar. Já na mulher pode não haver manifestação, ficando assintomática. Quando presente, surge um corrimento vaginal amarelado, bem viscoso e quase sempre com odor desagradável.
Não sendo prontamente tratada, a gonorréia pode acarretar complicações. No homem, leva à infecção na próstata e nos testículos. Na mulher, freqüentemente é causa de salpingite (infecção nas trompas), causando fortes dores na barriga, que pode evoluir, causando obstrução das trompas e esterilidade.
Embora seja raro, a gonorréia pode evoluir e vir a provocar lesões em articulações, fígado e até no cérebro. Durante o parto, a mulher com gonorréia transmite a doença ao bebê, podendo a criança apresentar problemas nos olhos.

Uretrite e Cervicite não-gonocócica
Trata-se de uma infecção na uretra ou colo do útero que pode ser causada por vários germes, sendo o mais freqüente a bactéria Chlamydia trachomatis. A maioria dos homens com uretrite não-gonocócica (que não é gonorréia) apresenta uma leve secreção na uretra (canal do pênis), sente pouca dor e discreta ardência ao urinar.
Estas DSTs podem se tornar um problema bastante grave quando não tratadas de forma correta. A maior parte das mulheres não possui sintomas da doença; porém, elas podem transmitir a doença ao parceiro e apresentar as mesmas complicações causadas pela gonorréia.

Cancro Mole
Popularmente chamado "cavalo", o cancro mole é causado pela bactéria Haemophilus ducreyi. A manifestação da doença ocorre nos órgãos genitais, com várias feridas ulceradas, dolorosas, que são acompanhadas de íngua na virilha (bubão). As feridas desaparecem quando o problema é tratado adequadamente. Em geral, o bubão se rompe com orifício único.

Condiloma
Conhecida como "crista de galo", é causada pelo Papillomavírus humano, o HPV. As lesões do condiloma também ocorrem nos órgãos genitais e têm características de verrugas, lembrando uma mini couve-flor. Contudo, em algumas manifestações clínicas as lesões podem ser bem diferentes.
Em certos casos, um dos parceiros pode apresentar lesões típicas (couve-flor), enquanto o outro pode não ter lesão evidente, mas ser portador do HPV. O tratamento do condiloma é feito com substâncias ou intervenções que apenas os médicos devem manusear, pois podem causar sérios problemas quando usadas sem os cuidados necessários. Recentemente foi aprovada uma vacina preventiva contra o HPV nos Estados Unidos.

Linfogranuloma venéreo
Comumente chamado de "mula", também é causado pela bactéria Chlamydia trachomatis. Inicia-se com discreta lesão nos órgãos genitais, que na maioria dos casos nem é percebida. Causa grande íngua na virilha (bubão), que tende a se romper em múltiplos orifícios. Sua evolução é muita lenta e pode causar elefantíase, caracterizada pelo aumento acentuado dos órgãos genitais externos. Na mulher, na fase bem avançada da doença, pode também causar estreitamento do ânus.

Herpes genital
É causado pelo Herpesvirus simples humano (HSV) e sua manifestação maior é a formação de vesículas (pequenas bolhas) que se rompem causando um tipo de queimação e ardência nos órgãos genitais. A doença aparece e desaparece espontaneamente e está ligada a fatores desencadeantes como o estresse.
Apesar de não se ter, até hoje, uma medicação para o tratamento do herpes, é errado pensar que a doença não tem cura. É relatado que, afastando os fatores irritantes e traumáticos, a doença pode ficar sob controle, até que o próprio organismo desenvolva um mecanismo interno de defesa.

Tricomoníase
A tricomoníase é uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis no trato gênito-urinário da mulher e do homem. A principal via de transmissão é o contato sexual. Recomenda-se que o tratamento seja simultâneo para os parceiros sexuais.
No homem: na quase totalidade dos casos a doença se mantém assintomática, mas alguns portadores podem apresentar quadro clínico típico de uma uretrite não-gonocócica acrescido de secreção ou sensação de fisgadas na uretra.
Na mulher: a ausência de sintomas ocorre com freqüência; entretanto como as mulheres podem transmitir a doença e a maioria apresentará manifestações clínicas, devem ser sempre tratadas.

Fonte: Programa Nacional de DST/Aids, Programa Nacional para Prevenção e Controle de Hepatites Virais e Sociedade Brasileira de DSTs.

material extraído de:
http://www.aids.org.br/assumidos/default.asp?pId=52

Nenhum comentário: