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Esta semana, o Piauí assistiu, estupefato, ao episódio lamentável, envolvendo os deputados Ana Paula e João de Deus. Foi um festival de pantomima, recheado por muitas notas. Como diria Chico César, um “filme triste, que me fez chorar” – e também refletir... Chocou, por exemplo, o trecho da entrevista de João de Deus à TV Meio Norte, segundo o qual a deputada Ana Paula teria dito que “todo político é bandido”, inclusive ela.
Diante de fato tão grave, por que a Assembléia Legislativa do Piauí não se posicionou? Esse indício de autoconfissão não seria suficiente para abertura de um processo para apurar eventual quebra do decoro parlamentar? Assim como fiz com a deputada Ana Paula, prefiro acreditar que o deputado João de Deus, de fato, não tem “qualquer aversão aos homossexuais, lésbicas, transexuais ou outro gênero” e que ele condena “veementemente a discriminação sexual”, como asseverado na nota por ele assinada, cujo foco é a reafirmação de sua heterossexualidade.
Ora, a orientação sexual de qualquer pessoa é algo que diz respeito somente a ela e, no máximo, àquela com quem partilha seus desejos afetivo-sexuais. A mais ninguém interessa. Por isso, soa estranha a pressa do deputado em explicitar “a quem quer que seja” sua condição de heterossexual e que não tem precedentes passíveis de suscitar qualquer dúvida acerca da preferência sexual dele. E se João de Deus fosse gay, que “problema” haveria nisso?
Qualquer pessoa não-infectada pelo vírus do preconceito sabe que a orientação sexual não é critério aferidor do caráter de “quem quer que seja”.. Por isso, deputado João de Deus, inócua a preocupação com a suposta insinuação feita por sua colega de parlamento. Através de uma nota veiculada na imprensa, todo o Piauí ficou sabendo (mesmo quem não queria...) que Vossa Excelência é heterossexual. Mas, se não fosse, constataria aquilo que o Movimento LGBT afirma há décadas: “é legal ser homossexual”.
Marinalva Santana - Coordenadora Geral do Matizes
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