quarta-feira, 23 de julho de 2008

Homofobia contribui para maior exposição de homossexuais às DSTs

( foto:Valter Campanato/ABr Brasília - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participa da cerimônia de lançamento do Plano de Combate à Aids e DST entre Homossexuais )

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil




Brasília - A homofobia é um dos cinco fatores de vulnerabilidade - apontados pelo Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de Aids e das DSTs entre homossexuais - que contribuem para tornar esse grupo mais suscetível a infecções por doenças sexualmente transmissíveis.

O plano foi lançado na manhã de hoje (25) pelo Ministério da Saúde. Segundo as diretrizes do documento, a discriminação afeta a auto-estima e a socialização do indivíduo, levando ao isolamento e à conseqüente marginalização em guetos, o que os tornaria mais suscetíveis a doenças.

“A homofobia é o principal fator de infecção porque leva a pessoa, não apenas a ter práticas arriscadas, mas também a negar sua identidade, vivendo um comportamento heterossexual. Então no momento que ela tenta extravasar essa vivência, que é cerceada por todo um processo de discriminação, ela pode fazer isso de forma arriscada, ela não se previne”, afirma o presidente da ONG Ações Cidadãs em Orientação Sexual (ACO), Jacques Jesus.

Entre as 23 metas que compõem o plano, pelo menos cinco estão diretamente ligadas ao combate à homofobia e transfobia. Uma delas é garantir até julho de 2008 equipes capacitadas para atender as demandas para enfrentamento das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e Aids entre gays, homens que fazem sexo com homens (HSH) e travestis nos programas de saúde estaduais. Para tanto, estão previstas atividades de qualificação e educação permanentes.

Outra meta é incluir ações sobre educação sexual e diversidade em 100% das escolas que integram o projeto Saúde Prevenção nas Escolas. Entre as atividades previstas para o cumprimento dessa meta está o apoio do ministério às Secretarias de Educação na formação de profissionais.

“Durante muito tempo a construção social da epidemia associada ao debate sobre as práticas sociais entre pessoas do mesmo sexo esteve centrada em uma abordagem preconceituosa e excludente, as ações estiveram orientadas para a culpa e a responsabilidade individual”, avaliou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

O ministro destacou que apesar dos avanços na garantia dos direitos desse segmento, ainda há barreiras a serem vencidas. “O pensamento hegemônico brasileiro não concorda com o que vamos colocar na rua com esse plano. Tem muito preconceito, obscurantismo e fundamentalismo [no pensamento hegemônico brasileiro]”, criticou.

Amanhã (26), a Comissão de Assuntos Sociais do Senado vota o relatório do Projeto de Lei 122/2006 que criminaliza a homofobia. “Nós esperamos que dê quórum e passe na comissão, mas é difícil porque tem toda uma articulação, os fundamentalistas são muito radicais. Eles negociam a mãe para que não passe o projeto”, criticou o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais, Toni Reis.

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