segunda-feira, 17 de novembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
Vick Power, considerações sobre seu trabalho como drag queen, e dos demais atuantes desse meio artístico
Por: Vick Power
"Como personagem da noite paulistana há cinco anos apenas, nunca sofri e nem fui vítima de pré-conceitos. Já realizei vários trabalhos em casas heterossexuais, e sempre fui recebida com o maior respeito. Hoje em dia nosso trabalho é visto como artístico, e quando é realizado bem feito, com todo um contexto envolvido, quebram-se tabus; desde que não haja promiscuidade envolvida se ganha respeito, liberdade de expressão, e até mesmo muitas portas se abrem para você.
É o caso de alguns artistas da noite paulistana, que sempre realizaram trabalhos bem feitos, e levaram com seriedade aquilo que buscavam como já vimos... algumas drags que se destacaram na televisão em alguns programas... isso se fez após de muito trabalho, [com] dignidade e persistência, como qualquer outro hétero [ou não], ou seja: capacidade todos tem, independente de cor, raça, sexo.
Acredito que o pré-conceito está por um fio de se acabar nas próximas décadas... expectativas futuras."
"Como personagem da noite paulistana há cinco anos apenas, nunca sofri e nem fui vítima de pré-conceitos. Já realizei vários trabalhos em casas heterossexuais, e sempre fui recebida com o maior respeito. Hoje em dia nosso trabalho é visto como artístico, e quando é realizado bem feito, com todo um contexto envolvido, quebram-se tabus; desde que não haja promiscuidade envolvida se ganha respeito, liberdade de expressão, e até mesmo muitas portas se abrem para você.
É o caso de alguns artistas da noite paulistana, que sempre realizaram trabalhos bem feitos, e levaram com seriedade aquilo que buscavam como já vimos... algumas drags que se destacaram na televisão em alguns programas... isso se fez após de muito trabalho, [com] dignidade e persistência, como qualquer outro hétero [ou não], ou seja: capacidade todos tem, independente de cor, raça, sexo.
Acredito que o pré-conceito está por um fio de se acabar nas próximas décadas... expectativas futuras."
O que significa Drag Queen?
Por: Vick Power
Bem, pra muitos seria... A rainha dos vestidos... Para outros, rainha do dragão... rss...
mas a verdade veio a tona , quando as “bicharadas” na década de 80 resolveram se travestir de uma forma absurdamente exagerada de mulher ... Daí por diante a palavra composta "drag queen” nada mais é que a caricatura exagerada da mulher... Cores de sombras fortes, maquiagens coloridas e carregadas, cílios postiços enormes, figurinos escalafobéticos, plumas e paetês foram matérias primas essenciais para deixar composto um personagem das noites...
Foi uma maneira de chamar atenção, para expor as fantasias... Sonhos... e desejos, personagens que se criaram para agradar e divertir as baladas da noite a fora . Uma nova identidade surgiu, um novo personagem... Com o passar de décadas até os dias de hoje a drag queen foi se atualizando... se modernizando cada dia mais ..e realmente foi vista como trabalho artístico pelas pessoas,uma forma divertida para se ganhar dinheiro e até mesmo fazer carreira !!
Com o passar dos anos, abriu-se um leque extenso de diversas identidades e de modelos de drag queen. Como por exemplo:
São alguns exemplos de drags que a cada dia que passa sempre se renova e surge um tipo diferente na noite. Ser drag é ser contagiante, irradiante, alegre, escândalo e festa ao mesmo tempo... é contagiar e ferver para sempre estar alegrando e interagindo em meio a multidões .
mas a verdade veio a tona , quando as “bicharadas” na década de 80 resolveram se travestir de uma forma absurdamente exagerada de mulher ... Daí por diante a palavra composta "drag queen” nada mais é que a caricatura exagerada da mulher... Cores de sombras fortes, maquiagens coloridas e carregadas, cílios postiços enormes, figurinos escalafobéticos, plumas e paetês foram matérias primas essenciais para deixar composto um personagem das noites...
Foi uma maneira de chamar atenção, para expor as fantasias... Sonhos... e desejos, personagens que se criaram para agradar e divertir as baladas da noite a fora . Uma nova identidade surgiu, um novo personagem... Com o passar de décadas até os dias de hoje a drag queen foi se atualizando... se modernizando cada dia mais ..e realmente foi vista como trabalho artístico pelas pessoas,uma forma divertida para se ganhar dinheiro e até mesmo fazer carreira !!
Com o passar dos anos, abriu-se um leque extenso de diversas identidades e de modelos de drag queen. Como por exemplo:
- Top drag: aquela que é fashion! Faz um belo carão, make moderna e feminina.
- Andrógena: aquela que faz make mais agressiva, de personalidade masculinizada e meio feminina, uma mistura de sexos em um personagem só, que usa e abusa de figurinos mais psicodélicos e até mesmo robóticos.
- Drag caricata: aquela que se parte para o lado humorístico, com make carregadas, figurinos exagerados e mais cômicos.
São alguns exemplos de drags que a cada dia que passa sempre se renova e surge um tipo diferente na noite. Ser drag é ser contagiante, irradiante, alegre, escândalo e festa ao mesmo tempo... é contagiar e ferver para sempre estar alegrando e interagindo em meio a multidões .
domingo, 9 de novembro de 2008
Maitê Schneider
Entrevista publicada em:14/01/2002, no site:
www.fervo.com.br
Maitê Schneider está em todas! A transexual é um dos ícones do movimento GLBTS brasileiro, matéria de diversas revistas e jornais. Ela ficou famosa nacionalmente ao aparecer ao lado de Marta Suplicy em cartazes espalhados na cidade de São Paulo nas eleições municipais de 2000. Além de conhecida e engajada, Maitê também é linda. Foi Miss Brasil versão travesti no ano 2000, capa de diversas revistas destinadas aos admiradores das transgêneros.
Fervo.com.br - No seu último Artigo - Camisinha? Eu? - , você constata que muitos dos gays estão perdendo o hábito de usar camisinhas nas suas relações sexuais. Estes dados são ainda mais fortes entre os jovens. Atualmente, temos o bareback que chega a ser uma filosofia de vida, quando a camisinha pode ser abolida por completo das relações sexuais. Na sua opinião, o que leva a esta tendência? Por quê os nossos jovens se preocupam menos com a sua saúde e não tentam evitar o contato com as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis)?
Maitê Scnneider: Na verdade, o que acontece é que nos dias de hoje, a juventude acha que a AIDS, que era o terror da minha época de adolescência, deixou de ser algo tão terrível. Doenças sexualmente transmissíveis, as DSTS, nunca foram vistas como empecilho para o não uso do preservativo. Com a AIDS, que era sinônimo quase que de morte garantida na minha adolescência, a gente se obrigou a usar preservativo... e continua usando até os dias de hoje. O problema é que a nova geração apareceu numa época em que vários testes de vacinas e promessas de curas estão sendo mostradas. Hoje em dia, a AIDS não significa mais morte... então os jovens a consideram como outra DST qualquer... e deixam de lado o preservativo. Pensam: "Se eu pegar AIDS, não tem problemas.. tomo medicação e pronto.. vivo sadio". Mas não é assim ainda. Temos que nos cuidar SEMPRE. Prazer nenhum vale o risco e o incômodo de uma DST. Camisinha sempre sim - seu passaporte para um prazer prolongado e por muito mais tempo - com saúde.
Fervo - Você afirmou em uma entrevista cedida ao site No que só foi conhecer o preconceito quando iniciou o seu trabalho de engajamento político. Recentemente você fez um cursinho pré-vestibular e teve contato diário com um grande número de adolescentes. Como foi esta experiência?
Maitê: Como tudo na vida, teve seu lado bom. Lógico que passei por uma série de "barreiras". Mas quem nasce remando contra a maré, cria forças para enfrentar qualquer barreira e obstáculo, estou certa? Não queriam deixar que eu usasse o banheiro feminino, houve momentos de chacotas e constrangimentos, professores que não entendiam muito bem o que estava acontecendo, carteirinha com nome masculino, enfim, estas coisinhas básicas, as quais já me acostumei. Por outro lado, aos poucos, como faço amizades facilmente, fui cativando o pessoal que convivia comigo nas fileiras próximas... e assim fui subindo fila por fila. No final fiquei BEM conhecida no cursinho todo, levei muita gente para conhecer várias boates GLS da cidade e acho que mostrei um pouquinho que no fundo sou mais igual por dentro do que pareço por fora.
Fervo - Continuando ainda na temática do preconceito, na minha academia, há uma travesti que malha junto com a minha turma. Ela está na academia há dois meses e nos primeiros dias, a maioria dos olhos eram desconfiados no tocante a ela. As piadinhas rolavam soltas e as pessoas tinham medo de falar com ela. Dois meses depois, ela é uma colega de academia como qualquer outra. A primeira impressão negativa foi transformada e cessaram as piadinhas. Você acha que muito do preconceito existe por que as pessoas têm uma imagem completamente deturpada das travestis/transexuais? E até que ponto as travestis possuem preconceitos consigo mesmas, já que nem todas estão dispostas a sair de dia e fazer coisas normais como todos os outros?
Maitê: As pessoas, em geral, perdem demais por medo do desconhecido. É mais cômodo acreditar nas besteiras, preconceitos e ensinamentos tortos que nos são passados de geração para geração. Quem vence esta barreira e atinge a realidade, percebe que TODO o contato humano é muito válido. Até de minhas piores experiências, sempre tirei boas lições. E isto não funciona somente comigo. Funciona com você, que me lê agora, também!! Tenha a certeza disto. Infelizmente ainda é pequeno o número de pessoas com esta ousadia de conhecer a realidade e a verdadeira essência da vida. Poucos são os privilegiados de desfrutarem deste sentimento maior. Quando nos damos à chance de conhecermos ALGUÉM, seja quem for este alguém, sem a intenção de julgá-lo ou enquadrá-lo em alguma espécie de categoria, ampliamos nossos horizontes e começamos a aprender que o mundo realmente vai além de nossos umbigos e que todas as pessoas são fontes de experiências, vivências e conhecimentos. Podemos ganhar muito quando tiramos a venda dos olhos. Agora, com relação ao preconceito das travestis com relação a elas mesmas, tenho a certeza de que existe. E não é preconceito não, é falta de auto-estima, na verdade. Eu sofri muito por ter uma baixa auto-estima. Sempre fiquei muito no papel de vítima, sofredora e mal amada pelo mundo. Nada mais normal. Dizem que nós, transgêneros e homossexuais, somos pecadores, sujos, malditos, doentes e que o inferno será nosso melhor presente. Tanto carinho assim, retorna em forma de baixa auto-estima, de violência algumas vezes, de desânimo e suicídio em outras, enfim, de todas estas coisas que jornais sensacionalistas tem coragem de expor tão claramente. Mas conto para vocês, que quem consegue sair disto tudo, dar a volta por cima, rodar a baiana, subir no salto novamente e ainda continuar sendo ela mesma - é uma pessoa muito forte, e que certamente será lembrada sempre não pela coragem, mas pela força de não ter desistido e mostrado que é possível ser o que a gente quer, onde quer que estejamos.
Fervo - No meio gay, há diversas subdivisões. Temos as monas, as barbies, as travestis, os bofes,... Dentro destas subdivisões há preconceito contra as outras subdivisões. Assim, você como transexual politicamente engajada enfrenta mais preconceito no meio gay ou no meio heterossexual? E as travestis/transexuais possuem na sua maioria preconceitos contra os demais grupos?
Maitê: Preconceito não é privilégio de classe nenhuma. Preconceito é algo ensinado no útero materno ( a mãe que fica torcendo para o filho perfeito - quem não quer?) , na infância, nas rodas de amigos, no dia-a-dia cotidiano de todo mundo. Até do seu!! Enfim, preconceito parece que é algo que sempre existiu. Temos a necessidade de possui-lo. Parece que o preconceito nos torna seletivos e mais valorizados perante isto ou aquilo. Sempre fico pensando: " Como pode, uma pessoa, seja negra, judia, mulher, nariguda, obesa, magérrima, orelha-de-abano, enfim.... - pessoas que sofrem preconceitos diversos - terem preconceito??" Não consigo achar uma resposta para isto. Quem já sofreu uma vez sequer por um preconceito qualquer, sabe o quanto é doído ser excluído de algo, em função desta característica. E como pode ter a crueldade de fazer alguém sofrer, esmagando este alguém com alguma espécie de preconceito. Eu acho muita covardia e muita crueldade isto tudo. Abomino os preconceitos. Preconceito é o mal de vários séculos, que espero que não deixemos de legado para nossas futuras gerações.
Fervo - Você sempre foi aceita por sua família e nunca precisou usar da prostituição para conseguir se manter. A prostituição é quase um carma para as travestis/transexuais, mesmo as que não se prostituem são tratadas como tal. Na sua opinião o que os grupos GLBTS poderiam fazer para mudar esta imagem e esta realidade?
Maitê: A imagem das travestis e transexuais sempre esteve ligada muito à prostituição, por ser esta a forma de vida única em que éramos aceitas. Era este o único trabalho "digno" que nos ofertavam. E teve época em que quiseram até delimitar territórios e regras para este trabalho. Em primeiro lugar, creio que devemos acabar com a moralização da prostituição. Todos e todas têm o direito de fazerem o que quiserem com seu corpo, desde que não se firam normas de sociedade e de convívio comum. Posto isto, acredito que o trabalho dos grupos GLBTS e da sociedade civil organizada em geral, seja dar condição igualitária para que todo mundo possa ser o que desejar. Não se deve ter regras, mesmo que "implícitas", de que travesti e transexual tem que se prostituir, de que pobre tem que mendigar e cuidar de carros, de que negros tem que ser porteiros ou mecânicos... enfim, estas besteiradas todas. Os grupos, entidades e associações em geral, devem lutar pela busca desta igualdade. Com isto, paralelamente, iremos construindo auto-estima, confiança individual em cada cidadão e também aumentando a valorização de cada um perante o mundo em que vive. Se a pessoa quiser se prostituir, tem que ter este direito. O que não pode acontecer, é ir para a prostituição "sem querer", por não conseguir outra forma de sobrevivência, devido ao preconceito e ignorância existentes. Temos que tirar da teoria a linda frase de que todos somos iguais, e começarmos a praticá-la.
Fervo - Luiz Mott (presidente do Grupo Gay da Bahia) sugeriu, na última reunião do Conselho Nacional dos Direitos Humanos que fossem reservadas vagas para gays em universidades e cargos públicos. O que você acha desta idéia? Acha que diminuiria a discriminação?
Maitê: Ainda não tenho uma opinião formada sobre isto. Creio que talvez em termos de visibilidade esta tática seja boa, mas acho que isto tudo é somente um atalho. Creio que deveremos partir para a luta pela educação de base. Está na hora de mudarmos conceitos e fazer vigorar leis lindas e que não são colocadas em prática. Está na hora de irmos às faculdades e nos centros acadêmicos e discutirmos abertamente a questão homossexual e transexual. Está na hora de radicalizarmos mais amplamente e não ficarmos mais querendo esmolas e migalhas. Não sei se estou falando besteira ou não. Como eu disse, ainda estou meio confusa, sobre esta questão, mas no momento é assim que penso...
Fervo - Num dos primeiros textos seus que eu li, você afirmava que as pessoas ainda se espantavam muito com os gays porque eles não tinham coragem de mostrar seus sentimentos. Hoje o que vejo é caminharmos cada vez mais para um gueto. Neste gueto temos hotéis para gays, cabeleireiros para gays, escolas para filhos de gays,... No ponto de vista comercial este pode ser um bom nicho, mas até que ponto isto colabora para diminuir o preconceito?
Maitê: Estamos num momento de transição. É complicado, para quem sempre se sentiu errado, sujo e "com problemas", passar a mudar esta mentalidade da noite para o dia. O gueto deveria ser a nossa porta de saída para a globalização dos seres humanos. Globalização, no sentido de unificação para crescimento, entende? O gueto nunca deve ser usado como alternativa final para grupo nenhum. Deve ser válvula de escape até que se consiga a devida coragem de ousar tentar esta unificação em busca de um mundo melhor e mais unido. O gueto como caminho, eu acho válido, pois incentiva um conhecimento único e talvez "facilitado" mais próximo do lugar comum. Agora o gueto, como sua moradia final eu acho péssimo. Sou contra panelinhas, guetos, redutos e contra qualquer espaço que limite minha condição de ser em qualquer estágio.
Fervo - Toda a literatura sobre transexualismo afirma que uma pessoa transexual não precisa obrigatoriamente fazer uma cirurgia de adequação do órgão genital. Porém, a literatura médica, afirma que há sim a cura para o transexualismo e que esta cura é a operação de mudança de sexo. Daí esbarramos em problemas técnicos, como cirurgias mal feitas e falta de apoio governamental ao problema do(a) transexual. O que está sendo feito para garantir aos (às) transexuais o direito a viver bem com o seu corpo?
Maitê: O CFM (Conselho Federal de Medicina) está tentando o melhor caminho. Temos projetos para alteração de registro civil das transexuais, em andamento. Enfim, temos algumas coisas BEM encaminhadas. Lógico que é preciso que todo este benefício seja acompanhado por gente séria, competente e que conheça realmente as nossas necessidades, demandas e anseios. Lógico que enquanto não abrirmos a transexualidade para uma discussão mais ampla, inclusive nos meios acadêmicos, esbarraremos em mais preconceito ainda. Aos poucos as transexuais estão deixando de serem vistas como aberrações psicológicas ou incapazes totais. Começa-se a entender a transexualidade e perceber que a sociedade e o Estado podem ajudar à adaptação e correção da transexual ao que realmente ela é em essência.
Fervo - Há muitos anos você é engaja politicamente. Durante todo este período qual foi a sua pior experiência como líder GLBT?
Maitê: Puxa, líder??? Que peso esta palavra.. hehehe. As piores experiências de militância são, sem dúvida, quando vejo um amigo, uma amiga ou até um anônimo qualquer, sangrando até a morte, ser dilacerado com violência até não conseguir respirar, ser degolado, ser asfixiado e falecer agonizando sem ter culpa de nada. Por ser "fora do padrão correto" do que o assassino acha certo, já vi muitas vidas serem perdidas. Já perdi muitos colegas, amig@s e já vi vários tipos de mortes e com diversos requintes de crueldades em cada morte. Já vi de tudo um pouco e isto tudo me dói muito. Dói demais. Penso sempre: " Por que não cheguei antes, por que não tentei algo mais intensamente..." Sinto-me meio inútil.. não é um bom sentimento....: ((
Fervo - E qual foi a sua melhor experiência?
Maitê: Ahh foram tantas... Ver alguém feliz pelo simples fato de ter podido desabafar "seu segredo", ver a alegria de um filho que conta para seus pais sobre sua sexualidade, ver as pessoas trabalhando sem serem discriminadas. Saindo, namorando e principalmente vivendo, sem precisar se esconder de nada e de ninguém. De cabeça erguida e de peito aberto.
Fervo - Temos muito forte o conceito de orgulho gay, o conceito de ser feliz por ser quem é e conseguir assumir a sua sexualidade numa sociedade tão homofóbica. Nesta última pergunta, o que você tem a dizer aos jovens que tem medo de assumir? Como podemos aumentar o nosso orgulho de sermos gays?
Maitê: Não creio que devemos aumentar somente o orgulho de ser gay.. devemos é ter orgulho de ser gente em primeiro lugar. De sermos pensantes, inteligentes e únicos. Devemos celebrar a vida e o fato de estarmos vivos. Digo, aos jovens, à você que é jovem, que tudo na vida tem o seu momento. O momento pode ser agora, pode ser amanhã, pode estar ainda longe. Mas tenha certeza, o momento ainda não passou. Quando você sentir dentro de ti, um sininho tocando, uma campainha buzinando ou uma voz que não quer mais calar, solte a voz, grite e diga ao mundo TUDO o que você pensa e quer. Somente VOCÊ saberá este momento. Sinta dentro de você mesmo esta voz e saberás o momento correto de tudo acontecer.
Por Pamella Anderson
www.fervo.com.br
Maitê Schneider está em todas! A transexual é um dos ícones do movimento GLBTS brasileiro, matéria de diversas revistas e jornais. Ela ficou famosa nacionalmente ao aparecer ao lado de Marta Suplicy em cartazes espalhados na cidade de São Paulo nas eleições municipais de 2000. Além de conhecida e engajada, Maitê também é linda. Foi Miss Brasil versão travesti no ano 2000, capa de diversas revistas destinadas aos admiradores das transgêneros.
Fervo.com.br - No seu último Artigo - Camisinha? Eu? - , você constata que muitos dos gays estão perdendo o hábito de usar camisinhas nas suas relações sexuais. Estes dados são ainda mais fortes entre os jovens. Atualmente, temos o bareback que chega a ser uma filosofia de vida, quando a camisinha pode ser abolida por completo das relações sexuais. Na sua opinião, o que leva a esta tendência? Por quê os nossos jovens se preocupam menos com a sua saúde e não tentam evitar o contato com as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis)?
Maitê Scnneider: Na verdade, o que acontece é que nos dias de hoje, a juventude acha que a AIDS, que era o terror da minha época de adolescência, deixou de ser algo tão terrível. Doenças sexualmente transmissíveis, as DSTS, nunca foram vistas como empecilho para o não uso do preservativo. Com a AIDS, que era sinônimo quase que de morte garantida na minha adolescência, a gente se obrigou a usar preservativo... e continua usando até os dias de hoje. O problema é que a nova geração apareceu numa época em que vários testes de vacinas e promessas de curas estão sendo mostradas. Hoje em dia, a AIDS não significa mais morte... então os jovens a consideram como outra DST qualquer... e deixam de lado o preservativo. Pensam: "Se eu pegar AIDS, não tem problemas.. tomo medicação e pronto.. vivo sadio". Mas não é assim ainda. Temos que nos cuidar SEMPRE. Prazer nenhum vale o risco e o incômodo de uma DST. Camisinha sempre sim - seu passaporte para um prazer prolongado e por muito mais tempo - com saúde.
Fervo - Você afirmou em uma entrevista cedida ao site No que só foi conhecer o preconceito quando iniciou o seu trabalho de engajamento político. Recentemente você fez um cursinho pré-vestibular e teve contato diário com um grande número de adolescentes. Como foi esta experiência?
Maitê: Como tudo na vida, teve seu lado bom. Lógico que passei por uma série de "barreiras". Mas quem nasce remando contra a maré, cria forças para enfrentar qualquer barreira e obstáculo, estou certa? Não queriam deixar que eu usasse o banheiro feminino, houve momentos de chacotas e constrangimentos, professores que não entendiam muito bem o que estava acontecendo, carteirinha com nome masculino, enfim, estas coisinhas básicas, as quais já me acostumei. Por outro lado, aos poucos, como faço amizades facilmente, fui cativando o pessoal que convivia comigo nas fileiras próximas... e assim fui subindo fila por fila. No final fiquei BEM conhecida no cursinho todo, levei muita gente para conhecer várias boates GLS da cidade e acho que mostrei um pouquinho que no fundo sou mais igual por dentro do que pareço por fora.
Fervo - Continuando ainda na temática do preconceito, na minha academia, há uma travesti que malha junto com a minha turma. Ela está na academia há dois meses e nos primeiros dias, a maioria dos olhos eram desconfiados no tocante a ela. As piadinhas rolavam soltas e as pessoas tinham medo de falar com ela. Dois meses depois, ela é uma colega de academia como qualquer outra. A primeira impressão negativa foi transformada e cessaram as piadinhas. Você acha que muito do preconceito existe por que as pessoas têm uma imagem completamente deturpada das travestis/transexuais? E até que ponto as travestis possuem preconceitos consigo mesmas, já que nem todas estão dispostas a sair de dia e fazer coisas normais como todos os outros?
Maitê: As pessoas, em geral, perdem demais por medo do desconhecido. É mais cômodo acreditar nas besteiras, preconceitos e ensinamentos tortos que nos são passados de geração para geração. Quem vence esta barreira e atinge a realidade, percebe que TODO o contato humano é muito válido. Até de minhas piores experiências, sempre tirei boas lições. E isto não funciona somente comigo. Funciona com você, que me lê agora, também!! Tenha a certeza disto. Infelizmente ainda é pequeno o número de pessoas com esta ousadia de conhecer a realidade e a verdadeira essência da vida. Poucos são os privilegiados de desfrutarem deste sentimento maior. Quando nos damos à chance de conhecermos ALGUÉM, seja quem for este alguém, sem a intenção de julgá-lo ou enquadrá-lo em alguma espécie de categoria, ampliamos nossos horizontes e começamos a aprender que o mundo realmente vai além de nossos umbigos e que todas as pessoas são fontes de experiências, vivências e conhecimentos. Podemos ganhar muito quando tiramos a venda dos olhos. Agora, com relação ao preconceito das travestis com relação a elas mesmas, tenho a certeza de que existe. E não é preconceito não, é falta de auto-estima, na verdade. Eu sofri muito por ter uma baixa auto-estima. Sempre fiquei muito no papel de vítima, sofredora e mal amada pelo mundo. Nada mais normal. Dizem que nós, transgêneros e homossexuais, somos pecadores, sujos, malditos, doentes e que o inferno será nosso melhor presente. Tanto carinho assim, retorna em forma de baixa auto-estima, de violência algumas vezes, de desânimo e suicídio em outras, enfim, de todas estas coisas que jornais sensacionalistas tem coragem de expor tão claramente. Mas conto para vocês, que quem consegue sair disto tudo, dar a volta por cima, rodar a baiana, subir no salto novamente e ainda continuar sendo ela mesma - é uma pessoa muito forte, e que certamente será lembrada sempre não pela coragem, mas pela força de não ter desistido e mostrado que é possível ser o que a gente quer, onde quer que estejamos.
Fervo - No meio gay, há diversas subdivisões. Temos as monas, as barbies, as travestis, os bofes,... Dentro destas subdivisões há preconceito contra as outras subdivisões. Assim, você como transexual politicamente engajada enfrenta mais preconceito no meio gay ou no meio heterossexual? E as travestis/transexuais possuem na sua maioria preconceitos contra os demais grupos?
Maitê: Preconceito não é privilégio de classe nenhuma. Preconceito é algo ensinado no útero materno ( a mãe que fica torcendo para o filho perfeito - quem não quer?) , na infância, nas rodas de amigos, no dia-a-dia cotidiano de todo mundo. Até do seu!! Enfim, preconceito parece que é algo que sempre existiu. Temos a necessidade de possui-lo. Parece que o preconceito nos torna seletivos e mais valorizados perante isto ou aquilo. Sempre fico pensando: " Como pode, uma pessoa, seja negra, judia, mulher, nariguda, obesa, magérrima, orelha-de-abano, enfim.... - pessoas que sofrem preconceitos diversos - terem preconceito??" Não consigo achar uma resposta para isto. Quem já sofreu uma vez sequer por um preconceito qualquer, sabe o quanto é doído ser excluído de algo, em função desta característica. E como pode ter a crueldade de fazer alguém sofrer, esmagando este alguém com alguma espécie de preconceito. Eu acho muita covardia e muita crueldade isto tudo. Abomino os preconceitos. Preconceito é o mal de vários séculos, que espero que não deixemos de legado para nossas futuras gerações.
Fervo - Você sempre foi aceita por sua família e nunca precisou usar da prostituição para conseguir se manter. A prostituição é quase um carma para as travestis/transexuais, mesmo as que não se prostituem são tratadas como tal. Na sua opinião o que os grupos GLBTS poderiam fazer para mudar esta imagem e esta realidade?
Maitê: A imagem das travestis e transexuais sempre esteve ligada muito à prostituição, por ser esta a forma de vida única em que éramos aceitas. Era este o único trabalho "digno" que nos ofertavam. E teve época em que quiseram até delimitar territórios e regras para este trabalho. Em primeiro lugar, creio que devemos acabar com a moralização da prostituição. Todos e todas têm o direito de fazerem o que quiserem com seu corpo, desde que não se firam normas de sociedade e de convívio comum. Posto isto, acredito que o trabalho dos grupos GLBTS e da sociedade civil organizada em geral, seja dar condição igualitária para que todo mundo possa ser o que desejar. Não se deve ter regras, mesmo que "implícitas", de que travesti e transexual tem que se prostituir, de que pobre tem que mendigar e cuidar de carros, de que negros tem que ser porteiros ou mecânicos... enfim, estas besteiradas todas. Os grupos, entidades e associações em geral, devem lutar pela busca desta igualdade. Com isto, paralelamente, iremos construindo auto-estima, confiança individual em cada cidadão e também aumentando a valorização de cada um perante o mundo em que vive. Se a pessoa quiser se prostituir, tem que ter este direito. O que não pode acontecer, é ir para a prostituição "sem querer", por não conseguir outra forma de sobrevivência, devido ao preconceito e ignorância existentes. Temos que tirar da teoria a linda frase de que todos somos iguais, e começarmos a praticá-la.
Fervo - Luiz Mott (presidente do Grupo Gay da Bahia) sugeriu, na última reunião do Conselho Nacional dos Direitos Humanos que fossem reservadas vagas para gays em universidades e cargos públicos. O que você acha desta idéia? Acha que diminuiria a discriminação?
Maitê: Ainda não tenho uma opinião formada sobre isto. Creio que talvez em termos de visibilidade esta tática seja boa, mas acho que isto tudo é somente um atalho. Creio que deveremos partir para a luta pela educação de base. Está na hora de mudarmos conceitos e fazer vigorar leis lindas e que não são colocadas em prática. Está na hora de irmos às faculdades e nos centros acadêmicos e discutirmos abertamente a questão homossexual e transexual. Está na hora de radicalizarmos mais amplamente e não ficarmos mais querendo esmolas e migalhas. Não sei se estou falando besteira ou não. Como eu disse, ainda estou meio confusa, sobre esta questão, mas no momento é assim que penso...
Fervo - Num dos primeiros textos seus que eu li, você afirmava que as pessoas ainda se espantavam muito com os gays porque eles não tinham coragem de mostrar seus sentimentos. Hoje o que vejo é caminharmos cada vez mais para um gueto. Neste gueto temos hotéis para gays, cabeleireiros para gays, escolas para filhos de gays,... No ponto de vista comercial este pode ser um bom nicho, mas até que ponto isto colabora para diminuir o preconceito?
Maitê: Estamos num momento de transição. É complicado, para quem sempre se sentiu errado, sujo e "com problemas", passar a mudar esta mentalidade da noite para o dia. O gueto deveria ser a nossa porta de saída para a globalização dos seres humanos. Globalização, no sentido de unificação para crescimento, entende? O gueto nunca deve ser usado como alternativa final para grupo nenhum. Deve ser válvula de escape até que se consiga a devida coragem de ousar tentar esta unificação em busca de um mundo melhor e mais unido. O gueto como caminho, eu acho válido, pois incentiva um conhecimento único e talvez "facilitado" mais próximo do lugar comum. Agora o gueto, como sua moradia final eu acho péssimo. Sou contra panelinhas, guetos, redutos e contra qualquer espaço que limite minha condição de ser em qualquer estágio.
Fervo - Toda a literatura sobre transexualismo afirma que uma pessoa transexual não precisa obrigatoriamente fazer uma cirurgia de adequação do órgão genital. Porém, a literatura médica, afirma que há sim a cura para o transexualismo e que esta cura é a operação de mudança de sexo. Daí esbarramos em problemas técnicos, como cirurgias mal feitas e falta de apoio governamental ao problema do(a) transexual. O que está sendo feito para garantir aos (às) transexuais o direito a viver bem com o seu corpo?
Maitê: O CFM (Conselho Federal de Medicina) está tentando o melhor caminho. Temos projetos para alteração de registro civil das transexuais, em andamento. Enfim, temos algumas coisas BEM encaminhadas. Lógico que é preciso que todo este benefício seja acompanhado por gente séria, competente e que conheça realmente as nossas necessidades, demandas e anseios. Lógico que enquanto não abrirmos a transexualidade para uma discussão mais ampla, inclusive nos meios acadêmicos, esbarraremos em mais preconceito ainda. Aos poucos as transexuais estão deixando de serem vistas como aberrações psicológicas ou incapazes totais. Começa-se a entender a transexualidade e perceber que a sociedade e o Estado podem ajudar à adaptação e correção da transexual ao que realmente ela é em essência.
Fervo - Há muitos anos você é engaja politicamente. Durante todo este período qual foi a sua pior experiência como líder GLBT?
Maitê: Puxa, líder??? Que peso esta palavra.. hehehe. As piores experiências de militância são, sem dúvida, quando vejo um amigo, uma amiga ou até um anônimo qualquer, sangrando até a morte, ser dilacerado com violência até não conseguir respirar, ser degolado, ser asfixiado e falecer agonizando sem ter culpa de nada. Por ser "fora do padrão correto" do que o assassino acha certo, já vi muitas vidas serem perdidas. Já perdi muitos colegas, amig@s e já vi vários tipos de mortes e com diversos requintes de crueldades em cada morte. Já vi de tudo um pouco e isto tudo me dói muito. Dói demais. Penso sempre: " Por que não cheguei antes, por que não tentei algo mais intensamente..." Sinto-me meio inútil.. não é um bom sentimento....: ((
Fervo - E qual foi a sua melhor experiência?
Maitê: Ahh foram tantas... Ver alguém feliz pelo simples fato de ter podido desabafar "seu segredo", ver a alegria de um filho que conta para seus pais sobre sua sexualidade, ver as pessoas trabalhando sem serem discriminadas. Saindo, namorando e principalmente vivendo, sem precisar se esconder de nada e de ninguém. De cabeça erguida e de peito aberto.
Fervo - Temos muito forte o conceito de orgulho gay, o conceito de ser feliz por ser quem é e conseguir assumir a sua sexualidade numa sociedade tão homofóbica. Nesta última pergunta, o que você tem a dizer aos jovens que tem medo de assumir? Como podemos aumentar o nosso orgulho de sermos gays?
Maitê: Não creio que devemos aumentar somente o orgulho de ser gay.. devemos é ter orgulho de ser gente em primeiro lugar. De sermos pensantes, inteligentes e únicos. Devemos celebrar a vida e o fato de estarmos vivos. Digo, aos jovens, à você que é jovem, que tudo na vida tem o seu momento. O momento pode ser agora, pode ser amanhã, pode estar ainda longe. Mas tenha certeza, o momento ainda não passou. Quando você sentir dentro de ti, um sininho tocando, uma campainha buzinando ou uma voz que não quer mais calar, solte a voz, grite e diga ao mundo TUDO o que você pensa e quer. Somente VOCÊ saberá este momento. Sinta dentro de você mesmo esta voz e saberás o momento correto de tudo acontecer.
Por Pamella Anderson
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
SANTA SÉ: Novas avaliações para se ser Padre
Disponível em:
http://portugalgay.pt/news/?uid=311008D&title=SANTA
+S%C9%3A+Novas+avalia%E7%F5es+para+se+ser+Padre
Sexta-feira, 31 Outubro 2008 01:28
O Vaticano fez saber que os candidatos a padre, (homens que desejem ser padres), antes de ingressar no seminário, serão submetidos a testes psicológicos, coma finalidade de detectar personalidades menos fortes, e por isso incapazes de entregarem a uma vida celibatária.
Neste novo documento, o segundo em três anos, desde os escândalos sexuais, o Vaticano diz: “A Igreja tem o dever de identificar uma vocação e as vulnerabilidades dos candidatos ao ministério paroquial; … O ministério paroquial requer certas habilidades bem como virtudes morais e teológicos as quais se baseiam em um equilíbrio humano e psíquico – um equilíbrio particularmente eficiente – de forma a permitir ao sujeito estar predisposto adequadamente para entregar-se à vida celibatária”
Embora estes testes não sejam obrigatórios, os mesmos poderiam revestir-se de grande importância para o reitor que deseje ter a certeza da vocação dos seus seminaristas
Os testes serão executados por técnicos habilitados (psicólogos) e pretende identificar “imaturidade grave” e desequilíbrios de personalidade, os mesmos que a igreja atribuiu aos homossexuais.
http://portugalgay.pt/news/?uid=311008D&title=SANTA
+S%C9%3A+Novas+avalia%E7%F5es+para+se+ser+Padre
Sexta-feira, 31 Outubro 2008 01:28
O Vaticano fez saber que os candidatos a padre, (homens que desejem ser padres), antes de ingressar no seminário, serão submetidos a testes psicológicos, coma finalidade de detectar personalidades menos fortes, e por isso incapazes de entregarem a uma vida celibatária.
Neste novo documento, o segundo em três anos, desde os escândalos sexuais, o Vaticano diz: “A Igreja tem o dever de identificar uma vocação e as vulnerabilidades dos candidatos ao ministério paroquial; … O ministério paroquial requer certas habilidades bem como virtudes morais e teológicos as quais se baseiam em um equilíbrio humano e psíquico – um equilíbrio particularmente eficiente – de forma a permitir ao sujeito estar predisposto adequadamente para entregar-se à vida celibatária”
Embora estes testes não sejam obrigatórios, os mesmos poderiam revestir-se de grande importância para o reitor que deseje ter a certeza da vocação dos seus seminaristas
Os testes serão executados por técnicos habilitados (psicólogos) e pretende identificar “imaturidade grave” e desequilíbrios de personalidade, os mesmos que a igreja atribuiu aos homossexuais.
EUA: Universidade cristã expulsa aluno por ser homossexual
Disponível em:
Domingo, 16 Abril 2006 13:02
EUA_Um jovem estudante de 20 anos foi expulso da University of the Cumberlands, um colégio baptista de Williamsburg, Kentucky, depois de a administração da escola ter tomado conhecimento da sua página pessoal na Internet, onde se apresentava como homossexual. No perfil online publicado no MySpace.com, um dos websites mais populares entre a juventude americana, Jason Johnson, aluno do Departamento de Artes Dramáticas, descreve os seus gostos literários e musicais, definindo a sua personalidade com o título "the gay guy".
O presidente da Universidade, Jim Taylor, emitiu uma declaração dizendo que aos alunos de Cumberlands são exigidos os "mais altos padrões éticos" e o respeito pelos princípios cristãos defendidos pela Igreja Baptista, que abertamente condena a homossexualidade. "Consideramos que o homem e a mulher foram criados para ser diferentes e recusamos desculparmo-nos pela nossa fé e pelas nossas convicções", escreveu o presidente. "Todos os alunos que se inscrevem nesta escola estão conscientes das nossas regras e conhecem as consequências de não as cumprir", acrescentou.
O Guia do Estudante publicado pela Universidade para o ano lectivo de 2005/06 afirma especificamente que "qualquer aluno que participe ou promova comportamentos sexuais inconsistentes com os princípios cristãos, incluindo sexo fora do casamento ou homossexualidade, pode ser suspenso ou convidado a sair". Mas o guia de 2003, data da inscrição de Jason Johnson, não contém nenhuma referência a essas orientações superiores ou a nenhum regulamento discriminatório dos homossexuais.
Estudantes indignados
No campus da Universidade, a reacção dos outros estudantes tem sido de indignação. "Há muitos alunos indignados com esta decisão. Jason personifica todos os valores cristãos que a Universidade diz querer promover. Não percebo por que é que a administração persegue um aluno por homossexualidade e nada faz em relação a outras práticas, como, por exemplo, o consumo de álcool ou de drogas", declarou Jennifer Roberts ao jornal local Lexington Herald-Leader.
"Eles são uns hipócritas", acusa outro estudante. "Se o que eles defendem é o respeito pelos princípios cristãos, deviam amar o próximo e aceitá-lo tal como ele é. Porque é que estão a expulsá-lo?", questiona.
Em Janeiro deste ano, uma outra Universidade cristã, a John Brown University, em Siloam Springs, Arkansas, também cancelou a matrícula a um aluno, depois de os administradores terem sido alertados para o conteúdo de um diário pessoal publicado na Internet. Michael Guinn, de 22 anos, descreveu no seu diário cenas de sexo, bebida e jogo - foi acusado de violar as regras de conduta internas do campus e viu a sua matrícula revogada, apesar de poder teoricamente voltar a candidatar-se à frequência da mesma Universidade no próximo ano lectivo.
Domingo, 16 Abril 2006 13:02
EUA_Um jovem estudante de 20 anos foi expulso da University of the Cumberlands, um colégio baptista de Williamsburg, Kentucky, depois de a administração da escola ter tomado conhecimento da sua página pessoal na Internet, onde se apresentava como homossexual. No perfil online publicado no MySpace.com, um dos websites mais populares entre a juventude americana, Jason Johnson, aluno do Departamento de Artes Dramáticas, descreve os seus gostos literários e musicais, definindo a sua personalidade com o título "the gay guy".
O presidente da Universidade, Jim Taylor, emitiu uma declaração dizendo que aos alunos de Cumberlands são exigidos os "mais altos padrões éticos" e o respeito pelos princípios cristãos defendidos pela Igreja Baptista, que abertamente condena a homossexualidade. "Consideramos que o homem e a mulher foram criados para ser diferentes e recusamos desculparmo-nos pela nossa fé e pelas nossas convicções", escreveu o presidente. "Todos os alunos que se inscrevem nesta escola estão conscientes das nossas regras e conhecem as consequências de não as cumprir", acrescentou.
O Guia do Estudante publicado pela Universidade para o ano lectivo de 2005/06 afirma especificamente que "qualquer aluno que participe ou promova comportamentos sexuais inconsistentes com os princípios cristãos, incluindo sexo fora do casamento ou homossexualidade, pode ser suspenso ou convidado a sair". Mas o guia de 2003, data da inscrição de Jason Johnson, não contém nenhuma referência a essas orientações superiores ou a nenhum regulamento discriminatório dos homossexuais.
Estudantes indignados
No campus da Universidade, a reacção dos outros estudantes tem sido de indignação. "Há muitos alunos indignados com esta decisão. Jason personifica todos os valores cristãos que a Universidade diz querer promover. Não percebo por que é que a administração persegue um aluno por homossexualidade e nada faz em relação a outras práticas, como, por exemplo, o consumo de álcool ou de drogas", declarou Jennifer Roberts ao jornal local Lexington Herald-Leader.
"Eles são uns hipócritas", acusa outro estudante. "Se o que eles defendem é o respeito pelos princípios cristãos, deviam amar o próximo e aceitá-lo tal como ele é. Porque é que estão a expulsá-lo?", questiona.
Em Janeiro deste ano, uma outra Universidade cristã, a John Brown University, em Siloam Springs, Arkansas, também cancelou a matrícula a um aluno, depois de os administradores terem sido alertados para o conteúdo de um diário pessoal publicado na Internet. Michael Guinn, de 22 anos, descreveu no seu diário cenas de sexo, bebida e jogo - foi acusado de violar as regras de conduta internas do campus e viu a sua matrícula revogada, apesar de poder teoricamente voltar a candidatar-se à frequência da mesma Universidade no próximo ano lectivo.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Preconceito nas universidades(parte IV)
Professor gay: desafios e conquistas
Medo de retaliação e preconceito leva docentes a omitir opção sexual
Quando se fala de universidade e Ensino Superior, instantaneamente somos remetidos à imagem de um ambiente de discussão de idéias relevantes, tanto em âmbito nacional como internacional, na busca da evolução da sociedade. Mesmo alunos mais jovens que, às vezes, não estão preparados para esta realidade, aos poucos, são inseridos em um novo ambiente que os instigue a pensar de forma mais ampla e livre de preconceitos. Preconceitos que podem demorar ultrapassar as barreiras da sala de aula.
No Brasil, o clima amistoso entre universitários é bem comum. Por isso, ter um colega de classe gay, tudo bem. Mas, e o professor, se assume perante colegas e alunos? Não. Muitos professores homossexuais preferem omitir sua opção para evitar conflitos, retaliações ou possíveis constrangimentos na universidade. Não só por parte dos alunos, mas dos colegas docentes e, ainda, por funcionários das instituições. "Certamente 99% dos gays e lésbicas professores vivem presos dentro da gaveta do enrustimento. Têm medo de se assumir, com medo de serem demitidos ou terem sua carreira prejudicada", revela o doutor em Antropologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Luiz Mott.
Ele, que assumiu sua homossexualidade em 1972, uma época extremamente díficil para se posicionar desta forma, conta que lutou muito para combater o preconceito no Ensino Superior. Batalhas travadas para mostrar o quanto sua competência era maior que o estigma lhe dado por conta de sua orientação sexual. "Em toda minha vida sofri dois casos explícitos de discriminação", lembra. O primeiro aconteceu assim que fora convidado para lecionar na UFBA. "Uma amiga indicou meu nome para o cargo e um certo professor disse: mas você sabia que ele é gay? Ela respondeu: sim, mas o que está em jogo é a competência e não a opção sexual do professor", conta.
O segundo caso de discriminação aconteceu quando ele já atuava no departamento de Antropologia da UFBA e havia sido indicado para o cargo de chefia. "Estavam discutindo em uma reunião, a qual eu não estava presente, os possíveis nomes para a chefia. Indicaram meu nome e um professor disse: `E veado pode ser chefe de departamento?´ Obviamente fui questionar com ele quando soube deste episódio, já que era o mais antigo e qualificado para o cargo. Ele negou, mas os outros professores confirmaram sua declaração na reunião", diz.
Mott acrescenta que os casos de perseguição contra os docentes homossexuais são mais comuns do que se imagina. Por meio do grupo Gay da Bahia chegam ao seu conhecimento as mais variadas denúncias. "Soube de professores gays que tiveram suas notas conferidas para ver se privilegiavam os rapazes!", diz. Certa vez, um professor em Natal sofreu contrangimentos por ter publicado um poema homoerótico numa revista nacional. Tal comportamento homofóbico pode fazer com que muitos professores prefiram se manter "às escuras" sem que levem as discussões sobre sexualidade para as salas de aula."Creio que 1% dos assumidos/as raramente utiliza as salas de aula para falar sobre homossexualidade, embora todos os alunos e colegas saibam de sua orientação sexual", revela.
Tema em pauta na sala de aula
Existem, porém, iniciativas por parte das instituições e mesmo de professores, que não necessariamente são homossexuais e estudam o assunto, de debater o tema em classe. Por mais que eles digam que a iniciativa não tenha o objetivo exclusivo de conscientizar, nota-se que ela funciona na promoção da igualdade social.
A professora da UnB (Universidade de Brasília) Ana Galinkin, que leciona a disciplina de Psicologia de Gêneros na pós-graduação, conta que há várias linhas de pesquisa sobre gêneros e homossexualidade. Além disso, em sua classe estudam alunos homossexuais e heterossexuais e a convivência é muito saudável. "É isso que vale ressaltar, a diversidade de opiniões é muito sadia. Ninguém é obrigado a achar normal a homossexualidade do outro, o que está errado é discriminar", ressalta. Segundo ela, o tema homossexualidade acaba sendo sempre mais polêmico em sua disciplina do que quando se discute o preconceito e a discriminação da mulher, mas ainda assim o assunto é levado com bastante tranqüilidade. "Nunca vivi uma experiência de preconceito entre meus alunos o que leva a crer que a convivência pode ser muito sadia desde que os jovens sejam levados a refletir, questionar e estejam sempre lidando com o assunto", conclui.
Fonte: UFRR
Medo de retaliação e preconceito leva docentes a omitir opção sexual
Quando se fala de universidade e Ensino Superior, instantaneamente somos remetidos à imagem de um ambiente de discussão de idéias relevantes, tanto em âmbito nacional como internacional, na busca da evolução da sociedade. Mesmo alunos mais jovens que, às vezes, não estão preparados para esta realidade, aos poucos, são inseridos em um novo ambiente que os instigue a pensar de forma mais ampla e livre de preconceitos. Preconceitos que podem demorar ultrapassar as barreiras da sala de aula.
No Brasil, o clima amistoso entre universitários é bem comum. Por isso, ter um colega de classe gay, tudo bem. Mas, e o professor, se assume perante colegas e alunos? Não. Muitos professores homossexuais preferem omitir sua opção para evitar conflitos, retaliações ou possíveis constrangimentos na universidade. Não só por parte dos alunos, mas dos colegas docentes e, ainda, por funcionários das instituições. "Certamente 99% dos gays e lésbicas professores vivem presos dentro da gaveta do enrustimento. Têm medo de se assumir, com medo de serem demitidos ou terem sua carreira prejudicada", revela o doutor em Antropologia pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Luiz Mott.
Ele, que assumiu sua homossexualidade em 1972, uma época extremamente díficil para se posicionar desta forma, conta que lutou muito para combater o preconceito no Ensino Superior. Batalhas travadas para mostrar o quanto sua competência era maior que o estigma lhe dado por conta de sua orientação sexual. "Em toda minha vida sofri dois casos explícitos de discriminação", lembra. O primeiro aconteceu assim que fora convidado para lecionar na UFBA. "Uma amiga indicou meu nome para o cargo e um certo professor disse: mas você sabia que ele é gay? Ela respondeu: sim, mas o que está em jogo é a competência e não a opção sexual do professor", conta.
O segundo caso de discriminação aconteceu quando ele já atuava no departamento de Antropologia da UFBA e havia sido indicado para o cargo de chefia. "Estavam discutindo em uma reunião, a qual eu não estava presente, os possíveis nomes para a chefia. Indicaram meu nome e um professor disse: `E veado pode ser chefe de departamento?´ Obviamente fui questionar com ele quando soube deste episódio, já que era o mais antigo e qualificado para o cargo. Ele negou, mas os outros professores confirmaram sua declaração na reunião", diz.
Mott acrescenta que os casos de perseguição contra os docentes homossexuais são mais comuns do que se imagina. Por meio do grupo Gay da Bahia chegam ao seu conhecimento as mais variadas denúncias. "Soube de professores gays que tiveram suas notas conferidas para ver se privilegiavam os rapazes!", diz. Certa vez, um professor em Natal sofreu contrangimentos por ter publicado um poema homoerótico numa revista nacional. Tal comportamento homofóbico pode fazer com que muitos professores prefiram se manter "às escuras" sem que levem as discussões sobre sexualidade para as salas de aula."Creio que 1% dos assumidos/as raramente utiliza as salas de aula para falar sobre homossexualidade, embora todos os alunos e colegas saibam de sua orientação sexual", revela.
Tema em pauta na sala de aula
Existem, porém, iniciativas por parte das instituições e mesmo de professores, que não necessariamente são homossexuais e estudam o assunto, de debater o tema em classe. Por mais que eles digam que a iniciativa não tenha o objetivo exclusivo de conscientizar, nota-se que ela funciona na promoção da igualdade social.
A professora da UnB (Universidade de Brasília) Ana Galinkin, que leciona a disciplina de Psicologia de Gêneros na pós-graduação, conta que há várias linhas de pesquisa sobre gêneros e homossexualidade. Além disso, em sua classe estudam alunos homossexuais e heterossexuais e a convivência é muito saudável. "É isso que vale ressaltar, a diversidade de opiniões é muito sadia. Ninguém é obrigado a achar normal a homossexualidade do outro, o que está errado é discriminar", ressalta. Segundo ela, o tema homossexualidade acaba sendo sempre mais polêmico em sua disciplina do que quando se discute o preconceito e a discriminação da mulher, mas ainda assim o assunto é levado com bastante tranqüilidade. "Nunca vivi uma experiência de preconceito entre meus alunos o que leva a crer que a convivência pode ser muito sadia desde que os jovens sejam levados a refletir, questionar e estejam sempre lidando com o assunto", conclui.
Fonte: UFRR
Preconceito nas universidades(parte III)
Do outro lado
Quem assumiu sua homossexualidade, por sua vez, acredita que o preconceito existe, mas dificilmente os atinge. "As pessoas podem até pensar, mas não vão chegar até mim e falar: olha, eu acho que está errado você ser gay", diz Marcos A. Sousa, de 22 anos, estudante de Jornalismo da Unicsul. "Assumi minha homossexualidade porque senti afinidade com a turma e conquistei o respeito dos colegas", conta. Hoje, no 3º ano da faculdade, até os colegas heterossexuais - meninos - o cumprimentam com um selinho. "É lógico que não são todos, mas alguns não têm o menor problema em retribuir desta forma", diz.
Quem pensa que o estudante ganhou o respeito facilmente, mal pode imaginar o que ele passou nos dois primeiros anos do curso, quando não havia ainda assumido sua preferência. "Não me sentia à vontade. No começo, você não conhece ninguém e, entre os meninos, é inevitável rolar piadinhas sobre gays. Muitas vezes eu até entrava na onda, só com o tempo e o respeito que conquistei por ser articulado, ter muitos amigos e estar sempre de bem com a vida", lembra o estudante. Até que, um dia, no fim do segundo ano da faculdade, quando a turma se dividiria entre jornalismo e publicidade, ao se despedir, Marcos levantou no meio da sala de aula, e disse: "eu queria dizer, para quem não sabe, que sou gay. E agradecer pelo apoio e respeito dos colegas que nunca me trataram diferente".
Mas, para se assumir, nem todos sentem necessidade de gritar, assim, aos quatro ventos. Marcelo Croci, de 22 anos, estudante de Administração, por exemplo, preferiu ter uma postura discreta, e acredita que por isso não tenha enfrentado grandes problemas na universidade. "As pessoas até estão preparadas para saber, mas não para ver. Quem é discreto acaba sendo aceito com mais facilidade", opina. O ambiente universitário lhe deu confiança para assumir sua preferência sexual e, também, para conversar com seus pais. Foi no início da faculdade, aos 17 anos, e já com um namorado, que ele decidiu contar para a família. "A princípio eles acharam que eu era muito novo para decidir minha opção sexual, encararam como algo passageiro. Com o tempo, viram que não era 'fogo de palha', e aceitaram", revela o estudante.
Rafael Silva Martins, de 24 anos, estudande do curso de Publicidade conta que teve mais dificuldade em casa do que na faculdade ao assumir sua homossexualidade. Ele, cujo o irmão mais velho também já havia assumido ser gay, diz que a parte mais dolorosa foi encarar a reação dos pais. "Minha mãe ficou um bom tempo chorando no banheiro, mas entendeu. Meu pai é um pouco mais distante. Não falo sobre este assunto com ele. Tenho um namorado e às vezes ele pergunta se está tudo bem conosco, é receptivo. O carinho não mudou, mas foi difícil", diz.
Quem assumiu sua homossexualidade, por sua vez, acredita que o preconceito existe, mas dificilmente os atinge. "As pessoas podem até pensar, mas não vão chegar até mim e falar: olha, eu acho que está errado você ser gay", diz Marcos A. Sousa, de 22 anos, estudante de Jornalismo da Unicsul. "Assumi minha homossexualidade porque senti afinidade com a turma e conquistei o respeito dos colegas", conta. Hoje, no 3º ano da faculdade, até os colegas heterossexuais - meninos - o cumprimentam com um selinho. "É lógico que não são todos, mas alguns não têm o menor problema em retribuir desta forma", diz.
Quem pensa que o estudante ganhou o respeito facilmente, mal pode imaginar o que ele passou nos dois primeiros anos do curso, quando não havia ainda assumido sua preferência. "Não me sentia à vontade. No começo, você não conhece ninguém e, entre os meninos, é inevitável rolar piadinhas sobre gays. Muitas vezes eu até entrava na onda, só com o tempo e o respeito que conquistei por ser articulado, ter muitos amigos e estar sempre de bem com a vida", lembra o estudante. Até que, um dia, no fim do segundo ano da faculdade, quando a turma se dividiria entre jornalismo e publicidade, ao se despedir, Marcos levantou no meio da sala de aula, e disse: "eu queria dizer, para quem não sabe, que sou gay. E agradecer pelo apoio e respeito dos colegas que nunca me trataram diferente".
Mas, para se assumir, nem todos sentem necessidade de gritar, assim, aos quatro ventos. Marcelo Croci, de 22 anos, estudante de Administração, por exemplo, preferiu ter uma postura discreta, e acredita que por isso não tenha enfrentado grandes problemas na universidade. "As pessoas até estão preparadas para saber, mas não para ver. Quem é discreto acaba sendo aceito com mais facilidade", opina. O ambiente universitário lhe deu confiança para assumir sua preferência sexual e, também, para conversar com seus pais. Foi no início da faculdade, aos 17 anos, e já com um namorado, que ele decidiu contar para a família. "A princípio eles acharam que eu era muito novo para decidir minha opção sexual, encararam como algo passageiro. Com o tempo, viram que não era 'fogo de palha', e aceitaram", revela o estudante.
Rafael Silva Martins, de 24 anos, estudande do curso de Publicidade conta que teve mais dificuldade em casa do que na faculdade ao assumir sua homossexualidade. Ele, cujo o irmão mais velho também já havia assumido ser gay, diz que a parte mais dolorosa foi encarar a reação dos pais. "Minha mãe ficou um bom tempo chorando no banheiro, mas entendeu. Meu pai é um pouco mais distante. Não falo sobre este assunto com ele. Tenho um namorado e às vezes ele pergunta se está tudo bem conosco, é receptivo. O carinho não mudou, mas foi difícil", diz.
Preconceito nas universidades( parte II)
O atraso brasileiro
Segundo o antropólogo, mesmo abrigando a maior parada gay do mundo - evento realizado aualmente na cidade de São Paulo - o Brasil é um país extremamente homofóbico e está deveras atrasado em relação a outras nações na luta pela inclusão dos homossexuais. Isso se reflete nas instituições de Ensino Superior, já que ainda é baixo o número de iniciativas para diminuir o preconceito em relação à diversidade sexual e de projetos de conscientização dos jovens sobre o tema dentro delas. "Nos Estados Unidos, as universidades possuem grupos acadêmicos de estudos homoeróticos, em diversas áreas, as publicações sobre os temas são muito importantes e existem sites que dão acesso a este tipo de bibliografia", conta Mott.
Além disso, ele afirma que as instituições norte-americanas também oferecem um amplo leque em áreas de pesquisa e cursos de especialização que tratam da homossexualidade. "Isso é algo quase inexistente no Brasil", lamenta. Os Estados Unidos também ofertam cursos com uma temática voltada para homossexuais tanto na graduação, como na pós-graduação, além de terem instituído um mês específico de estudos gays e lésbicos. Durante este mês, todas as universidades e high schools participam de palestras e debates sobre o tema. "Sempre que visitava este país ficava frustrado ao perceber como o Brasil estava distante desta realidade", lembra.
Mas o que poderia ser feito nas instituições brasileiras para mudar esta realidade? Para o antropólogo da UFBA, além da divulgação do tema por meio de palestras, outra alternativa válida seria garantir informação correta e de qualidade sobre a homossexualidade. "Equipar as bibliotecas com livros que tratem sobre o assunto de forma moderna e humanista, e conscientizar alunos que o racismo, a homofobia, o machismo, entre outros preconceitos baseados na ignorância estão errados e que é preciso respeitar a igualdade seriam atitudes significativas", defende. Em sua opinião, este seria um primeiro passo para que outros dois pilares fundamentais para combater o preconceito dentro e fora da universidade fossem erguidos. Em primeiro lugar, dar mais visibilidade ao tema, a partir do momento que os homossexuais se assumissem sem medo, tendo como apoio políticas afirmativas na instituição e associações que defendam seus direitos. E, em segundo lugar, cobrar dos órgãos públicos como a polícia e a justiça severidade na investigação e punição de crimes baseados na homofobia. "Devemos ser intolerantes contra a intolerância. Não mais permitindo que professores e alunos discriminem seus colegas pela homossexualidade", conclui
Gays e heteros na facul: dá para conviver?
Como se relacionam no campus e o diz-que-me-diz-que nos corredores
Por Lilian Burgardt
Para muitos alunos gays e lésbicas, a fase universitária acaba sendo o momento propício para assumir sua preferência sexual perante a família, os colegas e a sociedade. Sair do armário fica mais fácil (ou menos difícil) nessa época por conta de um ambiente liberal onde a divergência de opiniões é razoavelmente respeitada. O que não quer dizer que não há fofocas, piadinhas e gente incomodada, como o estudante universitário do 5º semestre de Jornalismo, Obede Rocha Viana Júnior, de 21 anos. "Não condeno quem é gay. Tampouco discrimino, mas não concordo com este tipo de relacionamento", declara. Ele assume que se sente desconfortável ao ver casais de gays e lésbicas se beijando na universidade, apesar do relacionamento "entre meninas" parecer menos agressivo. "A homossexualidade entre meninos é mais chocante. Não dou muita atenção quando vejo casais assim, não vou lá interrompê-los nem nada, mas se me perguntarem o que eu acho...", avisa o estudante.
Um outro aluno, do curso de criação e produção gráfica, de 20 anos, que preferiu não se identificar, também concorda com Viana Junior. "Por uma questão religiosa não acho correto e nem normal duas pessoas do mesmo sexo se relacionarem. Claro que entre homens é sempre mais agressivo, nojento. Com as meninas, às vezes, pode ser interpretado até como fetiche, mas ainda assim sou contra", ressalta.
Já Marcelo Oliveira, de 20 anos, do curso de Secretariado Executivo Bilíngue da FATEC (Faculdade Tecnológica de São Paulo), não vê o menor problema neste tipo de relação. "O preconceito de qualquer ordem é ruim e deve, sim, ser reprimido", acredita. Ele diz isso porque sofre na pele preconceito por ter escolhido uma carreira cuja maioria dos estudantes são gays e mulheres. "Já ouvi piadinhas do tipo: 'por que você não faz um curso de homem?', 'vai fazer curso superior pra servir cafézinho?Hora-extra com o chefe?'".
Segundo o antropólogo, mesmo abrigando a maior parada gay do mundo - evento realizado aualmente na cidade de São Paulo - o Brasil é um país extremamente homofóbico e está deveras atrasado em relação a outras nações na luta pela inclusão dos homossexuais. Isso se reflete nas instituições de Ensino Superior, já que ainda é baixo o número de iniciativas para diminuir o preconceito em relação à diversidade sexual e de projetos de conscientização dos jovens sobre o tema dentro delas. "Nos Estados Unidos, as universidades possuem grupos acadêmicos de estudos homoeróticos, em diversas áreas, as publicações sobre os temas são muito importantes e existem sites que dão acesso a este tipo de bibliografia", conta Mott.
Além disso, ele afirma que as instituições norte-americanas também oferecem um amplo leque em áreas de pesquisa e cursos de especialização que tratam da homossexualidade. "Isso é algo quase inexistente no Brasil", lamenta. Os Estados Unidos também ofertam cursos com uma temática voltada para homossexuais tanto na graduação, como na pós-graduação, além de terem instituído um mês específico de estudos gays e lésbicos. Durante este mês, todas as universidades e high schools participam de palestras e debates sobre o tema. "Sempre que visitava este país ficava frustrado ao perceber como o Brasil estava distante desta realidade", lembra.
Mas o que poderia ser feito nas instituições brasileiras para mudar esta realidade? Para o antropólogo da UFBA, além da divulgação do tema por meio de palestras, outra alternativa válida seria garantir informação correta e de qualidade sobre a homossexualidade. "Equipar as bibliotecas com livros que tratem sobre o assunto de forma moderna e humanista, e conscientizar alunos que o racismo, a homofobia, o machismo, entre outros preconceitos baseados na ignorância estão errados e que é preciso respeitar a igualdade seriam atitudes significativas", defende. Em sua opinião, este seria um primeiro passo para que outros dois pilares fundamentais para combater o preconceito dentro e fora da universidade fossem erguidos. Em primeiro lugar, dar mais visibilidade ao tema, a partir do momento que os homossexuais se assumissem sem medo, tendo como apoio políticas afirmativas na instituição e associações que defendam seus direitos. E, em segundo lugar, cobrar dos órgãos públicos como a polícia e a justiça severidade na investigação e punição de crimes baseados na homofobia. "Devemos ser intolerantes contra a intolerância. Não mais permitindo que professores e alunos discriminem seus colegas pela homossexualidade", conclui
Gays e heteros na facul: dá para conviver?
Como se relacionam no campus e o diz-que-me-diz-que nos corredores
Por Lilian Burgardt
Para muitos alunos gays e lésbicas, a fase universitária acaba sendo o momento propício para assumir sua preferência sexual perante a família, os colegas e a sociedade. Sair do armário fica mais fácil (ou menos difícil) nessa época por conta de um ambiente liberal onde a divergência de opiniões é razoavelmente respeitada. O que não quer dizer que não há fofocas, piadinhas e gente incomodada, como o estudante universitário do 5º semestre de Jornalismo, Obede Rocha Viana Júnior, de 21 anos. "Não condeno quem é gay. Tampouco discrimino, mas não concordo com este tipo de relacionamento", declara. Ele assume que se sente desconfortável ao ver casais de gays e lésbicas se beijando na universidade, apesar do relacionamento "entre meninas" parecer menos agressivo. "A homossexualidade entre meninos é mais chocante. Não dou muita atenção quando vejo casais assim, não vou lá interrompê-los nem nada, mas se me perguntarem o que eu acho...", avisa o estudante.
Um outro aluno, do curso de criação e produção gráfica, de 20 anos, que preferiu não se identificar, também concorda com Viana Junior. "Por uma questão religiosa não acho correto e nem normal duas pessoas do mesmo sexo se relacionarem. Claro que entre homens é sempre mais agressivo, nojento. Com as meninas, às vezes, pode ser interpretado até como fetiche, mas ainda assim sou contra", ressalta.
Já Marcelo Oliveira, de 20 anos, do curso de Secretariado Executivo Bilíngue da FATEC (Faculdade Tecnológica de São Paulo), não vê o menor problema neste tipo de relação. "O preconceito de qualquer ordem é ruim e deve, sim, ser reprimido", acredita. Ele diz isso porque sofre na pele preconceito por ter escolhido uma carreira cuja maioria dos estudantes são gays e mulheres. "Já ouvi piadinhas do tipo: 'por que você não faz um curso de homem?', 'vai fazer curso superior pra servir cafézinho?Hora-extra com o chefe?'".
Professores e alunos homossexuais falam de preconceito nas universidades
[Recolhi o material que posto aqui no site: http://www.universia.com.br/
O presente material trata sobre a questão da homossexualidade no espaço acadêmico atualmente. Achei o trabalho interessante,e como já havia publicado anteriormente materiais neste blog sobre a questão da "homossexualidade na escola", e desenvolvendo o tema publico o material neste blog distribuindo-o em postagens, já que pela extenção do material surgiu a nessecidade de "recortá-lo" em duas ou mais partes, para não ficar muito longo numa postagem só. A sua data de publicação no UNIVERSIA é:31/03/2006 ]
O presente material trata sobre a questão da homossexualidade no espaço acadêmico atualmente. Achei o trabalho interessante,e como já havia publicado anteriormente materiais neste blog sobre a questão da "homossexualidade na escola", e desenvolvendo o tema publico o material neste blog distribuindo-o em postagens, já que pela extenção do material surgiu a nessecidade de "recortá-lo" em duas ou mais partes, para não ficar muito longo numa postagem só. A sua data de publicação no UNIVERSIA é:31/03/2006 ]
Inclusão dos homossexuais
Como as universidades podem lidar com a diversidade dentro do campus?
Não é de hoje que o ambiente universitário é conhecido como o local ideal para que os estudantes exponham suas idéias, declarem suas vontades e preferências. O momento de dizer adeus à infância e à adolescência abre espaço para que os indivíduos sintam-se à vontade para assumir suas posições sem medo, ou pelo menos, com mais coragem. Será possível, porém, fazer com que tantas pessoas, sobretudo, diferentes, convivam em harmonia em um mesmo espaço? Realmente não é uma missão das mais simples, especialmente no Brasil onde, apesar da diversidade, o preoconceito e a segregação dos homossexuais ainda é bastante evidente. Embora algumas universidades atuem desenvolvendo programas, pesquisas e projetos especiais com o objetivo de difundir os direitos dos homossexuais e combater perseguição contra eles, para especialistas, o cenário ainda está longe do ideal. "É crescente o número de trabalhos nesta linha, mas ainda assim o movimento dentro das instituições é incipiente", lamenta o doutor em Antropologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e fundador do grupo gay da Bahia, Luiz Mott.
Em parte isto ocorre porque muitos grupos atuantes nas instituições brasileiras são isolados e não contam com apoio da reitoria. Tratam-se de iniciativas levadas à frente pelos alunos das instituições em parceria com diretórios acadêmicos e com o movimento estudantil. É o caso do Prisma, do DCE da USP (Diretório Central de Estudantes da Universidade de São Paulo), que ganhou voz e visibilidade ao organizar o beijaço - manifestação de apoio às alunas da USP agredidas pelo segurança da universidade enquanto namoravam dentro do campus em 2005. A iniciativa mobilizou, inclusive, parte dos estudantes simpatizantes da universidade.
Em atividade desde 2002, o Prisma é um grupo permanente de trabalho do DCE. Charlie Drews, de 20 anos, estudante do curso de História e membro do grupo, explica que sua atuação se divide em dois eixos: o grupo de discussão, que promove o debate de temas sobre a diversidade sexual e o grupo de ação política, responsável pela organização de palestras e eventos, bem como reuniões políticas que promovam ações deliberativas sobre o tema. "O apoio da reitoria na promoção de palestras e eventos dentro do campus, sem dúvida, ajudaria para que fôssemos ouvidos e que nossas discussões sobre a temática da diversidade sexual chegasse a um leque maior de estudantes. Além disso, apoiando efetivamente esta iniciativa, a instituição se mostraria realmente preocupada com a questão", afirma Drews.
Algumas instituições apóiam a formação de grupos de discussão, tanto dos direitos dos homossexuais como da inclusão social das minorias de uma forma geral. A UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a UnB (Universidade de Brasília) são bons exemplos de instituições que têm grupos formados para combater e discutir temas como opressão e direitos humanos, mas que acabam incorporando a temática da diversidade sexual. "Nossa missão inicial era trabalhar com a inclusão dos cotistas na universidade, agora com o grupo já formado, a idéia é que se desenvolva também discussões e debates sobre outras questões como a homossexualidade", revela o assessor de inclusão e diversidade da UnB, Jaques Jesus.
Apesar de iniciativas isoladas terem seu valor, a integração destes grupos faz uma diferença significativa para combater o preconceito. Por isso, anualmente, encontros como o Enuds (Encontro Nacional Universitário sobre a Diversidade Sexual) são realizados pelos grupos em defesa dos direitos dos homossexuais. "Este tipo de evento permite a troca de experiências entre grupos das mais diversas universidade para a difusão e implementação de projetos bem-sucedidos em outras instituições", ressalta Drews.
Como as universidades podem lidar com a diversidade dentro do campus?
Não é de hoje que o ambiente universitário é conhecido como o local ideal para que os estudantes exponham suas idéias, declarem suas vontades e preferências. O momento de dizer adeus à infância e à adolescência abre espaço para que os indivíduos sintam-se à vontade para assumir suas posições sem medo, ou pelo menos, com mais coragem. Será possível, porém, fazer com que tantas pessoas, sobretudo, diferentes, convivam em harmonia em um mesmo espaço? Realmente não é uma missão das mais simples, especialmente no Brasil onde, apesar da diversidade, o preoconceito e a segregação dos homossexuais ainda é bastante evidente. Embora algumas universidades atuem desenvolvendo programas, pesquisas e projetos especiais com o objetivo de difundir os direitos dos homossexuais e combater perseguição contra eles, para especialistas, o cenário ainda está longe do ideal. "É crescente o número de trabalhos nesta linha, mas ainda assim o movimento dentro das instituições é incipiente", lamenta o doutor em Antropologia da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e fundador do grupo gay da Bahia, Luiz Mott.
Em parte isto ocorre porque muitos grupos atuantes nas instituições brasileiras são isolados e não contam com apoio da reitoria. Tratam-se de iniciativas levadas à frente pelos alunos das instituições em parceria com diretórios acadêmicos e com o movimento estudantil. É o caso do Prisma, do DCE da USP (Diretório Central de Estudantes da Universidade de São Paulo), que ganhou voz e visibilidade ao organizar o beijaço - manifestação de apoio às alunas da USP agredidas pelo segurança da universidade enquanto namoravam dentro do campus em 2005. A iniciativa mobilizou, inclusive, parte dos estudantes simpatizantes da universidade.
Em atividade desde 2002, o Prisma é um grupo permanente de trabalho do DCE. Charlie Drews, de 20 anos, estudante do curso de História e membro do grupo, explica que sua atuação se divide em dois eixos: o grupo de discussão, que promove o debate de temas sobre a diversidade sexual e o grupo de ação política, responsável pela organização de palestras e eventos, bem como reuniões políticas que promovam ações deliberativas sobre o tema. "O apoio da reitoria na promoção de palestras e eventos dentro do campus, sem dúvida, ajudaria para que fôssemos ouvidos e que nossas discussões sobre a temática da diversidade sexual chegasse a um leque maior de estudantes. Além disso, apoiando efetivamente esta iniciativa, a instituição se mostraria realmente preocupada com a questão", afirma Drews.
Algumas instituições apóiam a formação de grupos de discussão, tanto dos direitos dos homossexuais como da inclusão social das minorias de uma forma geral. A UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a UnB (Universidade de Brasília) são bons exemplos de instituições que têm grupos formados para combater e discutir temas como opressão e direitos humanos, mas que acabam incorporando a temática da diversidade sexual. "Nossa missão inicial era trabalhar com a inclusão dos cotistas na universidade, agora com o grupo já formado, a idéia é que se desenvolva também discussões e debates sobre outras questões como a homossexualidade", revela o assessor de inclusão e diversidade da UnB, Jaques Jesus.
Apesar de iniciativas isoladas terem seu valor, a integração destes grupos faz uma diferença significativa para combater o preconceito. Por isso, anualmente, encontros como o Enuds (Encontro Nacional Universitário sobre a Diversidade Sexual) são realizados pelos grupos em defesa dos direitos dos homossexuais. "Este tipo de evento permite a troca de experiências entre grupos das mais diversas universidade para a difusão e implementação de projetos bem-sucedidos em outras instituições", ressalta Drews.
Rapaz tenta matar gay e é preso em flagrante em Teresina
Disponível em:
http://www.cabecadecuia.com/noticias/32431/rapaz-tenta-matar-gay
-e-e-preso-em-flagrante-em-teresina.html
15/10/2008 - 22h10min
http://www.cabecadecuia.com/noticias/32431/rapaz-tenta-matar-gay
-e-e-preso-em-flagrante-em-teresina.html
15/10/2008 - 22h10min
Policias do 7º DP de Teresina prenderam em flagrante, nesta madrugada, Clebert Oliveira Andrade (26 anos), sob a acusação de tentativa de homicídio contra o adolescente S.A (17 anos).
Ao ser preso, Clebert bradava "eu odeio viado" e fez várias ameaças de, quando sair da cadeia matar o adolescente S.A. Em seu depoimento, a vítima declarou que já manteve um relacionamento amoroso com Clebert Oliveira Andrade, atribuindo as motivações do crime ao fato de o agressor estar enciumado com o final da relação e também ao desconforto deste com sua orientação homossexual.
Homossexualidade Ego-distônica
O caso de Clebert pode ser um exemplo de homossexualidade ego-distônico, caracterizada por um desconforto ou uma aflição persistente em algumas pessoas que sentem desejos afetivos-sexuais por pessoas do mesmo sexo (lésbicas/gays).
A homossexualidade ego-distônica em grau acentuado leva muitos homossexuais a buscarem desesperadamente relações com pessoas do sexo oposto, numa tentativa de fugir dos desejos homoafetivos. Em casos extremos, o gay ou a lésbica ego-distônico chega a cometer homicídio ou até mesmo chacinas contra LGBTs, principalmente aqueles que se visibilizam.
Ao ser preso, Clebert bradava "eu odeio viado" e fez várias ameaças de, quando sair da cadeia matar o adolescente S.A. Em seu depoimento, a vítima declarou que já manteve um relacionamento amoroso com Clebert Oliveira Andrade, atribuindo as motivações do crime ao fato de o agressor estar enciumado com o final da relação e também ao desconforto deste com sua orientação homossexual.
Homossexualidade Ego-distônica
O caso de Clebert pode ser um exemplo de homossexualidade ego-distônico, caracterizada por um desconforto ou uma aflição persistente em algumas pessoas que sentem desejos afetivos-sexuais por pessoas do mesmo sexo (lésbicas/gays).
A homossexualidade ego-distônica em grau acentuado leva muitos homossexuais a buscarem desesperadamente relações com pessoas do sexo oposto, numa tentativa de fugir dos desejos homoafetivos. Em casos extremos, o gay ou a lésbica ego-distônico chega a cometer homicídio ou até mesmo chacinas contra LGBTs, principalmente aqueles que se visibilizam.
A FÉ DOS HOMOFÓBICOS
Disponível em:
http://www.aliadas.org.br/site/textos/noticias.php?id=89
07.07.2008
Artigo publicado em www.veja.com.br
A FÉ DOS HOMOFÓBICOS
*por André Petry
"Dizem eles que a criminalização da homofobia levará à prisão em massa de pastores e padres, e viveremos todos sob o domínio gay. A história ensina que essa lei será aprovada, e a vida seguirá seu curso regular, sem nada de extraordinário"
Em 1946, quando os negros reivindicaram a inclusão de alguns direitos na Constituição, foi um salseiro. Foram acusados de antidemocráticos e racistas por congressistas e estudantes da UNE. Em 1988, a Constituição promoveu o racismo de contravenção a crime. Ninguém chiou. Na década de 50, quando se discutia o divórcio, teve cardeal dizendo que se devia pegar em armas para combater a proposta. Em 1977, o Congresso aprovou o divórcio. Não houve tiroteio, e a igreja do cardeal nunca mais tocou no assunto. Recordar é viver.
Agora, os evangélicos estão anunciando o apocalipse caso o Senado faça o que a Câmara já fez: aprovar lei punindo a homofobia com prisão. A lei em vigor pune a discriminação por raça, cor, etnia, religião e procedência nacional. A nova acrescenta a punição por discriminação contra homossexuais. Cerca de 1 000 evangélicos tentaram invadir o Senado em protesto. Dizem que a criminalização da homofobia levará à prisão em massa de pastores e padres, e viveremos todos sob o domínio gay. A história ensina que, cedo ou tarde, a lei, ou outra qualquer com objetivo similar, será aprovada, e a vida seguirá seu curso regular sem nada de extraordinário.
Os evangélicos e aliados dizem que proibir a discriminação contra gays fere a liberdade de expressão e religião. Dizem que padres e pastores, na prática de sua crença, não poderão mais criticar a homossexualidade como pecado infecto e, se o fizerem, vão parar no xadrez. É uma interpretação tão grosseira da lei que é difícil crer que seja de boa-fé.
Tal como está, a lei não proíbe a crítica. Proíbe a discriminação. Não pune a opinião. Pune a manifestação do preconceito. Uma coisa é ser contra o casamento gay, por razões de qualquer natureza. Outra coisa é humilhar os gays, apontá-los como filhos do demônio, doentes ou tarados. É tão reacionário quanto uma Ku Klux Klan alegar que a proibição da segregação racial fere sua liberdade de expressão. Querem a liberdade de usar a tecnologia Holerite de cartões perfurados pela IBM?
Alegam que a liberdade religiosa fica limitada porque combater o pecado vira crime. É um duplo equívoco. O primeiro é achar que uma doutrina de crença em forças sobrenaturais autoriza o fiel a discriminar o herege. O segundo é atribuir à lei valor moral. O direito penal não é instrumento para infundir virtudes. É um meio para garantir o convívio minimamente pacífico em sociedade. Matar é crime não porque seja imoral, mas porque a sociedade entendeu que a vida deve ser preservada. Dúvidas? Recorram ao Supremo Tribunal Federal. Na democracia, é assim. Lei não é bíblia de moralidade.
O que essa proposta pretende dar aos gays, e sabe-se lá se terá alguma eficácia, é aquilo a que todo ser humano tem direito: respeito à sua integridade física e moral. Os evangélicos, pelo menos os que foram a Brasília, dão prova de desconhecer que seres humanos não diferem de coisas só porque são um fim em si mesmos. Os seres humanos diferem das coisas porque, além de tudo, têm dignidade. As coisas têm preço.
http://www.aliadas.org.br/site/textos/noticias.php?id=89
07.07.2008
Artigo publicado em www.veja.com.br
A FÉ DOS HOMOFÓBICOS
*por André Petry
"Dizem eles que a criminalização da homofobia levará à prisão em massa de pastores e padres, e viveremos todos sob o domínio gay. A história ensina que essa lei será aprovada, e a vida seguirá seu curso regular, sem nada de extraordinário"
Em 1946, quando os negros reivindicaram a inclusão de alguns direitos na Constituição, foi um salseiro. Foram acusados de antidemocráticos e racistas por congressistas e estudantes da UNE. Em 1988, a Constituição promoveu o racismo de contravenção a crime. Ninguém chiou. Na década de 50, quando se discutia o divórcio, teve cardeal dizendo que se devia pegar em armas para combater a proposta. Em 1977, o Congresso aprovou o divórcio. Não houve tiroteio, e a igreja do cardeal nunca mais tocou no assunto. Recordar é viver.
Agora, os evangélicos estão anunciando o apocalipse caso o Senado faça o que a Câmara já fez: aprovar lei punindo a homofobia com prisão. A lei em vigor pune a discriminação por raça, cor, etnia, religião e procedência nacional. A nova acrescenta a punição por discriminação contra homossexuais. Cerca de 1 000 evangélicos tentaram invadir o Senado em protesto. Dizem que a criminalização da homofobia levará à prisão em massa de pastores e padres, e viveremos todos sob o domínio gay. A história ensina que, cedo ou tarde, a lei, ou outra qualquer com objetivo similar, será aprovada, e a vida seguirá seu curso regular sem nada de extraordinário.
Os evangélicos e aliados dizem que proibir a discriminação contra gays fere a liberdade de expressão e religião. Dizem que padres e pastores, na prática de sua crença, não poderão mais criticar a homossexualidade como pecado infecto e, se o fizerem, vão parar no xadrez. É uma interpretação tão grosseira da lei que é difícil crer que seja de boa-fé.
Tal como está, a lei não proíbe a crítica. Proíbe a discriminação. Não pune a opinião. Pune a manifestação do preconceito. Uma coisa é ser contra o casamento gay, por razões de qualquer natureza. Outra coisa é humilhar os gays, apontá-los como filhos do demônio, doentes ou tarados. É tão reacionário quanto uma Ku Klux Klan alegar que a proibição da segregação racial fere sua liberdade de expressão. Querem a liberdade de usar a tecnologia Holerite de cartões perfurados pela IBM?
Alegam que a liberdade religiosa fica limitada porque combater o pecado vira crime. É um duplo equívoco. O primeiro é achar que uma doutrina de crença em forças sobrenaturais autoriza o fiel a discriminar o herege. O segundo é atribuir à lei valor moral. O direito penal não é instrumento para infundir virtudes. É um meio para garantir o convívio minimamente pacífico em sociedade. Matar é crime não porque seja imoral, mas porque a sociedade entendeu que a vida deve ser preservada. Dúvidas? Recorram ao Supremo Tribunal Federal. Na democracia, é assim. Lei não é bíblia de moralidade.
O que essa proposta pretende dar aos gays, e sabe-se lá se terá alguma eficácia, é aquilo a que todo ser humano tem direito: respeito à sua integridade física e moral. Os evangélicos, pelo menos os que foram a Brasília, dão prova de desconhecer que seres humanos não diferem de coisas só porque são um fim em si mesmos. Os seres humanos diferem das coisas porque, além de tudo, têm dignidade. As coisas têm preço.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Beijaço na USP
Ao som de Like a Virgin, aconteceu no Centro Acadêmico da Veterinária na Usp, na noite da última sexta-feira (31/10), o beijo entre Jarbas Rezende, 25, e José Eduardo Souza Goes, 18, expulsos de uma festa no mesmo local no início do mês.O beijo entre os estudantes de letras foi parte de um beijaço convocado por alunos da universidade como resposta a discriminação sofrida pela dupla de amigos. Foram poucos os casais gays que se beijaram no evento, que acabou virando mesmo uma manifestação de carinho, amizade e apoio contra o preconceito
A concentração para o beijaço estava marcada para às 22h na entrada da FEA - Faculdade de Economia e Administração. No horário, em frente ao C.A da veterinária os alunos presentes na festa estranhavam a presença de alguns jornalistas. Uma garota dançava no palquinho de onde o casal foi expulso, e havia espaço na pista da festa.
Ali, às 22h20, o beijaço era quase uma lenda. "Dizem que a galera do beijaço vem aí", soltou um rapaz para um grupo de amigos. Enquanto isso, na frente da FEA, já havia um grupo formado por cerca de 80 e 100 pessoas, preparando balões e segurando algumas bandeiras do arco-íris. Apesar de uma fina garoa que caia, o clima era de muita expectativa.Por volta das 23h os presentes na manifestação começaram o percurso até o C.A da veterinária. Segurando bexigas e bandeiras do arco-íris, passaram pela FEA fazendo um apitaço e entoando coros contra o preconceito. "Pra combater a homofobia, nossa luta é todo dia", gritavam.
Meninos e meninos, meninas e meninas
Quando o grupo chegou em frente ao local onde ocorria a festa da Veterinária, Jarbas recebeu mais abraços e beijos de seus amigos. Alguns fotógrafos, impacientes com o horário de fechamento das edições dos jornais, pressionaram para que o beijaço acontecesse logo.
Os envolvidos estavam indecisos quanto ao que fariam. A intenção era beijar dentro do C.A, que a esta hora já estava mais cheio. Nem todos os manifestantes conseguiriam entrar no local. Jarbas discutia com amigos como deveria ser o beijaço. "Primeiro só os rapazes beijam. Depois as mulheres." Uma amiga retrucava. "Não Jarbas, deixa todo mundo se beijar. Nós mulheres temos menos representatividade no movimento."
A resolução acabou não dando muito certo. No total, não mais de cinco casais homossexuais trocaram beijos, depois que Jarbas e José Eduardo se beijaram. Na festa, depois de Madonna, tocou "I Will Survive".
Do lado de fora, um grupo de três estudantes, aparentemente heterossexuais, conversavam sobre o beijaço. "Nossa, um dos meninos que foram expulsos estava lá dentro beijando uma menina", dizia um. Outro então comentou, "puxa, então ele virou a casaca". Um terceiro emendou, "não, ele desvirou". Todos riram.
Ao final da manifestação, sobrou até para um jornalista da rede globo que foi pressionado por um grupo de estudantes para que beijasse outro rapaz. Diante do "não-beijo", a equipe teve de ouvir um pequeno coro de "Globo homofóbica". Depois disso, estava terminada a manifestação em prol dos alunos expulsos de uma festa da Usp.
Fonte: Revista Acapa
Apresentação...
Olá pessoal sou o novo colaborador do blog,irei auxilar a moderação atualizando as notícias do seguimento GLBTT do Brasil e do Mundo sem enrolação, acredito no potencial do blog e quero fazer parte desta corrente a favor do bem,do respeito e dos direitos... Meu nome é Cleuton Oliveira, 19 , estudante de Turismo da UESPI,tenho uma outra coluna em um site GLBTT e também em outro blog, adoro escrever, e vai ser um prazer estar aqui com vocês!espero sempre sua visita um abraço bem cordial à todos !
Abraços.
Abraços.
Vaticano fará análise psicológica para evitar seminaristas gays
Disponível em:
http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=6181&titulo=Vaticano
+far%E1+an%E1lise+psicol%F3gica+para+evitar+seminaristas+gays
Por Redação 31/10/2008 - 14:23
http://www.acapa.com.br/site/noticia.asp?codigo=6181&titulo=Vaticano
+far%E1+an%E1lise+psicol%F3gica+para+evitar+seminaristas+gays
Por Redação 31/10/2008 - 14:23
Em documento divulgado pela Congregação para a Educação Católica, o Vaticano revelou que usará os serviços de psicólogos para analisar se há tendência homossexual nos candidatos a seminaristas, e afirmou também que tal medida pode ser "útil em certos casos".
O Vaticano enumerou alguns sintomas que deverão ser analisados pelos profissionais durante as entrevistas. Como, por exemplo, se há "dependência afetivas fortes", "identidade sexual incerta", "tendência arraigada à homossexualidade" e também uma certa "rigidez de caráter".
A instituição religiosa diz ainda que os psicólogos não farão parte do corpo docente e que tal análise só poderá ser feita com o "consentimento prévio, livre e explícito do candidato". Intitulado como 'Orientações para uso das competências da psicologia na admissão e formação dos candidatos sacerdócio', o documento foi ordenado pelo papa João Paulo 2º (morto em 2005) e aprovado pelo atual representante do Vaticano, Bento 16.
Em nota oficial a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT) disse considerar a atitude do Vaticano uma acinte aos direitos humanos e lamenta que a instituição "possa adotar uma prática flagrante de discriminação desta natureza". Sobre a questão de se analisar a "rigidez de caráter", a ABGLT afirma "a competência, ou 'rigidez de caráter', de um sacerdote independe de sua orientação sexual, assim como a prática da pedofilia não é exclusiva aos homossexuais. Estudos demonstram que a pedofilia é praticada contra crianças de ambos os sexos, majoritariamente por homens heterossexuais". Por fim, a Associação diz que tal medida é anti-cristã.
O Vaticano enumerou alguns sintomas que deverão ser analisados pelos profissionais durante as entrevistas. Como, por exemplo, se há "dependência afetivas fortes", "identidade sexual incerta", "tendência arraigada à homossexualidade" e também uma certa "rigidez de caráter".
A instituição religiosa diz ainda que os psicólogos não farão parte do corpo docente e que tal análise só poderá ser feita com o "consentimento prévio, livre e explícito do candidato". Intitulado como 'Orientações para uso das competências da psicologia na admissão e formação dos candidatos sacerdócio', o documento foi ordenado pelo papa João Paulo 2º (morto em 2005) e aprovado pelo atual representante do Vaticano, Bento 16.
Em nota oficial a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT) disse considerar a atitude do Vaticano uma acinte aos direitos humanos e lamenta que a instituição "possa adotar uma prática flagrante de discriminação desta natureza". Sobre a questão de se analisar a "rigidez de caráter", a ABGLT afirma "a competência, ou 'rigidez de caráter', de um sacerdote independe de sua orientação sexual, assim como a prática da pedofilia não é exclusiva aos homossexuais. Estudos demonstram que a pedofilia é praticada contra crianças de ambos os sexos, majoritariamente por homens heterossexuais". Por fim, a Associação diz que tal medida é anti-cristã.
MÍDIA E HOMOSSEXUALIDADE
Na linguagem, preconceito, medo e insegurança
Disponível em:
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=392CID006
Por Ismar Inácio Filho em 1/8/2006
A propósito das Paradas Gay, alguns (ou melhor, muitos) comentários têm sido publicados nos diversos meios e muitos ocorrem nas conversas cotidianas. E uma questão me chamou a atenção: o que revelam os termos usados para fazer referência a gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, a suas ações e a seu comportamento, às sociedades nas quais essas orientações sexuais não entram mais nos armários?
Destaco aqui alguns vocábulos usados para que possamos pensar sobre seus efeitos e o que possivelmente revelam: "escabroso", "aberração", "mazela", "caos". A palavra "escabroso" foi usada, na semana passada, em programa de grande audiência da TV brasileira, proferida por um convidado quando se referia ao beijo entre pessoas do mesmo sexo. Seu tom de voz soou agressivo. Mas, o que é escabroso?
Na busca em dicionários, chego a outros tantos termos que nos permitem ver suas intenções. Escabroso significa: irregular, indecoroso, indecente, infame, vergonhoso, inconveniente. Beijo escabroso, seguindo os sentidos potenciais do termo, é algo contrário à decência, algo que não fica bem, isto é, não está conforme a moral, os bons costumes. É vil (infame, vergonhoso, irregular).
Outro comentário em reportagem (online) sobre a união entre pessoas do mesmo sexo, pede: "Não sejamos cegos em tolerar esta aberração". Aberração? Ao vasculhar dicionários e enciclopédias, na busca dos sentidos possíveis, concluo que, pela palavra, esse tipo de união foge a uma imagem, a uma representação. É como se olhasse para uma maçã e não encontrasse lá similitudes com o desenho de maçã. Por conseqüência, vê-se aí uma aberração, uma irregularidade.
Cidadania e respeito
"Mazela" é uma palavra muito usada para designar a maneira de ser daqueles que pertencem à comunidade GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros). Esse uso trata essas orientações sexuais como "aquilo que ofende a honra". Portanto, junto ao termo vem a idéia de que ser gay, lésbica, bi ou trans é ser detentor de uma mancha na reputação. Logo, é/está irregular.
Outros dizem que a atual sociedade é um "caos" porque grande parte dos que se dizem do GLBT está fora dos armários e mostra que é feliz – quer e precisa de respeito. Adjetivar esse contexto de caótico é vê-lo como uma desordem. Ou seja, é encará-lo como irregular.
Esta pequena reflexão aponta: as palavras usadas para falar aos e sobre os GLBTs indicam que esse grupo é visto como irregular; não-possuidor dos valores apregoados por famílias, igrejas, escolas e Estado, que se impõem hegemonicamente como absolutos, verdadeiros, corretos; sem nódoas. Os termos denotam preconceito gritante contra os não-heteros. Contudo, fazem conhecer que esse preconceito é oriundo do medo e da insegurança diante do outro que não é seu reflexo.
Assim, é urgente o entendimento de que somos (todos) "irregulares", diferentes e que, entretanto, isso não significa nódoa. Somos seres sócio-históricos e as mudanças são constitutivas do nosso ser. Ao assumirmos essa postura, ampliaremos o conhecimento já demonstrado por muitos, como o psicólogo Alfonso Silva, quando declara: "(...) Sou hetero e tenho três filhos. Todos os anos levo minha família à Parada Gay, para uma aula de cidadania e respeito (...)." Afinal, "homofobia é crime, amar é legal".
Destaco aqui alguns vocábulos usados para que possamos pensar sobre seus efeitos e o que possivelmente revelam: "escabroso", "aberração", "mazela", "caos". A palavra "escabroso" foi usada, na semana passada, em programa de grande audiência da TV brasileira, proferida por um convidado quando se referia ao beijo entre pessoas do mesmo sexo. Seu tom de voz soou agressivo. Mas, o que é escabroso?
Na busca em dicionários, chego a outros tantos termos que nos permitem ver suas intenções. Escabroso significa: irregular, indecoroso, indecente, infame, vergonhoso, inconveniente. Beijo escabroso, seguindo os sentidos potenciais do termo, é algo contrário à decência, algo que não fica bem, isto é, não está conforme a moral, os bons costumes. É vil (infame, vergonhoso, irregular).
Outro comentário em reportagem (online) sobre a união entre pessoas do mesmo sexo, pede: "Não sejamos cegos em tolerar esta aberração". Aberração? Ao vasculhar dicionários e enciclopédias, na busca dos sentidos possíveis, concluo que, pela palavra, esse tipo de união foge a uma imagem, a uma representação. É como se olhasse para uma maçã e não encontrasse lá similitudes com o desenho de maçã. Por conseqüência, vê-se aí uma aberração, uma irregularidade.
Cidadania e respeito
"Mazela" é uma palavra muito usada para designar a maneira de ser daqueles que pertencem à comunidade GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros). Esse uso trata essas orientações sexuais como "aquilo que ofende a honra". Portanto, junto ao termo vem a idéia de que ser gay, lésbica, bi ou trans é ser detentor de uma mancha na reputação. Logo, é/está irregular.
Outros dizem que a atual sociedade é um "caos" porque grande parte dos que se dizem do GLBT está fora dos armários e mostra que é feliz – quer e precisa de respeito. Adjetivar esse contexto de caótico é vê-lo como uma desordem. Ou seja, é encará-lo como irregular.
Esta pequena reflexão aponta: as palavras usadas para falar aos e sobre os GLBTs indicam que esse grupo é visto como irregular; não-possuidor dos valores apregoados por famílias, igrejas, escolas e Estado, que se impõem hegemonicamente como absolutos, verdadeiros, corretos; sem nódoas. Os termos denotam preconceito gritante contra os não-heteros. Contudo, fazem conhecer que esse preconceito é oriundo do medo e da insegurança diante do outro que não é seu reflexo.
Assim, é urgente o entendimento de que somos (todos) "irregulares", diferentes e que, entretanto, isso não significa nódoa. Somos seres sócio-históricos e as mudanças são constitutivas do nosso ser. Ao assumirmos essa postura, ampliaremos o conhecimento já demonstrado por muitos, como o psicólogo Alfonso Silva, quando declara: "(...) Sou hetero e tenho três filhos. Todos os anos levo minha família à Parada Gay, para uma aula de cidadania e respeito (...)." Afinal, "homofobia é crime, amar é legal".
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