O atraso brasileiro
Segundo o antropólogo, mesmo abrigando a maior parada gay do mundo - evento realizado aualmente na cidade de São Paulo - o Brasil é um país extremamente homofóbico e está deveras atrasado em relação a outras nações na luta pela inclusão dos homossexuais. Isso se reflete nas instituições de Ensino Superior, já que ainda é baixo o número de iniciativas para diminuir o preconceito em relação à diversidade sexual e de projetos de conscientização dos jovens sobre o tema dentro delas. "Nos Estados Unidos, as universidades possuem grupos acadêmicos de estudos homoeróticos, em diversas áreas, as publicações sobre os temas são muito importantes e existem sites que dão acesso a este tipo de bibliografia", conta Mott.
Além disso, ele afirma que as instituições norte-americanas também oferecem um amplo leque em áreas de pesquisa e cursos de especialização que tratam da homossexualidade. "Isso é algo quase inexistente no Brasil", lamenta. Os Estados Unidos também ofertam cursos com uma temática voltada para homossexuais tanto na graduação, como na pós-graduação, além de terem instituído um mês específico de estudos gays e lésbicos. Durante este mês, todas as universidades e high schools participam de palestras e debates sobre o tema. "Sempre que visitava este país ficava frustrado ao perceber como o Brasil estava distante desta realidade", lembra.
Mas o que poderia ser feito nas instituições brasileiras para mudar esta realidade? Para o antropólogo da UFBA, além da divulgação do tema por meio de palestras, outra alternativa válida seria garantir informação correta e de qualidade sobre a homossexualidade. "Equipar as bibliotecas com livros que tratem sobre o assunto de forma moderna e humanista, e conscientizar alunos que o racismo, a homofobia, o machismo, entre outros preconceitos baseados na ignorância estão errados e que é preciso respeitar a igualdade seriam atitudes significativas", defende. Em sua opinião, este seria um primeiro passo para que outros dois pilares fundamentais para combater o preconceito dentro e fora da universidade fossem erguidos. Em primeiro lugar, dar mais visibilidade ao tema, a partir do momento que os homossexuais se assumissem sem medo, tendo como apoio políticas afirmativas na instituição e associações que defendam seus direitos. E, em segundo lugar, cobrar dos órgãos públicos como a polícia e a justiça severidade na investigação e punição de crimes baseados na homofobia. "Devemos ser intolerantes contra a intolerância. Não mais permitindo que professores e alunos discriminem seus colegas pela homossexualidade", conclui
Gays e heteros na facul: dá para conviver?
Como se relacionam no campus e o diz-que-me-diz-que nos corredores
Por Lilian Burgardt
Para muitos alunos gays e lésbicas, a fase universitária acaba sendo o momento propício para assumir sua preferência sexual perante a família, os colegas e a sociedade. Sair do armário fica mais fácil (ou menos difícil) nessa época por conta de um ambiente liberal onde a divergência de opiniões é razoavelmente respeitada. O que não quer dizer que não há fofocas, piadinhas e gente incomodada, como o estudante universitário do 5º semestre de Jornalismo, Obede Rocha Viana Júnior, de 21 anos. "Não condeno quem é gay. Tampouco discrimino, mas não concordo com este tipo de relacionamento", declara. Ele assume que se sente desconfortável ao ver casais de gays e lésbicas se beijando na universidade, apesar do relacionamento "entre meninas" parecer menos agressivo. "A homossexualidade entre meninos é mais chocante. Não dou muita atenção quando vejo casais assim, não vou lá interrompê-los nem nada, mas se me perguntarem o que eu acho...", avisa o estudante.
Um outro aluno, do curso de criação e produção gráfica, de 20 anos, que preferiu não se identificar, também concorda com Viana Junior. "Por uma questão religiosa não acho correto e nem normal duas pessoas do mesmo sexo se relacionarem. Claro que entre homens é sempre mais agressivo, nojento. Com as meninas, às vezes, pode ser interpretado até como fetiche, mas ainda assim sou contra", ressalta.
Já Marcelo Oliveira, de 20 anos, do curso de Secretariado Executivo Bilíngue da FATEC (Faculdade Tecnológica de São Paulo), não vê o menor problema neste tipo de relação. "O preconceito de qualquer ordem é ruim e deve, sim, ser reprimido", acredita. Ele diz isso porque sofre na pele preconceito por ter escolhido uma carreira cuja maioria dos estudantes são gays e mulheres. "Já ouvi piadinhas do tipo: 'por que você não faz um curso de homem?', 'vai fazer curso superior pra servir cafézinho?Hora-extra com o chefe?'".
Segundo o antropólogo, mesmo abrigando a maior parada gay do mundo - evento realizado aualmente na cidade de São Paulo - o Brasil é um país extremamente homofóbico e está deveras atrasado em relação a outras nações na luta pela inclusão dos homossexuais. Isso se reflete nas instituições de Ensino Superior, já que ainda é baixo o número de iniciativas para diminuir o preconceito em relação à diversidade sexual e de projetos de conscientização dos jovens sobre o tema dentro delas. "Nos Estados Unidos, as universidades possuem grupos acadêmicos de estudos homoeróticos, em diversas áreas, as publicações sobre os temas são muito importantes e existem sites que dão acesso a este tipo de bibliografia", conta Mott.
Além disso, ele afirma que as instituições norte-americanas também oferecem um amplo leque em áreas de pesquisa e cursos de especialização que tratam da homossexualidade. "Isso é algo quase inexistente no Brasil", lamenta. Os Estados Unidos também ofertam cursos com uma temática voltada para homossexuais tanto na graduação, como na pós-graduação, além de terem instituído um mês específico de estudos gays e lésbicos. Durante este mês, todas as universidades e high schools participam de palestras e debates sobre o tema. "Sempre que visitava este país ficava frustrado ao perceber como o Brasil estava distante desta realidade", lembra.
Mas o que poderia ser feito nas instituições brasileiras para mudar esta realidade? Para o antropólogo da UFBA, além da divulgação do tema por meio de palestras, outra alternativa válida seria garantir informação correta e de qualidade sobre a homossexualidade. "Equipar as bibliotecas com livros que tratem sobre o assunto de forma moderna e humanista, e conscientizar alunos que o racismo, a homofobia, o machismo, entre outros preconceitos baseados na ignorância estão errados e que é preciso respeitar a igualdade seriam atitudes significativas", defende. Em sua opinião, este seria um primeiro passo para que outros dois pilares fundamentais para combater o preconceito dentro e fora da universidade fossem erguidos. Em primeiro lugar, dar mais visibilidade ao tema, a partir do momento que os homossexuais se assumissem sem medo, tendo como apoio políticas afirmativas na instituição e associações que defendam seus direitos. E, em segundo lugar, cobrar dos órgãos públicos como a polícia e a justiça severidade na investigação e punição de crimes baseados na homofobia. "Devemos ser intolerantes contra a intolerância. Não mais permitindo que professores e alunos discriminem seus colegas pela homossexualidade", conclui
Gays e heteros na facul: dá para conviver?
Como se relacionam no campus e o diz-que-me-diz-que nos corredores
Por Lilian Burgardt
Para muitos alunos gays e lésbicas, a fase universitária acaba sendo o momento propício para assumir sua preferência sexual perante a família, os colegas e a sociedade. Sair do armário fica mais fácil (ou menos difícil) nessa época por conta de um ambiente liberal onde a divergência de opiniões é razoavelmente respeitada. O que não quer dizer que não há fofocas, piadinhas e gente incomodada, como o estudante universitário do 5º semestre de Jornalismo, Obede Rocha Viana Júnior, de 21 anos. "Não condeno quem é gay. Tampouco discrimino, mas não concordo com este tipo de relacionamento", declara. Ele assume que se sente desconfortável ao ver casais de gays e lésbicas se beijando na universidade, apesar do relacionamento "entre meninas" parecer menos agressivo. "A homossexualidade entre meninos é mais chocante. Não dou muita atenção quando vejo casais assim, não vou lá interrompê-los nem nada, mas se me perguntarem o que eu acho...", avisa o estudante.
Um outro aluno, do curso de criação e produção gráfica, de 20 anos, que preferiu não se identificar, também concorda com Viana Junior. "Por uma questão religiosa não acho correto e nem normal duas pessoas do mesmo sexo se relacionarem. Claro que entre homens é sempre mais agressivo, nojento. Com as meninas, às vezes, pode ser interpretado até como fetiche, mas ainda assim sou contra", ressalta.
Já Marcelo Oliveira, de 20 anos, do curso de Secretariado Executivo Bilíngue da FATEC (Faculdade Tecnológica de São Paulo), não vê o menor problema neste tipo de relação. "O preconceito de qualquer ordem é ruim e deve, sim, ser reprimido", acredita. Ele diz isso porque sofre na pele preconceito por ter escolhido uma carreira cuja maioria dos estudantes são gays e mulheres. "Já ouvi piadinhas do tipo: 'por que você não faz um curso de homem?', 'vai fazer curso superior pra servir cafézinho?Hora-extra com o chefe?'".
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