Fonte:
http://www.mulheresdecueca.com.br/In-visibilidade%20na%20homossexualidade%20feminina.htm
08/04/08
*Lyh
Como uma região incógnita, uma espécie de caixa de surpresas que suspeita do discurso que veicula, o amor entre mulheres é capaz de disseminar perplexidade, seja quando parece optar pelo seu ruidoso silêncio, seja quando tenta uma tímida visibilidade. A promessa de transpor para uma realidade discursiva tudo aquilo que incide sobre os mais obscuros lugares da experiência humana faz do não dito algo, senão indesejável, ao menos incomodo à nossa disposição de tornar as coisas, mais que classificadas, bem ditas.
Enquanto as mulheres heterossexuais começam a caminhar na direção de uma maior liberdade, no sentido de manifestar e discutir as questões relativas à sexualidade, as lésbicas exercem e discutem a sua sexualidade à margem da sociedade, tolhidas pela discriminação.
Em relação ao homoerotismo feminino pode ser percebido através de uma economia do silêncio e da in-visibilidade provinda de longa data. No antigo Testamento, mais precisamente no capítulo XVIII do terceiro livro de Moisés, chamado Levítico, aparecem significativas considerações acerca dos "casamentos ilícitos" e das "uniões abomináveis". Entretanto, nesta ampla lista de advertências não consta qualquer referência ao homoerotismo feminino. Mas, o silêncio que parece emudecer a homossexualidade feminina não se restringiu às escrituras bíblicas. Até o Tribunal do Santo Ofício Português fez "vista grossa" ao lesbianismo. Tamanha complacência adquiriu o status de lei a partir de 22 de março de 1646, quando o Conselho Geral da Inquisição de Lisboa, num ato surpreendente, decidiu ignorar a prática sexual entre mulheres (MUNIZ,1990).
Conforme esclarece Mott (1987), antes mesmo do Santo Ofício formalizar esta postura de tolerância, ou melhor, de desconfiança acerca da possibilidade deste tipo de pecado existir, já se podia detectar uma expressiva descrença em relação ao homoerotismo feminino. Segundo o historiador, "raríssimos são os processos de mulheres-sodomitas existentes na Torre do Tombo, não havendo registro de nenhuma lésbica lusitana que tenha sido queimada pelos tribunais religiosos". O período vitoriano, famoso por seu policiamento aos bons costumes, também não debruçou sua ira sobre a homossexualidade feminina (...)“A rainha Vitória, através de uma lei sancionada em 1885, condenou somente às práticas sodomitas entre os homens, negando incluir punição contra o sexo entre mulheres por não acreditar na viabilidade desse invisível amor.” "(...) o poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo o exercem" (BOURDIEU, 1989:08).
Bourdieu cita os neo-kantianos (Hegel, Strauss, Bauer, Stirner e Feuerbach entre outros) e o tratamento dado por eles aos diferentes universos simbólicos: mito, língua, arte, ciência. Para eles, cada um desses instrumentos constitui-se num instrumento cognoscente e de construção do mundo objetivo. Ele faz referência a Durkheim e à sua tentativa de elaborar ciência, sem empirismo e apriorismo, como o primeiro passo na inauguração de uma "sociologia das formas simbólicas" (...) o poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo o exercem" (op.cit: 08).
A mesma ambiência de segredo e in-visibilidade também é constatável no fluxo da vida diária. Ainda que o amor entre mulheres suscite comentários e reflexões provindos das "bocas pequenas" e dos "buchichos" que animam o nosso dia a dia, não se pode negar que suas visitas à linguagem se revestem de recato e discrição. Ora, freqüentemente, a homossexualidade feminina é interpretada como alguma coisasigilosa ou mesmo invisível. Principalmente quando contrastada com a reconhecida visibilidade do universo homossexual masculino. A própria caricatura do "sapatão", apesar de bastante popular, possui menor publicidade que as clássicas figuras do "viado", da "bicha" e do "travesti". Nas anedotas, ditadas e provérbios, assim como nos trabalhos científicos, se observa mais uma vez um tímido registro do lesbianismo.
Também no circuito gay a presença de mulheres é menos significativa, e são poucos os locais cuja freqüência é marcadamente feminina. A propósito desta suposta in-visibilidade vale ressaltar que, quando realizamos uma pesquisa no "mercado homossexual carioca", constatamos não só a ausência de espaços abertos dedicados à "pegação"6 entre mulheres, bem como a inexistência de "casas de chá"7 e similares especializados no atendimento à clientela feminina (LINS,sd).
Outros fatores contribuíram para haver um olhar diferente em relação a homossexualidade feminina. Nunca se deu importância à sexualidade da mulher, convencidos de que o grande prazer dela era ter filhos e criá-los ou, quando não casavam, ajudar a criar os sobrinhos. Por outro lado, sempre houve maior liberdade para as mulheres se tocarem, se beijarem, manifestando carinho umas pelas outras. “É muito mais fácil, portanto, a mulher dissimular sua verdadeira orientação sexual, na medida em que a relação amorosa entre elas é menos evidente” (op.Cit).
Desde pequenas as meninas são educadas para o casamento com o sexo oposto e para o papel materno. Na adolescência surgem conflitos quando percebem que seu desejo amoroso e sexual é dirigido para pessoas do seu próprio sexo. Assim como acontece com os gays, as lésbicas precisam lutar para ser autônomas, não se submetendo aos valores impostos nem absorvendo os preconceitos que a sociedade tem contra os homossexuais, assim como contra todas as minorias.
O relacionamento entre duas mulheres lésbicas é diferente do de dois homens gays. Cada casal, de forma inconsciente, leva para a relação características que a sociedade determina para o homem e para a mulher. Talvez isso explique por que Kinsey (apud LINS,sd) comprovou “em suas pesquisas que 63% das lésbicas constituem relacionamentos estáveis e duradouros e entre os gays8 essa percentagem não passa de 40%”. Numa proporção menor do que entre as mulheres heterossexuais, as lésbicas têm casos fora dos seus relacionamentos principais. E quando se separam, em geral ficam amigas de suas ex-companheiras. A maioria dos casais de lésbicas não sente necessidade de reproduzir o padrão de relacionamento heterossexual, onde um tem o poder sobre o outro. Entre elas, existe mais facilidade do que entre os gays de viver uma relação onde duas pessoas são iguais, fora dos estereótipos patriarcais de gênero .
A lésbica não se sente homem, nem quer ser homem. Entretanto, do mesmo modo que ocorre com alguns gays9, encontramos entre elas, de forma também defensiva, as que se esforçam para corresponder aos estereótipos, neste caso masculinos, da nossa cultura. São mulheres que adotam atitudes típicas do machão. Entretanto, duas mulheres lésbicas, bonitas e atraentes podem confundir as pessoas quanto à sua orientação sexual. Claro que muitos machões desinformados acreditam que uma mulher só é lésbica porque foi mal-amada por um homem.
Não é à toa que a maior queixa das mulheres nas relações sexuais com os homens seja exatamente a de que, por não saberem disso, eles iniciam o ato sexual tocando diretamente o clitóris e partem diretamente para a penetração, sem preliminares. Kinsey também já tinha observado que as relações sexuais entre lésbicas tendem a ser mais demoradas, envolvendo maior sensibilidade do corpo todo, já que o orgasmo não marca automaticamente o final da sensação sexual, como acontece muito nas relações heterossexuais.(apud, LINS,sd).
Contudo, o fato que mais intriga as pessoas na homossexualidade feminina é o corpo da mulher não ser provido de órgão de penetração. É difícil para elas entenderem como pode haver uma relação sexual sem a presença do pênis. A questão é que as mulheres se excitam no corpo todo e não só na área genital. Lábios, língua, pescoço, orelha, barriga, costas, seios, nádegas, quadris, joelhos são algumas das zonas erógenas mais importantes do corpo feminino.
"As ideologias, por oposição ao mito, produto coletivo e coletivamente apropriado, servem interesses particulares que tendem a apresentar como interesses universais, comuns ao conjunto do grupo (...) Este efeito ideológico, produzi-lo a cultura dominante dissimulando a função de divisão na função de comunicação: a cultura que une (intermediário da comunicação) é também a cultura que separa (instrumento de distinção) e que legitima as distinções compelindo todas as culturas (designadas como subculturas) a definirem-se pela sua distância em relação à cultura dominante" (BOURDIEU, 1989: 11).
A in-visibilidade é o estar dentro de uma visibilidade; não em sua totalidade, pois pensando assim seria uma utopia. Algumas pessoas notam a visibilidade do indivíduo homossexual mas, não tendo certeza concreta, não se pode afirmar que aquela pessoa seja ou não. Mesmo assim, murmúrios se espalham onde criam-se a imagem daquele indivíduo, rotulando num estereótipo o qual não se têm certeza do que falam e pra quem falam, podendo assim, voltarem as palavras aos próprios emissores delas. Para melhor entendimento, podemos contextualizar numa ordem desordenada do que significa ser a in-visibilidade: sujeito, indivíduo, pessoa, ser, identidade, subjetividade, insight, gestalt, res-significação, encontro, sombra, sociedade, esquizoanálise, comunidade, psicanálise, saúde, comportamento, psicopatologia, neurose, histeria, campo, seio bom, seio mal, esquizóide, fenômeno, condicionamento, des-sensibilização, cognição, espelho, construção, protagonismo, des-construção.
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6 Pegação é uma palavra contemporânea que se refere ao ato de ficar que esta resulta de uma gíria criada pelos jovens.
7 O chá das cinco foi lançado na Inglaterra por volta de 1830 pela Duquesa de Bedford. No Brasil na primeira metade do século XX, onde as damas da sociedade se reuniam para degustar o chá das cinco, que além de chá passou a ser servido também café, chocolate quente, drinques leves, saborosos petit-fours, sanduíche croque-monsieur, etc. Na atualidade esse espaço tornou aberto ao público de ambos os gêneros. Disponível em: http://www.boacomida.com.br/cha.html.
8 Gays neste caso é referido ao sexo masculino.
9 Idem
- TEIXEIRA, J.S. Homossexualidade Feminina: o amor por meio da in-visibilidade? (Monografia de conclusão de curso psicologia para obtenção do grau de Bacharel), 2005.
http://www.mulheresdecueca.com.br/In-visibilidade%20na%20homossexualidade%20feminina.htm
08/04/08
*Lyh
Como uma região incógnita, uma espécie de caixa de surpresas que suspeita do discurso que veicula, o amor entre mulheres é capaz de disseminar perplexidade, seja quando parece optar pelo seu ruidoso silêncio, seja quando tenta uma tímida visibilidade. A promessa de transpor para uma realidade discursiva tudo aquilo que incide sobre os mais obscuros lugares da experiência humana faz do não dito algo, senão indesejável, ao menos incomodo à nossa disposição de tornar as coisas, mais que classificadas, bem ditas.
Enquanto as mulheres heterossexuais começam a caminhar na direção de uma maior liberdade, no sentido de manifestar e discutir as questões relativas à sexualidade, as lésbicas exercem e discutem a sua sexualidade à margem da sociedade, tolhidas pela discriminação.
Em relação ao homoerotismo feminino pode ser percebido através de uma economia do silêncio e da in-visibilidade provinda de longa data. No antigo Testamento, mais precisamente no capítulo XVIII do terceiro livro de Moisés, chamado Levítico, aparecem significativas considerações acerca dos "casamentos ilícitos" e das "uniões abomináveis". Entretanto, nesta ampla lista de advertências não consta qualquer referência ao homoerotismo feminino. Mas, o silêncio que parece emudecer a homossexualidade feminina não se restringiu às escrituras bíblicas. Até o Tribunal do Santo Ofício Português fez "vista grossa" ao lesbianismo. Tamanha complacência adquiriu o status de lei a partir de 22 de março de 1646, quando o Conselho Geral da Inquisição de Lisboa, num ato surpreendente, decidiu ignorar a prática sexual entre mulheres (MUNIZ,1990).
Conforme esclarece Mott (1987), antes mesmo do Santo Ofício formalizar esta postura de tolerância, ou melhor, de desconfiança acerca da possibilidade deste tipo de pecado existir, já se podia detectar uma expressiva descrença em relação ao homoerotismo feminino. Segundo o historiador, "raríssimos são os processos de mulheres-sodomitas existentes na Torre do Tombo, não havendo registro de nenhuma lésbica lusitana que tenha sido queimada pelos tribunais religiosos". O período vitoriano, famoso por seu policiamento aos bons costumes, também não debruçou sua ira sobre a homossexualidade feminina (...)“A rainha Vitória, através de uma lei sancionada em 1885, condenou somente às práticas sodomitas entre os homens, negando incluir punição contra o sexo entre mulheres por não acreditar na viabilidade desse invisível amor.” "(...) o poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo o exercem" (BOURDIEU, 1989:08).
Bourdieu cita os neo-kantianos (Hegel, Strauss, Bauer, Stirner e Feuerbach entre outros) e o tratamento dado por eles aos diferentes universos simbólicos: mito, língua, arte, ciência. Para eles, cada um desses instrumentos constitui-se num instrumento cognoscente e de construção do mundo objetivo. Ele faz referência a Durkheim e à sua tentativa de elaborar ciência, sem empirismo e apriorismo, como o primeiro passo na inauguração de uma "sociologia das formas simbólicas" (...) o poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo o exercem" (op.cit: 08).
A mesma ambiência de segredo e in-visibilidade também é constatável no fluxo da vida diária. Ainda que o amor entre mulheres suscite comentários e reflexões provindos das "bocas pequenas" e dos "buchichos" que animam o nosso dia a dia, não se pode negar que suas visitas à linguagem se revestem de recato e discrição. Ora, freqüentemente, a homossexualidade feminina é interpretada como alguma coisasigilosa ou mesmo invisível. Principalmente quando contrastada com a reconhecida visibilidade do universo homossexual masculino. A própria caricatura do "sapatão", apesar de bastante popular, possui menor publicidade que as clássicas figuras do "viado", da "bicha" e do "travesti". Nas anedotas, ditadas e provérbios, assim como nos trabalhos científicos, se observa mais uma vez um tímido registro do lesbianismo.
Também no circuito gay a presença de mulheres é menos significativa, e são poucos os locais cuja freqüência é marcadamente feminina. A propósito desta suposta in-visibilidade vale ressaltar que, quando realizamos uma pesquisa no "mercado homossexual carioca", constatamos não só a ausência de espaços abertos dedicados à "pegação"6 entre mulheres, bem como a inexistência de "casas de chá"7 e similares especializados no atendimento à clientela feminina (LINS,sd).
Outros fatores contribuíram para haver um olhar diferente em relação a homossexualidade feminina. Nunca se deu importância à sexualidade da mulher, convencidos de que o grande prazer dela era ter filhos e criá-los ou, quando não casavam, ajudar a criar os sobrinhos. Por outro lado, sempre houve maior liberdade para as mulheres se tocarem, se beijarem, manifestando carinho umas pelas outras. “É muito mais fácil, portanto, a mulher dissimular sua verdadeira orientação sexual, na medida em que a relação amorosa entre elas é menos evidente” (op.Cit).
Desde pequenas as meninas são educadas para o casamento com o sexo oposto e para o papel materno. Na adolescência surgem conflitos quando percebem que seu desejo amoroso e sexual é dirigido para pessoas do seu próprio sexo. Assim como acontece com os gays, as lésbicas precisam lutar para ser autônomas, não se submetendo aos valores impostos nem absorvendo os preconceitos que a sociedade tem contra os homossexuais, assim como contra todas as minorias.
O relacionamento entre duas mulheres lésbicas é diferente do de dois homens gays. Cada casal, de forma inconsciente, leva para a relação características que a sociedade determina para o homem e para a mulher. Talvez isso explique por que Kinsey (apud LINS,sd) comprovou “em suas pesquisas que 63% das lésbicas constituem relacionamentos estáveis e duradouros e entre os gays8 essa percentagem não passa de 40%”. Numa proporção menor do que entre as mulheres heterossexuais, as lésbicas têm casos fora dos seus relacionamentos principais. E quando se separam, em geral ficam amigas de suas ex-companheiras. A maioria dos casais de lésbicas não sente necessidade de reproduzir o padrão de relacionamento heterossexual, onde um tem o poder sobre o outro. Entre elas, existe mais facilidade do que entre os gays de viver uma relação onde duas pessoas são iguais, fora dos estereótipos patriarcais de gênero .
A lésbica não se sente homem, nem quer ser homem. Entretanto, do mesmo modo que ocorre com alguns gays9, encontramos entre elas, de forma também defensiva, as que se esforçam para corresponder aos estereótipos, neste caso masculinos, da nossa cultura. São mulheres que adotam atitudes típicas do machão. Entretanto, duas mulheres lésbicas, bonitas e atraentes podem confundir as pessoas quanto à sua orientação sexual. Claro que muitos machões desinformados acreditam que uma mulher só é lésbica porque foi mal-amada por um homem.
Não é à toa que a maior queixa das mulheres nas relações sexuais com os homens seja exatamente a de que, por não saberem disso, eles iniciam o ato sexual tocando diretamente o clitóris e partem diretamente para a penetração, sem preliminares. Kinsey também já tinha observado que as relações sexuais entre lésbicas tendem a ser mais demoradas, envolvendo maior sensibilidade do corpo todo, já que o orgasmo não marca automaticamente o final da sensação sexual, como acontece muito nas relações heterossexuais.(apud, LINS,sd).
Contudo, o fato que mais intriga as pessoas na homossexualidade feminina é o corpo da mulher não ser provido de órgão de penetração. É difícil para elas entenderem como pode haver uma relação sexual sem a presença do pênis. A questão é que as mulheres se excitam no corpo todo e não só na área genital. Lábios, língua, pescoço, orelha, barriga, costas, seios, nádegas, quadris, joelhos são algumas das zonas erógenas mais importantes do corpo feminino.
"As ideologias, por oposição ao mito, produto coletivo e coletivamente apropriado, servem interesses particulares que tendem a apresentar como interesses universais, comuns ao conjunto do grupo (...) Este efeito ideológico, produzi-lo a cultura dominante dissimulando a função de divisão na função de comunicação: a cultura que une (intermediário da comunicação) é também a cultura que separa (instrumento de distinção) e que legitima as distinções compelindo todas as culturas (designadas como subculturas) a definirem-se pela sua distância em relação à cultura dominante" (BOURDIEU, 1989: 11).
A in-visibilidade é o estar dentro de uma visibilidade; não em sua totalidade, pois pensando assim seria uma utopia. Algumas pessoas notam a visibilidade do indivíduo homossexual mas, não tendo certeza concreta, não se pode afirmar que aquela pessoa seja ou não. Mesmo assim, murmúrios se espalham onde criam-se a imagem daquele indivíduo, rotulando num estereótipo o qual não se têm certeza do que falam e pra quem falam, podendo assim, voltarem as palavras aos próprios emissores delas. Para melhor entendimento, podemos contextualizar numa ordem desordenada do que significa ser a in-visibilidade: sujeito, indivíduo, pessoa, ser, identidade, subjetividade, insight, gestalt, res-significação, encontro, sombra, sociedade, esquizoanálise, comunidade, psicanálise, saúde, comportamento, psicopatologia, neurose, histeria, campo, seio bom, seio mal, esquizóide, fenômeno, condicionamento, des-sensibilização, cognição, espelho, construção, protagonismo, des-construção.
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6 Pegação é uma palavra contemporânea que se refere ao ato de ficar que esta resulta de uma gíria criada pelos jovens.
7 O chá das cinco foi lançado na Inglaterra por volta de 1830 pela Duquesa de Bedford. No Brasil na primeira metade do século XX, onde as damas da sociedade se reuniam para degustar o chá das cinco, que além de chá passou a ser servido também café, chocolate quente, drinques leves, saborosos petit-fours, sanduíche croque-monsieur, etc. Na atualidade esse espaço tornou aberto ao público de ambos os gêneros. Disponível em: http://www.boacomida.com.br/cha.html.
8 Gays neste caso é referido ao sexo masculino.
9 Idem
- TEIXEIRA, J.S. Homossexualidade Feminina: o amor por meio da in-visibilidade? (Monografia de conclusão de curso psicologia para obtenção do grau de Bacharel), 2005.
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