sábado, 9 de maio de 2009

Bareback: A roleta russa do sexo

Fonte:

http://www.farofadigital.com.br/saude_bareback.htm

Por Arnaldo Júnior

O bareback, cavalgada sem sela na tradução literal do inglês, é um termo utilizado para especificar uma modalidade nos rodeios. Fora das arenas, a "cavalgada sem sela" preocupa cada vez mais autoridades de saúde. É que grupos de pessoas promovem festas nas quais os participantes transam entre si, sem preservativos. O "barato", nessa prática, segundo participantes ouvidos pelo ComTexto, é viver o risco de contrair o vírus da Aids, o HIV. Para o primeiro barebacker brasileiro assumido, a camisinha é a negação do amor. Ele disse que sua postura em relação ao preservativo é política.

O surgimento de uma prática sexual, entre homossexuais e principalmente entre hetéros, tem preocupado cada vez mais famílias, especialistas e autoridades da saúde pública mundial. Trata-se do bareback. Usado para retratar o "culto" ao sexo sem camisinha, é cada vez maior o número de adeptos pelo mundo, inclusive no Brasil.

Em recente discurso sobre a Aids em 2007, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon disse que para cada pessoa que começa o tratamento anti-retroviral, mais seis são infectadas. "Estes números são humilhantes, mas mesmo eles não transmitem a completa e verdadeira realidade", concluiu no estudo, divulgado pela imprensa.

Para os praticantes do bareback, doenças como a Aids, não são uma sentença de morte e sim, a libertação da obrigação do uso de preservativo. Apegados a isso, eles discursam que um soropositivo, fazendo o tratamento com coquetel (recursos públicos), tem uma sobrevida de até 20 anos, enquanto um soronegativo, que usa camisinha, pode morrer a qualquer momento, de qualquer outra forma. Lembre-se que o soropositivo também pode morrer de outras causas.

Nos EUA e na Europa, são famosas as "barebacking parties", festas para a realização de sexo em grupo, sem camisinha. A internet é vista como grande difusora das mesmas. Outra categoria é conhecida por "Russian Roulette Partie" (festa da roleta russa), na qual 10% do público são HIV positivo e os demais negativos. Apenas o organizador da festa sabe quem são os infectados com o vírus, conhecido pelos praticantes como "o presente". Para entrar no ambiente, todos são revistados e proibidos de portar, vender e usar preservativos.

Em grupos de discussão pela internet e no site de relacionamentos Orkut, concentra-se grande parte dos "barebackers" e através de uma simples pesquisa, é possível encontrar pessoas interessadas no assunto. Em uma comunidade brasileira, existe inclusive o anúncio de uma das festas, taxativo quanto à escolha do público alvo: "Pessoas desencanadas, que gostam de correr riscos... Viva sem medos e seja feliz".

A reportagem do ComTexto entrou em contato com alguns praticantes, que receosos, não se identificam, mas aceitaram conversar sobre o assunto. As entrevistas foram realizadas por e-mail e por MSN, um programa de bate papo. O paulista B.C., de 40 anos, analista de sistemas, disse sentir mais prazer ao fazer sexo sem camisinha e encarar o fato com naturalidade. "Se faz um escândalo a este respeito, mas e a gravidez adolescente, não é um indicativo de falta de uso de camisinha?"

B.C. disse que defende ainda que o bareback não é um comportamento exclusivamente homossexual e que heterossexuais também praticam, mas não assumem para si próprios com tanta clareza. "Julgar assim é tentar fazer o que se fez há 25, 30 anos, quando taxaram a Aids como um mal apenas homossexual."

Para o designer gráfico E.B., 35 anos, também de São Paulo, para participar de uma festa de bareback, é necessário muito sigilo. "A abordagem é via chat e depois e-mail. É tudo previamente combinado. O organizador pede fotos de rosto, corpo e preferência sexual [ativo, passivo e ambos]. Depois, reúne um grupo equilibrado conforme as preferências, espera-se até o último convidado e inicia-se o sexo", explicou.

O ambiente das festas geralmente é uma sala ou quarto com espaços para duplas, trios ou grupos e a menor preocupação é com as doenças sexualmente transmissíveis (DST). "Quem vai para uma "party bare" já tem a consciência ou inconseqüência de que a borracha [camisinha] não é usada", disse E.B.

Outros praticantes entrevistados não permitiram a utilização de seus nomes, nem o conteúdo de sua entrevista, mas o que se pode notar de maneira geral, é que na maioria dos casos, o prazer está diretamente ligado ao contato, que segundo eles, o preservativo atrapalharia.

Presente de grego

Para a coordenadora do Programa Municipal DST/Aids de Londrina, Rosângela Alvanhan, os praticantes do bareback deveriam ter mais amor próprio. "Se isso for um presente, é um presente de grego", disse, ironizando o apelido dado pelos barebackers ao vírus da Aids.

Quanto à sobrevida, Rosângela disse que realmente o uso adequado e ininterrupto dos medicamentos aumenta a sobrevida para mais de 30 e não 20 anos, segundo as pesquisa mais recentes. Porém, o uso diário desses medicamentos é penoso, com fortes efeitos colaterais. Nas primeiras semanas, os usuários sentem irritação e ansiedade por estar se adaptando a um outro ritmo de vida e entre um a cinco anos de uso, dependendo do paciente, apresentam aumento do colesterol e triglicérides. Com isso, aumenta o risco de doenças cardio-vasculares, além de outras como diabetes e depressão.


"Para mim, camisinha é a negação do amor"
Primeiro barebacker brasileiro assumido, Ricardo Rocha disse que a prática é uma forma de questionar a sociedade

Considerado o primeiro barebacker assumido do Brasil, Ricardo Rocha Aguieiras, de São Paulo, escreveu um artigo sobre o assunto. Procurado pela reportagem do ComTexto, Rocha inicialmente concordou em dar entrevista e pediu as perguntas por e-mail. Depois de enviadas as perguntas, ele respondeu dizendo que não responderia a questões pessoais.

Ele disse que sua postura com o bareback é política. "Uma forma de questionar a sociedade, seus dogmas sexuais e as mentiras em nome de um discurso politicamente correto."

No entanto, ele permitiu usar o artigo que escreveu e que circula pela internet. No artigo, ele afirmou que "a Aids é uma doença tratável. Não mais fatal, mas crônica. Uma doença que pode dar uma sobrevida de vinte anos ou mais, não tem cabimento ser considerada ainda mortal", disse. "Fiz sexo inseguro desde sempre. Eu cresci no meio da repressão sexual e sei em cada centímetro de minha pele a dor que isso representa."

Para ele, preservativos não são uma coisa "natural". "A camisinha rompe um momento mágico, mágico sim, e lindo, entre os parceiros, que é o ato sexual(...) Como um momento de tamanha entrega, onde eu vou falar com Deus, onde a intimidade atinge seu grau máximo, eu posso permitir uma capa de borracha entre nós? Para mim, a camisinha é a negação do amor."

Ricardo Rocha encerrou o artigo afirmando que viver é um risco. "Viver mata! E atentem para o fato de que no barebacking ninguém é obrigado a nada, o ato é consensual. Se para você não incomoda em nada usar camisinha, use-a, mas respeite quem não queira."

Um comentário:

Ricardo Aguieiras disse...

Antes de postar qualquer coisa, você deveria é pesquisar mais e verificar a veracidade da informação. Eu defendo a LIBERDADE HUMANA, postura intelectual, compreende? Que você faça o que quiser com seu corpo por que ele te pertence, não pertence ao Estado, nem a medicina. Foi essa minha ligação com o assunto, nunca fui "o primeiro barebacker assumido do Brasil" e outras besteiras que escrevem. fui, sim, um defensor de que é você quem decide o que quer, entre seus parceiros, consensualmente.
Obrigado,
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br