sexta-feira, 3 de abril de 2009

Preconceito no trabalho




Não raro me encontro com alguma matéria que contenha uma referência a algum caso de discriminação no ambiente de trabalho. Para muitos não há como encarar o momento de ir para seu emprego como um no qual ele acabará por vezes a vestir se " de um armário", para se manter em sua função. Infelizmente a questão do preconceito não se intimida com barreiras, e quando dentro das relações entre empregador e o profissional por ele contratado surge a questão: "ele é gay, é homossexual", "ela é lésbica", dependendo de todo um aparato ideológico, cultural e por vezes até religioso por parte do patrão, a certeza de que seu empregado(a) possui uma orientação sexual adversa dos seus padrões estabelecidos de "normalidade", pode implicar até mesmo a demissão do mesmo, por vezes sem uma justificatica concreta, uma resposta justa.

Não posso aqui generalizar, nem é esta a minha intenção, apenas quero chamar a atenção para uma realidade tornada tão "comum", entre os joguetes istitucionais de contratação e manutenção dos cargos. Para muitos patrões a orientação sexual do pretendente à vaga é um naipe que não pode deixar de ser visto, como se o fato de acabar por tomar conhecimento de que seu empregado não é hétero fosse um sinalizador de que posteriormente estará a lidar com um incapaz, em comparação ao que está acostumado a ver como "o tipo certo" para estar a seu serviço.

O que realmente diz a nossa orientação sexual sobre nossas capacidades ou "fraquezas"? Será que um homem por ser gay é alguém que não pode estar à frente de uma sala de aula, como professor? Ou uma lésbica, ou um transsexual não são qualificados por causa do modo como vivem sua afetividade e sua sexualidade a lidar com um trabalho em uma repartição, por exemplo? É fácil...cômodo...permitir-se ir somente até o que nós estabelecemos como até onde onos interessa saber sobre alguém, e por este ponto míope ter a pretenção de crer que conhecemos já o suficiente sobre esta ou aquela pessoa.

É cômodo para muitos olhar para um homem gay como se a olhar uma embalagem amassada de um produto qualquer nas prateleiras da vida pudesse dizer: ele não serve, deve ser frágil, ou fútil demais, deve ser promíscuo...deve servir apenas para coisas de moda...não deve entender de cultura além da ilha da Maddona...como pode ele sobreviver ao emprego? Ou se tratando de uma lésbica pensar: Ela não sabe o que é ser mulher...deve ser como uma cópia de um homem, como ela se daria no seu trabalho?

Mas, não poderá o "gay", a "lésbica", o "trans", superar as definições de seu gênero, e as suas devidas cargas de preconceito que lhes são devotadas religiosamente por alguns? Respondo que sim. Somos o que somos, não o que se constrói como uma carapaça de lodo sobre nossa identidade na mentalidadede algumas pessoas.

Independente de ser alguém que se encontra dentro desta ou daquela orientação sexual, o que nos individualiza e nos constrói enquanto humanos transcende qualquer definição pré-estabelecida; nossos ideais, nossa fé, nossa afetividade e capacidade de viver o amor ( esta graça divina que em si não faz diferença de lugar para nascer, se entre diferentes ou iguais ), florescem acima de tudo que pode ser lançado sobre o que nós sabemos que nos constitui. Do mesmo modo como se diz da lótus: estando sobre a água ela não se mancha com a podridão que posa estar nela, apesar de nascer sempre acima de onde mais indesejável poderia ser para qualquer outra espécime, ela se dispõe intacta, imponente, limpa, sobre onde só poderia se ver a sujeira.

Combater a intolerância é preciso, ela não se intimida, acaba por se metamorfosear se assim for preciso; para ela que age sorrateira como cobra devemos criar asas de águia, não para alçar vôo e fugir, mas para enfrentá-la com toda a força trazendo sobre a torpeza de espírito que ela semeia nos que a acolhem como verdade de vida, a luz poderosa do alto, da realidade sobre a força de nossas capacidades concretas e de nossa humanidade plena em nossos olhos e garras.

O que nós somos, nós somos, e minha meta é caminhar além deste pôr-de-sol onde a ignorância se envolve com sombras. Independente de quem você seja, de que cargo ocupe, ou se é ainda um estudante, meu caro visitante, agora me direciono a você: não se tome por incapaz de fazer uma diferença no caminho dos que por vezes são ou serão vitimados pelo preconceito, acaso se você for educador pense que na sua sala de aula é que poderá sair um aluno que saiba respeitar as pesoas sem estabelecer condições para que este respeito aconteça, sem procurar saber se segue ou não seu caminho, incluso aqui a questão da orientação sexual; ou aquele que teve em mãos toda uma oportunidade de instruir-se intelectualmente, mas não teve a necessária assistência de formação e promoção humana, e diante do "diferente" não sabe agir senão que por outra regência que não seja a de uma postura intolerante, preconceituosa. Não sou utópico a ponto de crer que com uma atenção mais apurada a pequenas (grandes) coisas como estas poderão ser mudadas inúmeras pessoas, e futuramente muitos não seriam discriminados em suas ocupações trabalhistas.

Mas creio que quando temos uma oportunidade, ainda que mínima no que se refere a notoriedade, podemos sim acenar com a diferença, mostrar que ela é possível de ser concretizada. Nossa voz só talvez não seja capaz de emitir um grito de "basta!" capaz de incomodar e apontar as chagas que muitos preferem ignorar...mas, quando cada um em seus meios age contra a discriminação e a intolerância, somos fortes, como o são as estrelas que sós não iluminam a noite, mas que em todo o conjunto de seus lumes nos revestem de luz...como as luzes da constelação de Aquário...os olhos de Ganimedes.



(o moderador)

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