terça-feira, 15 de setembro de 2009

Bispos, casamentos, artistas e até refrigerantes estão no ringue pelos direitos LGBT.

14/09/09 - No Brasil, parlamentares religiosos da esquerda tem opiniões diferentes sobre os direitos LGBT: há quem defende e quem vai contra mas a maioria não concorda com a lei que criminaliza a homofobia no Brasil. Segundo informações divulgadas pelo site Do Lado, uma maior tolerância é encontrada entre os parlamentares católicos, já que os evangélicos são mais radicais e levam a Bíblia ao pé da letra – livro que fazem questão de citar para defender a posição de que “o casamento é entre macho e fêmea”. Ainda, alguns parlamentares religiosos sequer pensam na questão dos direitos LGBT por não considerarem o assunto importante.

Por outro lado e pra colocar lenha na fogueira, a Igreja da Comunidade Metropolitana fundada no final da década de 60 nos Estados Unidos e com sedes no Brasil em Fortaleza, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Vitória, recebe religiosos LGBT de portas abertas e não se importa em causar polêmica ao defender uma nova visão de que a Bíblia não condena a homossexualidade e a existência de diversos exemplos de relações homossexuais no livro sagrado.

De acordo com uma das pastoras da sede de Vitória, a Bíblia revela que Davi amava Jônatas mais do que as mulheres, “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres”, diz o livro 2, Samuel, Capítulo 1, versículo 26 da Bíblia.

Por oferecer uma nova visão a igreja atrai curiosos e jovens universitários, que frequentam as igrejas seguindo a mesma tradição de outras instituições religiosas, indo às missas e realizando batismos.

Longe de levantar bandeiras LGBT, a Igreja da Comunidade Metropolitana recebe a todos com igualdade, respeitando a orientação sexual da mesma forma que a espiritualidade, oferecendo cerimônias de casamento para casais homossexuais.

A mesma Igreja lançou fora do Brasil uma campanha para apoiar a comunidade LGBT perguntando, “Jesus discriminaria?” A campanha utiliza de versículos da Bíblia onde supostamente há citações defendendo gays – Mateus, 8:5-13; Lucas, 7:1-10 – o que gerou polêmica pelos mais de 20 países onde a igreja tem suas congregações.

Segundo a Igreja da Comunidade Metropolitana, o termo pais utilizado algumas vezes pela Bíblia faz referência à uma antiga palavra grega simbolizando parceiros do mesmo sexo.

Membros da igreja afirmam que as pessoas ficam cegas pela fé e não conseguem aceitar que Jesus não era preconceituoso e cuidava de gays como qualquer outro ser humano. Acrescentam que a Bíblia é um livro antigo e sua interpretação deve ser feita deixando de lado interesses particulares de instituições que pretendem continuar pregando a homossexualidade como um pecado.

Outro grupo religioso que também acolhe a comunidade LGBT fica na Inglaterra e se chama Quakers – também conhecido como Sociedade Religiosa dos Amigos. O grupo realiza cerimônias de casamento entre homossexuais e garante que pressionará o Governo para que sejam reconhecidas no âmbito civil, defendendo que qualquer união é uma “obra de Deus” e igualando os direitos entre homossexuais e heterossexuais.

Desde 2005 os casais homossexuais que têm suas uniões civis reconhecidas pelo Governo podem contar com os Quakers para realizar a cerimônia de casamento seguindo a tradição heterossexual.

Enquanto algumas instituições pensam na inclusão de seus fiéis, algumas linhas religiosas estão incluindo representantes LGBT em seu clero, como a Igreja luterana dos EUA que através de uma nova resolução a entrar em vigor a partir de 2010, permitirá que gays e lésbicas em relações estáveis e monogâmicas possam se tornar pastores na Igreja Luterana Evangélica dos Estados Unidos, que antes só permitia quem se mantém no celibato.

Por outro lado, a inclusão de membros LGBT não sinaliza a aprovação de uniões homossexuais ou qualquer cerimônia do gênero na igreja mas sem dúvida está passos a frente da imensa maioria das instituições religiosas e políticas nos Estados Unidos, que ainda se mantém conservadoras demais ao barrar direitos e tratar com desigualdade a população LGBT.

Outro exemplo é a Igreja Episcopal de Los Angeles que sagrou como bispos John Kirkley e Mary Douglas Glasspool, gay e lésbica assumidos, seguindo a suspensão de uma regra que proibia a sagração de bispos homossexuais.

Esta não é a primeira vez que a instituição coloca um homossexual em posição de poder na igreja. Em 2003, o também homossexual Gene Robinson foi sagrado como bispo, agravando a polêmica sobre o assunto e criando uma igreja rival formada pelos insatisfeitos.

Enquanto lá fora algumas instituições demonstram avanços com a participação de bispos e pastores LGBT, aqui no Brasil o arcebispo Dom Fernando Saburido, que assumiu a Arquidiocese de Olinda e Recife, anda na contramão deixando sua posição negativa bem clara sobre alguns assuntos, incluindo a homossexualidade.


Como de costume e de forma contraditória, o arcebispo colocou os homossexuais no mesmo “pacote” de pedófilos, aborto e prostituição ao revelar que a igreja não pode discriminar os seus fiéis contanto que eles sigam a proposta do evangelho e recebam Deus em seus corações para que não sejam mais pecadores.

No mesmo caminho retrogrado a lista negra do Vaticano continua crescendo ao condenar mais um artista. Dessa vez é a vocalista Roxanne Claxton, da banda Salon Society, que foi agraciada com a condenação.

O motivo? Em um vídeo exposto na Galeria de Arte Moderna de Glasgow (GOMA), a cantora comemora a sua bissexualidade arrancando páginas da Bíblia e as colocando em seu sutiã e calcinha, além de incentivar o público a criar sua própria versão do controverso livro sagrado.

Obviamente que o Vaticano ia considerar a obra nada mais nada menos que “repugnante e ofensiva”.

Roxanne se junta à cantora Laura Pausini – por defender os gays em 2007 – e à Madonna, que em 1989 chocou as estruturas do Vaticano com o clipe de “Like A Prayer”, com cruzes pegando fogo, santos chorando lágrimas de sangue e um Jesus negro sendo seduzido pela própria. Em 2006, Madonna também foi alvo de críticas por ser crucificada ao som de “Live To Tell” durante os shows da “Confessions Tour”.

Quem também ficou no centro de uma luta por ideais religiosos é a Pepsi, que não imaginava que por ser gay-friendly acabaria como alvo de boicote de uma grande igreja da Flórida.

De acordo com um dos membros da igreja, a Pepsi apóia o estilo de vida homossexual e investiu milhões de dólares em instituições e eventos LGBT no país. Por esse motivo, a igreja decidiu boicotar os refrigerantes da Pepsi e passou a consumir Coca-Cola.

Como parte do boicote, a gigante igreja de nome não revelado trocou suas dez máquinas de Pepsi por máquinas de Coca-Cola.

Um militante dos direitos LGBT considera o movimento da igreja uma troca de seis por meia dúzia e ironizou dizendo que “a igreja trocou uma empresa que luta pela igualdade por outra que faz a mesma coisa”.

Fechando o ringue, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Católica de Brasília realiza uma série de eventos para dar as boas vindas a seus calouros e, neste semestre, aconteceu um debate sobre feminismo e a questão LGBT, propiciando a reflexão sobre questões sociais. O debate contou com a presença de representantes do Grupo Estruturação, ONG de Brasília que luta pelos direitos LGBT.

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