Fonte:
por Klecius Borges
Um dos sintomas mais freqüentes apresentados por pacientes homossexuais que buscam terapia é a depressão. Em diferentes graus e formas de manifestação, sentimentos de menos valia, desânimo e falta de apetite pela vida estão habitualmente presentes nas queixas desses pacientes.
Ainda que não haja diferenças estatísticas significativas na prevalência da depressão entre hétero e homossexuais, estudos clínicos demonstram haver algumas especificidades na gênese do quadro depressivo entre homossexuais.
Considerando-se que as causas conhecidas da depressão envolvem fatores biológicos, psicológicos e ambientais, o que se tem notado, como observam os psicólogos americanos Marny Hall e Kimeron Hardin, especializados no tratamento da depressão em homossexuais, é que no caso dos homossexuais o fator ambiental tende a desempenhar um papel desproporcional nessa equação.
Expostos a uma sociedade heterocentrada e homofóbica, desde cedo percebemos o estigma social vinculado a nossa orientação sexual e rapidamente desenvolvemos mecanismos internos de repressão e sublimação de nossos sentimentos. Ao mesmo tempo, como forma de evitar a rejeição de quem amamos e a discriminação social, aprendemos a disfarçar nossos impulsos, a controlar comportamentos e atitudes e a evitar quaisquer sinais que possam nos comprometer. Como resultado desse processo interno e externo, acabamos prejudicando seriamente nossa auto-estima e nos tornando defensivos, introspectivos e distantes emocionalmente.
É comum na adolescência, quando esses conflitos normalmente se acirram, o aprofundamento de sentimentos de solidão e desespero e o surgimento de fantasias (e até mesmo tentativas) de suicídio. É nessa fase também que muitos passam a consumir álcool e drogas como forma de aliviar o sofrimento.
Durante a vida adulta, pressões familiares, sociais e profissionais continuam a exercer um papel importante em nosso bem-estar psíquico e emocional e, dependendo do nosso grau de auto-aceitação e de visibilidade social, passam a ser fator determinante na manifestação ou na recorrência da depressão.
Assim, desencadeada inicialmente pela homofobia real e depois internalizada, a depressão em homossexuais adquire também dimensões biológicas e psicológicas, e seu tratamento psicológico requer atenção especial nessa dinâmica de desenvolvimento. De acordo com Marny Hall e Kimeron Hardin, são dois os estágios desse tratamento (ao qual muitas vezes deve-se associar o uso de medicamentos).
No primeiro estágio, o terapeuta ajuda o paciente a compreender que papel a homofobia a que foi exposto, principalmente em seus anos iniciais de vida, desempenha no desenvolvimento da depressão. Isso é feito por meio de uma investigação cuidadosa de sua história de vida, com atenção especial aos eventos marcantes da infância e da adolescência.
No segundo estágio, procura-se desenvolver estratégias que auxiliem o paciente a evitar padrões de comportamento antigos de autocensura e autodepreciação e a instalar novos padrões, mais positivos. Estratégias bem-sucedidas envolvem com freqüência o estabelecimento de alianças e de vínculos emocionais e afetivos com outros homossexuais e também a ampliação da rede de suporte pessoal.
Entender, portanto, essa dinâmica complexa, perceber os efeitos que ela causa em nosso bem-estar e aceitar a necessidade de transformá-la pode ser o caminho mais sólido para erradicarmos a depressão de nossa vida.
Texto publicado no site G Online
Seção Saindo do Armário
em 2003
Um dos sintomas mais freqüentes apresentados por pacientes homossexuais que buscam terapia é a depressão. Em diferentes graus e formas de manifestação, sentimentos de menos valia, desânimo e falta de apetite pela vida estão habitualmente presentes nas queixas desses pacientes.
Ainda que não haja diferenças estatísticas significativas na prevalência da depressão entre hétero e homossexuais, estudos clínicos demonstram haver algumas especificidades na gênese do quadro depressivo entre homossexuais.
Considerando-se que as causas conhecidas da depressão envolvem fatores biológicos, psicológicos e ambientais, o que se tem notado, como observam os psicólogos americanos Marny Hall e Kimeron Hardin, especializados no tratamento da depressão em homossexuais, é que no caso dos homossexuais o fator ambiental tende a desempenhar um papel desproporcional nessa equação.
Expostos a uma sociedade heterocentrada e homofóbica, desde cedo percebemos o estigma social vinculado a nossa orientação sexual e rapidamente desenvolvemos mecanismos internos de repressão e sublimação de nossos sentimentos. Ao mesmo tempo, como forma de evitar a rejeição de quem amamos e a discriminação social, aprendemos a disfarçar nossos impulsos, a controlar comportamentos e atitudes e a evitar quaisquer sinais que possam nos comprometer. Como resultado desse processo interno e externo, acabamos prejudicando seriamente nossa auto-estima e nos tornando defensivos, introspectivos e distantes emocionalmente.
É comum na adolescência, quando esses conflitos normalmente se acirram, o aprofundamento de sentimentos de solidão e desespero e o surgimento de fantasias (e até mesmo tentativas) de suicídio. É nessa fase também que muitos passam a consumir álcool e drogas como forma de aliviar o sofrimento.
Durante a vida adulta, pressões familiares, sociais e profissionais continuam a exercer um papel importante em nosso bem-estar psíquico e emocional e, dependendo do nosso grau de auto-aceitação e de visibilidade social, passam a ser fator determinante na manifestação ou na recorrência da depressão.
Assim, desencadeada inicialmente pela homofobia real e depois internalizada, a depressão em homossexuais adquire também dimensões biológicas e psicológicas, e seu tratamento psicológico requer atenção especial nessa dinâmica de desenvolvimento. De acordo com Marny Hall e Kimeron Hardin, são dois os estágios desse tratamento (ao qual muitas vezes deve-se associar o uso de medicamentos).
No primeiro estágio, o terapeuta ajuda o paciente a compreender que papel a homofobia a que foi exposto, principalmente em seus anos iniciais de vida, desempenha no desenvolvimento da depressão. Isso é feito por meio de uma investigação cuidadosa de sua história de vida, com atenção especial aos eventos marcantes da infância e da adolescência.
No segundo estágio, procura-se desenvolver estratégias que auxiliem o paciente a evitar padrões de comportamento antigos de autocensura e autodepreciação e a instalar novos padrões, mais positivos. Estratégias bem-sucedidas envolvem com freqüência o estabelecimento de alianças e de vínculos emocionais e afetivos com outros homossexuais e também a ampliação da rede de suporte pessoal.
Entender, portanto, essa dinâmica complexa, perceber os efeitos que ela causa em nosso bem-estar e aceitar a necessidade de transformá-la pode ser o caminho mais sólido para erradicarmos a depressão de nossa vida.
Texto publicado no site G Online
Seção Saindo do Armário
em 2003
5 comentários:
legal essa materia,passei por depressão os melhores anos da minha vida ,ainda não consegui resolver completamente mais já melhorei bastante.
Eu acho uma hipocrisia tentar colocar a culpa nos outros pela depressão do gays, a depressão é fruto deste comportamento anti-natural.
olha, anti-natural pra mim é insistir sempre em se manter numa postura preconceituosa, e se dar o trabalho de vir num site desse apenas para reforçar posturas tão inflexíveis que não ajudam em nada. Pra você é fácil dizer que é uma "hipocrisia colocar a culpa nos outros..." como se tudo no fim não passasse disso, ter alguém pra pôr culpa. Eu já fui vítima de bullying homofóbico, na escola, eu sei o que sofri de rejeição, de perseguição, de dor, não me agrediram no corpo, mas me deixaram destruído, minha família muitas vezes só fez reforçar esse preconceito, eu tive depressão profunda a ponto de quase chegar à morte, pois meu corpo rejeitava alimentação, entre outras coisas, pra você talvez até seria mais confortável se eu tivesse partido né? pois pra você algo que pra mim que sofri na pele é sim um fato, não passa de hipocrisia. cansei de gente que entra como anônimo só pra querer mostrar seu preconceito sem se mostrar aqui. vou cancelar essa opção de comentários anônimos, pois às vezes até entrar para dizer que a gente deveria morrer, que se encontrassem com um gay asqueroso matariam, etc, já fizeram, tenho tempo a perder com isso não.
Neste momento em que escrevo estou passando por depressao profunda por conta principalmente de homofobia, criticas e zombaria, de gente que menospreza seu semelhante. varios fatores colaboraram e o numero um é o sofrimento por causa de bullyng. estou pensando seriamente em sair da minha cidade onde nasci e fui criado, educado, mas um lugar em que nunca fui bem recebido. as vezes desejo que meu Deus me leve dessa terra. abraço.
Maloy
Fico muito triste em ver pessoas que ainda acham que ser homossexual é um desvio ou uma opção. Lamentável ver pessoas com tanta ignorância e falta de compaixão ao próximo!!!
Postar um comentário