terça-feira, 19 de agosto de 2008

Texto(s) que recomendo.

Este é mais um material que incluo entre as leituras que recomendo, trata-se de um trabalho de Luiz Mott, disponível no site do Grupo Gay da Bahia:

http://www.ggb.org.br/direitos.html

VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DOS GAYS, LÉSBICAS, TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NO BRASIL: 2004.

abaixo apresento um fragmento do material já citado.

[Fonte: Arnor Ribeiro, Brasil ­ JB On Line, 30/6/2004]


FAMÍLIAS PROÍBEM CONVIVÊNCIA DE FILHOS COM HOMOSSEXUAIS (MS)-A atuação dos movimentos anti-homofobia tem diminuído o preconceito e discriminação aos homossexuais no Brasil, mas a rejeição ainda persiste, por exemplo, no próprio meio educacional, por orientação de algumas famílias de estudantes heterossexuais. Assuntos como este, relativos à homossexualidade, foram discutidos, em Campo Grande (MS), no I Encontro de Gays e Lésbicas do Centro-Oeste. De acordo com o secretário da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT) no Centro-Oeste, Clóvis Arantes, pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apontam que 30% dos pais não permitem, nas escolas, que seus filhos mantenham relações de amizade com alunos que não são heterossexuais. "Esse é um modelo que rotula as pessoas", critica. Atualmente no Brasil 10% da população é formada por homossexuais, cerca de 17,9 milhões de cidadãs e cidadãos.
Mesmo admitindo que a exclusão reduziu no país nos últimos 20 anos, o psicólogo de São Paulo, Cláudio Picazio, especialista em sexualidade, reconhece que ainda há setores na sociedade que pensa que homens e mulheres se tornam homossexuais em função do convívio. "Homossexualidade não se aprende. Não se pega no contato social", explica Picazio. A rejeição sofrida por gays, lésbicas e transgêneros é considerada por Picazio um absurdo. "Ter preconceito em relação a afeto é a coisa mais burra”.A socióloga Ana Maria Gomes, no Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), admite que "os homossexuais enfrentam prisões", porque a sociedade considera suas atitudes como anormais, diferentes do que se estabelece como padrão nas relações de gênero. Além da rejeição social implícita e explícita, os gays e lésbicas ainda enfrentam violência física. Conforme o secretário da ABGLT no Centro-Oeste, Clóvis Arantes, em Cuiabá (capital de Mato Grosso), cinco travestis foram assassinadas este ano. Ele relatou o caso em que cinco adolescentes, também em Cuiabá, agrediram um estudante homossexual, que teve traumatismo craniano. Segundo Clóvis, a escola e a família do agredido foram omissos em relação ao caso. O representante da ABGLT explica que o homossexual sofre "dupla violência" (agressão física e violação da auto-estima). Clóvis reclama que não há políticas públicas específicas, como educação, saúde e justiça, para os homossexuais e transgêneros. "Os adolescentes homossexuais hoje estão fora do mercado de trabalho”. O estudante Fabiano Vagner dos Santos, diretor da Associação Ipê Rosa de Gays, Lésbicas, Travestis e Simpatizantes de Goiás, a primeira legalizada no Centro-Oeste, afirma que na região, em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, principalmente, a sociedade é fechada para assuntos relativos à homossexualidade.
Segundo o enfermeiro Jefferson Costa, técnico em enfermagem em Três Lagoas (MS), há discriminação no meio escolar. Ele explica que os pais de adolescentes heteros não aceitam que os filhos estudem em salas onde há alunos homossexuais. A professora Adiely Nascimento, de Campo Grande (MS), disse que ainda há casos em que as lésbicas de classe média baixa, se isolam da sociedade, formando o que ela chama de "gueto". Transexuais - A exemplo dos homossexuais, os transexuais se deparam com barreiras sociais e jurídicas. A presidente do Grupo Brasileiro de Transexuais, Astrid Bodstein, critica as leis brasileiras em relação às solicitações de mudança de nome das pessoas transexuais. "Nossa legislação é omissa", afirmou, acrescentando que nos processos em que se pede a mudança de nome depende-se de qual juiz vai analisá-lo. Se o magistrado levar em consideração as jurisprudências, o transexual ou a transexual consegue mudar de entidade. Astrid explica que, no Brasil, em cada 30 mil pessoas, há uma mulher transexual. Parada - As palestras e debates do I Encontro de Gays e Lésbicas do Centro-Oeste terminaram ontem, mas, neste sábado, os participantes do evento participam da 3ª Parada da Diversidade Sexual. A concentração será à tarde, na praça Ary Coelho, em Campo Grande. A partir das 16h, eles fazem uma caminhada pelas principais ruas do centro da cidade.

domingo, 17 de agosto de 2008

Aids cresce mais entre meninas e gays jovens

http://www.gtpos.org.br/index.asp?Fuseaction=Informacoes&ParentId=511&area=20&pub=233

Entre a população de 13 a 19 anos, há 10 mulheres infectadas para cada 6 rapazes portadores de HIV

Lígia Formenti

O número de jovens homo e bissexuais masculinos com HIV no País aumentou 70,5% em uma década, revela o Boletim Epidemiológico divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. Em 1996, homossexuais e bissexuais masculinos representavam 24,1% do total de casos da doença entre 13 e 24 anos. Em 2006, a proporção saltou para 41,1% dos casos na mesma faixa etária. Entre heterossexuais, a proporção também aumentou neste período, mas numa velocidade menor, 51,6%.
O documento mostra ainda que, entre jovens, o grupo feminino está mais vulnerável à epidemia. Na faixa etária de 13 a 19 anos, há hoje dez mulheres infectadas para cada seis homens. Algo bem diferente do que ocorria em 1985, quando eram contabilizados 14 casos no grupo masculino para cada caso feminino.
As duas tendências preocupantes reveladas pelo boletim têm em sua origem um problema comum: dificuldade no acesso a serviços de saúde e resistências culturais. "Meninas sentem-se inibidas em recorrer a postos de coleta de preservativos. O mesmo ocorre com jovens gays, que temem a discriminação", afirmou a coordenadora do Programa Nacional de DST-Aids, Mariangela Simão. No caso de jovens gays, há um problema adicional, vivido também na Alemanha e em alguns Estados americanos. Esta geração cresceu longe do horror que a doença provocava no início da epidemia. Agora, a aids é vista como um problema crônico, o que, em parte, acaba abrindo brechas para que a prevenção seja mais "frouxa".
Diante da tendência registrada entre bissexuais homens e homossexuais, o Programa Nacional de DST-Aids, em conjunto com a sociedade civil, desenvolveu um conjunto de ações, que deverá ser lançado até o próximo ano. A estratégia tem como principal objetivo reduzir a homofobia entre grupos de jovens, ampliar a consciência sobre a necessidade de proteção e do uso de preservativos. Entre homossexuais e bissexuais de faixas etárias mais altas, o número de casos novos está caindo. Justamente por isso, a média de casos de aids entre homo/bissexuais mantém-se estável.

EM QUEDA

O boletim aponta ainda uma tendência de queda no número de casos de aids no Brasil. Em 2006, foram registrados 32.628 casos novos da infecção. Em 2002, haviam sido notificados 38.816 novos pacientes. "Mas é cedo para falar que o número de casos está caindo. Para isso, precisamos esperar pelo menos mais dois anos", afirmou.
A cautela se explica. A epidemia hoje está pulverizada pelo País, 86% dos municípios brasileiros têm casos registrados da doença. "Com a interiorização, há maior risco de a notificação dos casos ser mais lenta", observou. A análise dos dados mostra que o número de casos da doença permanece estável nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Já nas regiões Norte e Nordeste, a epidemia apresenta um ritmo crescente.
A diferença também é notada nas taxas de mortalidade. Regiões Norte e Nordeste apresentam números mais elevados. Para Mariangela, isso demonstra deficiências nos sistemas de saúde dessas duas regiões. "É preciso melhorar principalmente o diagnóstico precoce e o início do tratamento", observou.
O trabalho mostra, por exemplo que 13,9% dos indivíduos diagnosticados com aids no Norte morreram um ano depois da descoberta da doença. No Sudeste, 95% das pessoas com aids continuam vivas cinco anos depois do diagnóstico.
O documento também indica a redução dos casos da doença entre usuários de drogas injetáveis. Para Mariangela, essa redução é fruto da combinação de três fatores: eficácia do programa de redução de danos - que distribui seringas para usuários -, a morte de parte dos pacientes dependentes de drogas injetáveis e, também, a mudança do perfil do uso de drogas no País. "O uso de crack agora é muito mais intenso do que o de drogas injetáveis", observa.
Atualmente, a aids atinge 0,5% da população brasileira entre 15 e 49 anos. Apesar da distribuição de medicamentos anti-retrovirais, as taxas de mortalidade são estáveis: 5,1 por 100 mil habitantes. "A terapia aumenta a expectativa de vida dos pacientes. Mas aqueles que já estão em tratamento há mais tempo podem apresentar resistência aos remédios", explicou.


vídeo: 5 razões para não usar preservativo

Este filme foi escrito, produzido e realizado pela Monomito Argumentistas para a Campanha de prevenção da infecção pelo vírus da Sida lançada pelo Alto Comissariado da Saúde em Outubro de 2007.

Previna-se contra a aids.

Sugar Baby Love (HD)
(Campanha vencedora em CANNES.)




Campanha de prevenção a AIDS - casais sorodiscordantes- ABIA

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sobre Cegos...


Por Yekhezel and my soul*


Desfolha-se sobre mim uma sensação antiga, de quando pensei que ser eu mesmo era uma tarefa de Ícaro, e que assim como ele acabaria por cair no logro de ter meio e força para voar ao céu, e que na verdade minhas asas eram de cera, as quais não tarde Apolo feriria com suas setas áureas.
Desfolha-se sobre minha memória a tênue e fria face, do que acreditei não poder vencer, e que no presente tempo observo sua anatomia de ciclope derrotado. E muitos hoje me tratam como sendo alguém de coragem, mas o que eles chamam de coragem, para mim, nada mais é do que uma extensão da franqueza com a qual procuro tratar com o que sinto. Assumir a própria homossexualidade não é simples, tampouco quando se vem de uma formação religiosa hermética como a minha materna, tive que buscar um caminho para ressignificar o que é a fé.
Sinto em minha vida que nós homens tão acostumados a levantar, derrubar bandeiras e fronteiras entre nós mesmos e os outros, acabamos por transplantar esse ritmo vicioso para a nossa construção do pensamento religioso, e nos deixamos apartar do gérmen sobre o qual se consolidou a busca do sagrado, que nada mais foi que a sede de compreendê-lo e de nos aproximarmos dele.
Há um ícone mariano que sempre me põe a meditar sobre esses elos de união, onde vemos retratada a figura de Cristo menino nos braços de sua mãe, sua face exprime tensão e busca de refúgio, pois se vê diante dos sinais de sua morte próxima, ele agarra a mão dela com vigor, e uma de suas sandálias jaz pendente de seu pé, com somente uma tênue tira da suas amarras ainda presa a ele... Significando o quão frágil, porém persistente é nossa ligação com Ele.
Tive que buscar novas forças para redescobrir esta “amarra da sandália”, muitos me levaram a crer que eu já estava condenado, que minha atitude de demonstrar afeto pela minha companhia(que no caso é de meu mesmo sexo), era seguir de modo contrário ao que era pregado, ao que era dogmatizado pelo cristianismo. Mas, o que são as palavras impressas como sendo as Dele quando são tomadas para apartar e não para reunir? São como sinos dispersos a dobrarem no deserto, não possuem serventia, pois ainda que alguém os escute, o caminho que mostram é refratado em silêncios de verdades dispensáveis, parciais. Esquecem da justiça Dele, e levantam seus tratados entre os homens com a ânsia de quem vem para separá-los em rebanhos, como se detivessem autoridade inquestionavelmente constituída para isso.
Religião, “religare”, re-ligar...
Não vale a pena buscar martírio para defender o que sangra os marcos antigos das instituições religiosas, que são constituições humanas através das quais buscamos nós sentir esse insondável e ao mesmo tempo próximo ser, que compreendemos como origem, não há porque se lutar em nome daquilo que em nome desta ou daquela crença é levado ao conhecimento profano (no sentido original do termo: “fora do templo”), por pessoas que apoiadas neste ou naquele versículo, nesta ou naquela interpretação teológica são capazes de gerar uma postura de rejeição ao diferente, como numa Jihad, guerra-santa, pós-moderna. Antes se denegria a dignidade humana dos negros escravos, reduzindo-os a reles condição de objetos comerciáveis, baseando-se em interpretações infundadas de que os mesmos não tinham alma, logo não foram eles agraciados por Deus com a humanidade, o que tornava qualquer tratamento dispensado com eles justificável.
Não buscavam compreende-los como homens iguais a eles, capazes de sentir desde o gozo, da alegria até a dor e pranto como eles “os brancos” também sentiam. È fácil se permitir ir até o rótulo, cuspir em quem o detém, mas é demasiado esforço procurar compreender o diferente como também uma pessoa, com dignidade, com direitos, que assim como nós “os outros” de sua vida e convivência social possuem.
Religião... “Religare”... Re-ligar...
Quando o homem se redescobrir dentro do que o levou a seguir seus elos de união com o sagrado, talvez pelo menos no campo que cotidianamente tem se convertido em um campo de batalha para as minorias sociais, que é o religioso, não existam mais “os escolhidos” e os que devem ser tratados como “escória”, os “intocáveis”.
O homem que procura estender os olhos de seu entendimento aos céus, mas acaba por tornar do que era para congregar em torno Daquele que, acolhia sem distinção e usava de justiça igualitária e viva a quem o buscava os homens, seus irmãos, uma arma de separação e exclusão porque este indivíduo, ou aquele grupo específico, nada na maré contrária ao que para ele é verdade “santa e irrefutável”, possui os olhos de sua alma instintos. E como poderá um cego gritar que sabe o que é a luz?

* Estudante do curso de História na UFPI e organizador deste blog.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

VII Parada da Diversidade / IV Semana do Orgulho de Ser.

Disponível em:

http://www.grupomatizes.org.br/programacao.html

TEMA: Diversidades: juventude, maturidade e envelhecimento

Programação:

24 de agosto
Torneio das Diversidades - modalidades esportivas: futsal, basquete, tênis de mesa e sinuca

25 a 28 de agosto
Exposição de Artes Plásticas - Um panorama da Diversidade na obra de Fernando Costa – Local: Galeria do Clube dos Diários

12h - Mostra de filmes - Local: Sala Torquato Neto

12h - Mostra de filmes em bairros da periferia

25 de agosto
9h – Debate: Os Programas de Governo das/os Candidatas/os a Prefeita/o de Teresina e a População LGBT (debate com as/os “prefeitáveis” ou suas/eus representantes) – Auditório da DRT - PI

15h - Debate: Diversidades: juventude, maturidade e envelhecimento –

16h – Oficina: O orgulho de ser mulher – Facilitadoras: Norma Soely (Sub-comissão de Eqüidade de Gênero da Caixa Econômica Federal); Suely Rodrigues (União das Mulheres Piauienses) - Local: Auditório da DRT/PI

18h30min – Debate: “Saúde da população LGBT no enfrentamento das iniqüidades e da homofobia” – Marden Marques Soares Filho (Consultor Técnico – Ministério da Saúde); Profª Msc. Maria do Carmo T. Veloso (Novafapi) e Profª Msc. Consolação Pitanga (Novafapi) - Local: Auditório da Novafapi

26 de agosto
8h – Debate: Diversidade nas Políticas de Segurança Pública: um tema fora da roda? – Debatedores: Ricardo Balestreri (Secretário Nacional de Segurança Pública – a confirmar); Prof. Dr. Carlos Buenos Ayres (UFPI); Cap. Antônio Casado de Farias Neto (PM/AL); – Coordenação: Mj. Júlia Beatriz Almeida (PM/PI) – Local: Auditório do QCG – PM/PI

9h - Palestra: O papel da escola no enfrentamento ao preconceito, à discriminação e à violência homofóbica – Palestrante: Representante do Ministério da Educação - Local: Centro de Formação Prof. Odilon Nunes

15h – Audiência Pública – Discutindo políticas de geração de emprego e renda para grupos excluídos – Plenarinho da Assembléia Legislativa

17h30min – Carreata das Diversidades – Saída da Av. Mal. Castelo Branco (ao lado da Assembléia Legislativa)

27 de agosto
10h – Debate: Sexualidades na 3ª idade – Coordenação: Prof. Dr. Francisco de Oliveira Barros Jr. (UFPI) – Local: Sala do Programa 3ª Idade em Ação – PTIA/UFPI

14h30min – Oficina: O papel dos Conselhos na efetivação dos Direitos Humanos – Facilitadora: Maria de Lurdes Rodrigues (Liga Brasileira de Lésbicas/SP) - Auditório da Casa dos Conselhos

15h – Palestra: Sexualidade na maturidade – Psicólogo Antônio Francisco S. Júnior – Hospital Municipal de Caxias-MA - Coordenação: Profª Solange Mª Ribeiro Nunes Lages – Mestranda/ UESPI – Auditório Central da UESPI

16h – Debate: As múltiplas faces do universo gay – Debatedores: Prof. Dr. Fabiano Gontijo (UFPI); Oswaldo Braga (Associação Brasileira de Gays e Movimento Gay de Minas) – Coordenação: Herbert Medeiros (Matizes) - Auditório da DRT/PI

18h – Perfomance Teatral: “Diversidade do Feminino” (Grupo de Teatro Cahuaham - UESPI) - Local: Praça dos Bambus – UESPI

18h – Lançamento do Livro “Matizes geracionais” - Local: Sala Torquato Neto

18h30min – Palestra: A união estável entre pessoas do mesmo: uma abordagem jurídica – Palestrante: Profª Esp. Joelma Marcela de Lima (FAETE) – Local: Auditório da FAETE

19h - Show Boca da Noite – Local: Espaço Cultural Osório Jr.

20h – Mesa Temática – Os desafios do envelhecer e seus aspectos psico-sociais – Auditório da Faculdade Santo Agostinho

28 de agosto
8h30min – Palestra: “Orientação Sexual e Direitos na 3ª Idade” Palestrante: Profª Esp. Leyde Renê Nogueira Chaves/UESPI; Coordenação: Profª Aurinice Sampaio Irene Monte, Mestranda em Ciências da Saúde/ UESPI – Auditório do Pirajá

10h – Debate: Ações de saúde e prevenção para grupos vulneráveis – Debatedor@s: Monique Alves (Associação das Travestis do Piauí); representante da Associação das Prostitutas do Piauí e Representantes das Coordenações Estadual e Municipal de DST’s/AIDS - Local: Auditório da DRT/PI

14h – Oficina – Aids e racismo – Facilitadora: Rejane Soares (CNEGRA - Coletivo de Mulheres Negras) – Local: Memorial Zumbi dos Palmares

15h – Painel: “Corporeidades” - Expositores: Profª Drª Shara Jane Holanda Costa Adad/UESPI; Profª Msc. Maria Rosângela Sousa/UFPI - Coordenação: Profª Msc. Hercilene Costa/UESPI.

15h – Oficina – Homossexualidades na MPB – Facilitador: Prof. Dr. Francisco Jr. – Local: Centro de Referência Homossexual Raimundo Pereira

18h – Debate: Piauí: a ilha de lesbos é aqui? - conversas sáficas sobre visibilidade - Debatedora: Lurdinha Rodrigues (LBL/SP) e Carmen Ribeiro (Matizes e LBL/PI) – Local: Centro de Referência Homossexual Raimundo Pereira

29 de agosto
8h – Círculo de Cultura Sócio-Poético: “O que é sexualidade?” – Coordenadora/facilitadora: Profª Msc. Hercilene Costa/UESPi – Sala Pólo Arte na Escola (Setor 05 – CCE/ UESPI)

8h30min às 14h – Ação Cidadã – (realização simultânea de vários serviços para a população teresinense: expedição de documentos, assessoria jurídica, serviços de estética, etc.) – Local: Praça da Bandeira

16h - VII PARADA DA DIVERSIDADE

19h - SHOW DA DIVERSIDADE - (participação de vais intérpretes da música piauiense, transformistas e drag’s) – Local: Praça Pedro II




vídeo: SEMANA DO ORGULHO DE SER e VII PARADA DA DIVERSIDADE



Diversidades: juventude, maturidade & envelhecimento. Esse é o tema da IV SEMANA DO ORGULHO DE SER e VII PARADA DA DIVERSIDADE, que acontecerá na última semana de agosto/2008.A vasta e diversificada programação da Semana do Orgulho de Ser será coroada com a realização da VII Parada da Diversidade, cuja repercussão vai além fronteiras da Capital piauiense. Esse evento mobiliza pessoas de vários municípios: Altos, União, José de Freitas, Demerval Lobão, Floriano, Monsenhor Gil, Barras, Parnaíba, Picos, Colônia e Oeiras (no Piauí); além de Timon e Caxias (no Estado do Maranhão). Atualmente, Parada da Diversidade é o evento organizado pela sociedade civil que reúne a maior quantidade de pessoas em Teresina.

Sexo seguro para lésbicas


Disponível em:
http://www.ilga-portugal.oninet.pt/nos/projectos/publicacoes/sera_que_as.htm

"Será que as lésbicas estão em risco de se infectarem com o VIH?"

Sim!! Existem casos registados desde o início dos anos 80, que nos indicam que as mulheres podem transmitir o VIH (Virus de Imonudeficiência Humana) de uma para a outra. Apesar dos números, muitas são as entidades oficiais ligadas à investigação e controlo do VIH/SIDA (Síndroma de Imunodeficiência Adequirida) que omitem estes factos dos seus relatórios. A maioria das pessoas da comunidade lésbica crê erradamente que não está sob risco.O VIH é transmitido quando sangue, líquidos vaginais, leite mamilar ou sémen de uma pessoa infectada consegue chegar à tua circulação sanguínea. Pode parecer difícil mas não é.
As lésbicas podem ser infectadas por não praticarem sexo seguro (quer seja com homens ou mulheres), por um dador de sémen, pela partilha de agulhas (para administração de narcóticos via intra-venosa, para fazer tatuagens, para furar o corpo (ex. orelhas, nariz, mamilos etc.) e finalmente por transfusões de sangue.Por sabermos precisamente como o VIH é transmitido, podemos dar algumas sugestões de sexo mais seguro, e explicar exactamente quais são as práticas que constituem risco.

ATENÇÃO: Os efeitos de alcool e/ou narcóticos podem perturbar uma tomada de decisão em pleno juízo em caso de risco. Evite a utilização destas substâncias antes ou durante os seus contactos sexuais.

A questão se um dado comportamento é ou não de risco, depende da troca de fluidos.

Beijos "molhados" são seguros, a não ser que haja uma lesão dentro da boca ou gengivas que sangrem com frequência. Após a lavagem dos dentes, espere pelo menos meia-hora antes de dar algum beijo mais "profundo".

Tocar nos seios da tua companheira, massagens, masturbação e a fricção entre os corpos são seguros, desde que não haja troca de sangue ou leite mamilar.

Lesões na boca, dedos e vagina, em qualquer das duas, pode aumentar o risco durante o contacto anal e vaginal. Utilizando uma luva de latex, pode impedir-se a transmissão do vírus para a parceira.

Sexo oral desprotegido é altamente ariscado, especialmente se a sua parceira está com a menstruação ou tem uma infecção vaginal. Para tornar esta prática mais segura, podes tapar a área genital com um preservativo cortado ao meio de forma a representar um rectângulo de latex, impedindo assim, o contacto directo e eventual troca de líquidos infectados (sangue e líquidos vaginais). Se uma mulher estiver infectada, o vírus estará presente no sangue menstrual e nas secreções vaginais ejaculadas.

Conselhos para Sexo Seguro para Lésbicas
Sem Risco
-Massagem
-Abraço
-Fantasia
-"Voyeurismo"
-Exibicionismo
-(Auto)Masturbação
-Vibradores e outros brinquedos sexuais (não partilhar)
-Beijo "seco"
-Contacto entre corpos (quando não há trocas de líquidos)

Possivelmente Arriscado
-Beijo "molhado"
-Contactos de mão e dedos com genitais (com protecção)
-Sexo Oral com protecção

Provavelmente Arriscado
- Contactos de mão, dedos ou genitais contendo lesões ou ferimentos
- Sexo Oral (contacto entre boca ou língua com genitais) sem protecção

Muito Arriscado
-Sexo Oral sem protecção durante a menstruação
-Ejaculações masculinas ou femininas na boca, vagina ou ânus
-Sexo Oral (anal) sem protecção
-Partilha de Brinquedos (vibradores) sem protecção
-Partilha de agulhas de qualquer espécie (ex. drogas IV, tatuagens, perfurações corporais)

Se estás a considerar uma gravidez Se tiveres relações sexuais com um homem ou desejas ser inseminada artificialmente através de esperma doado, certifica-te que o sujeito foi testado pelo menos duas vezes com intrevalos de seis meses cada um, e que os respectivos testes são negativos. O primeiro teste deverá ter sido executado pelo menos seis meses após qualquer possivel contacto com o VIH. O doador deverá não ter tido qualquer risco de contacto com o VIH entre o seu último teste e o momento de doar o esperma.

Texto(s) que recomendo:


"O olhar do DIREITO sobre as homossexualidades"

- Prof. Edilsom Farias.

Mestre em Direito pela Universidade de Brasília – UnB; Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC; Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí – UFPI e Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Piauí.

para ler o texto siga o link abaixo:

http://www.grupomatizes.org.br/Um%20olhar%20do%20direito%20sobre%20homossexuallidades.pdf

12.08 - MATIZES COBRA PROPOSTAS DOS CANDIDATOS PARA O PÚBLICO LGBT DO PI

Disponível em:
http://www.grupomatizes.org.br/noticias.html

O Grupo Matizes está preparando um conjunto de propostas, nas mais diferentes áreas para entregar aos candidatos que concorrem aos cargos no Executivo e Legislativo municipais. A intenção do Grupo é incitar os candidatos a assumirem o compromisso de defender as propostas pró-cidadania LGBT durante a campanha eleitoral e, sobretudo, no exercícios dos mandatados daqueles que forem eleitos.
Os candidatos que assinarem a carta de propostas terão seus nomes divulgados entre o segmento LGBT, com o objetivo de evitar que lésbicas, gays, bissexuais e travestis votem em candidatos homofóbicos. O Matizes também incluiu na programação da IV Semana do Orgulho de Ser um debate com os candidatos a prefeito de Teresina. Serão convidadas todas as coligações, a fim de que estas explicitem quais são as propostas de inclusão para a população LGBT, nos programas de governos dos "prefeitáveis".
O debate acontecerá no dia 25 de agosto. Também em agosto (dia 26), será realizada uma audiência pública na Assembléia Legislativa do Piauí, para discutir políticas de geração de emprego e renda para grupos excluídos, dentre eles, a população LGBT. Após a audiência pública, o Matizes realizará a "Carreata da Diversidade", que sairá da Av. Marechal e percorrerá as principais ruas de Teresina.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Jovens brasileiros e a intolerância a homossexuais

Disponível em:
http://www.athosgls.com.br/noticias_visualiza.php?contcod=17465

26/07/2006:

ANTÔNIO GOIS
CRISTINA TARDÁGUILA
da Folha de S.Paulo, no Rio

O preconceito contra gays, no Brasil, é algo que aparece desde cedo. Uma pesquisa feita com jovens de 15 a 29 anos revela que quase a metade deles (47%) afirmou que não gostaria de ter um homossexual como vizinho. E a escola, espaço onde isso poderia ser combatido, mostra-se despreparada para lidar com o tema.

Esse quadro de intolerância e despreparo aparece em uma pesquisa inédita feita para a Unesco a partir de uma amostra de 10.010 jovens de todo o Brasil. Uma pesquisa sobre escola e homofobia também está sendo realizada pela OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Parte dos resultados foi apresentada pela pesquisadora Miriam Abramovay, secretária-executiva do Observatório Ibero-Americano de Violência nas Escolas, a professores da rede pública do Rio há duas semanas, num seminário de sensibilização para lidar com o tema organizado pelo grupo Arco-Íris, com apoio do MEC.

A pesquisa com jovens de todo o Brasil indica que o preconceito é maior entre homens, entre os menos escolarizados, mais pobres e mais jovens. Entre homens, por exemplo, 54,2% disseram que não gostariam de ter um vizinho homossexual, percentual que cai para 40,1% entre mulheres.

"Desde que fizemos a primeira pesquisa sobre violência entre jovens, há nove anos, encontramos uma situação de homofobia muito intensa, e por isso fomos aprofundado essa questão. Os dados mostram como essa questão é importante e não é secundária. Ela faz parte de um contexto de diferentes violências que existem na sociedade. Esse quadro aparece também na escola, mas ela, que poderia ajudar a superar, finge que nada está acontecendo."

O despreparo da escola para lidar com o tema dos homossexuais aparece em uma pesquisa da Unesco sobre o perfil dos professores brasileiros.

Segundo a pesquisa, que gerou um livro, a maioria (59,5%) dos professores entrevistados admitiu não ter informação suficiente para lidar com a questão da homossexualidade. Nas entrevistas individuais feitas, muitos disseram que preferiam não tratar da questão em sala, ignorando qualquer tipo de diferença entre os alunos. Para Abramovay, no entanto, não se pode culpar os professores ou jovens por construírem esse preconceito em sala de aula.

"Nossa sociedade é homofóbica. Tenho certeza de que professores e alunos apenas reproduzem esse quadro. No caso dos professores, é preciso lembrar também que o tema da diversidade é muito pouco discutido nas faculdades de educação. Eles são formados apenas para serem professores de português ou matemática", diz.

Intolerância

A elevada intolerância entre os jovens do sexo masculino e de pouca escolaridade já apareceu em outras pesquisas. Uma delas foi feita com adolescentes de 18 e 24 anos de Porto Alegre, Rio e Salvador pelo Clam (Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos), da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).

Essa pesquisa mostrou que 49% dos jovens do sexo masculino disseram que homens que têm relações sexuais com outros homens são "doentes" ou "não têm vergonha". Entre os filhos de mães sem ensino fundamental completo, esse índice chegava a 60,1%.

Na opinião da coordenadora do Clam, Jane Russo, na raiz dessa homofobia há também uma questão de gênero: "É uma visão tradicional da sociedade que coloca a mulher num papel submisso. Nesse sentido, o homem que é "mulherzinha" é menos respeitado, e isso é mais forte nas classes mais pobres."

Para Abramovay, outra possível explicação é o fato de esses adolescentes estarem numa fase de resolução da sexualidade: "Essa homofobia pode surgir por medo de parecer igual a alguém que é rechaçado pela sociedade".

Fonte: Folha on Line

Colégio dá lição de diversidade sexual

Disponível em:
http://www.athosgls.com.br/noticias_visualiza.php?contcod=18974

30/01/2007:

Nice Bulhões, da AGÊNCIA ANHANGÜERA

Dois tradicionais colégios católicos de Campinas — Madre Cecília e Sagrado Coração de Jesus — estão capacitando professores para lidar com a diversidade sexual. De acordo com o Grupo Brasileiro de Pais e Mães Homossexuais (GPH), este é o primeiro curso sobre o tema realizado em escolas particulares no Brasil. O objetivo é ajudar o educador a lidar com o preconceito e a exclusão, que se dão pela manifestação da intolerância por meio de piadas, anedotas e atitudes que ridicularizam o aluno homossexual. A primeira aula foi na última segunda-feira e, no próximo dia 10, haverá um laboratório com dinâmica de grupos em que serão propostas situações desafiadoras que surgem no dia-a-dia na sala de aula e que podem levar o aluno homossexual a deixar a escola ou a atitudes extremas, como o suicídio.

“Precisamos trabalhar com as diferenças e saber conversar sobre elas”, afirmou a irmã Vera Lúcia Fanchini, diretora pedagógica dos dois colégios, administrados pela Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Calvário. Acrescentou que o curso é destinado aos cerca de 110 professores das duas unidades, desde os que dão aulas na Educação Infantil até no Ensino Médio. “Este curso irá acrescentar pontos positivos para a escola.”

Irmã Vera explicou que a iniciativa surgiu após a presidente do GPH, Edith Modesto, se oferecer para ministrar o curso. Professora universitária aposentada e escritora de ficção juvenil, com 11 livros publicados pelas editoras Ática, Larousse do Brasil e Escala Educacional, Edith já havia ido ao Madre Cecília por três vezes para conversar com seu leitores na escola.

Ela própria sentiu na pele a importância de trazer à tona o assunto. Edith conta que o caminho para a aceitação do seu filho homossexual não foi fácil. “A fundação do GPH, há nove anos, faz parte desse processo, assim como a pesquisa, durante cinco anos, para o livro Vidas em Arco-íris - Depoimentos Sobre a Homossexualidade. Eu sabia que me sentiria melhor se conversasse com outras mães, mas nunca consegui. Por isso fundei o grupo.”

E foi justamente durante o trabalho de pesquisa para o livro — a autora entrevistou 89 homossexuais, homens e mulheres de 15 a 62 anos, para saber quem eram essas pessoas — que Edith começou a ajudar os grupos de militância em seu trabalho de capacitação em diversidade sexual para professores de escolas públicas. “Mas, nunca foi feito o trabalho de capacitação de professores de escolas particulares”, disse. “Há três anos, criei este projeto e tenho divulgado pelas escolas, principalmente depois que eu soube de suicídios de adolescentes por não se aceitarem gays.” Segundo ela, vários diretores e coordenadores pedagógicos procurados gostaram do projeto, mas não se resolveram a colocá-lo em prática.

“Pela primeira vez, o projeto de capacitação foi aceito por colégios particulares e o que mais me emocionou é que são colégios católicos”, comemorou Edith. Na segunda-feira passada, Edith relatou aos professores conversas que teve nos últimos dois meses com jovens que desconfiam ser homossexuais, mas não se aceitam. “São depoimentos muito sofridos de garotos e garotas que se sentem sem saída, são discriminados nas escolas e que têm muito medo de perder o amor de seus pais por esse motivo”, contou. “Fiz ainda alguns relatos sobre o sofrimento de pais.”

Depois, foram abordados conceitos como diferenças entre sexualidade e sexo, identidade de gênero e orientação sexual, e ainda os tipos de discriminação na escola e como os professores podem lidar com isso. “O papel da escola e dos educadores é muito importante na desconstrução do preconceito, visando o respeito ao outro e a construção dos valores democráticos. A capacitação de professores, em sentido amplo, tem um papel de transformação social”, acredita Edith.

Alunos apostam na desconstrução de equívocos

O adolescente N.S.S., de 16 anos, e a garota C.B.F. de 19 anos, se surpreenderam com a iniciativa dos dois colégios católicos de Campinas. Estudantes da rede pública de ensino, eles consideram o curso mais uma ferramenta contra o preconceito. N. é gay e C., bissexual. “Isto serve para desconstruir a idéia equívocada de que todo gay é sempre aidético e drogado”, disse N.

Para ele, o preconceito é maior quando o indivíduo não assume a sua orientação sexual. “Tenho amigos estudando em instituições de ensino religiosas que não aceitam o fato deles serem homossexuais, tratando-os como doentes, que têm problemas psicológicos.”

C. disse que se privou de revelar a sua orientação sexual no ambiente escolar devido ao preconceito. “A escola é onde se formam os cidadãos e a nossa sociedade nossa é heterossexista”, analisou o coordenador do Centro de Referência de Gays, Lésbicas, Travestis, Transexuais e Bissexuais de Campinas (GLTTB), Paulo Reis. Para ele, o curso ajudará a reduzir o preconceito e a homofobia (ódio aos homossexuais).


PONTO DE VISTA

PADRE JOSÉ TRASFERETTI - Doutor em teologia e filosofia, professor da PUC-Campinas e presidente da Sociedade Brasileira de Teologia Moral (SBTM)

Diálogo fraterno

Considero extremamente positiva a iniciativa da direção dos colégios católicos. Combater a ignorância é fundamental, já que é a mãe de todos os preconceitos e discriminações. O importante é o diálogo fraterno que educa para a cidadania, oferecendo um conhecimento amplo sobre um tema tão complexo. Muitos pais e mães possuem dificuldades para conversar com seus filhos(as) sobre sexualidade, sobretudo na adolescência. Realmente não é fácil! É preciso sabedoria, prudência e conhecimento. Não podemos mais permitir que a ausência de diálogo e de conhecimento proporcione atitudes conservadoras e mesquinhas. O preconceito se manifesta por meio de piadinhas, anedotas, olhares tão comum em nossas escolas. A ética e a cidadania no campo da sexualidade exigem pessoas maduras, livres e responsáveis.

Escolas - Novo campo de batalha para os direitos gays

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09/06/2005: Direita religiosa quer vetar qualquer referência à homossexualidade

Michael Janofsky
Em Nova York

Encorajados pela crescente influência da direita na polícia pública, os oponentes das atividades escolares que visam educar os estudantes sobre a homossexualidade ou promover a aceitação de gays e lésbicas estão começando a contestar tais programas, em escolas, nos legislativos estaduais e no Congresso.

Os alvos principais são os programas de educação sexual que incluem discussões sobre homossexualidade, e clubes pós-aula que reúnem estudantes gays e heterossexuais, duas iniciativas que ganharam anuência de várias escolas ao longo da última década.

Em muitos casos, os oponentes têm sido bem-sucedidos. Em Montgomery County, Maryland, por exemplo, os pais foram à Justiça para impedir um curso de ensino de saúde que oferecia discussão sobre homossexualidade, enquanto em Cleveland, Geórgia, estudantes gays e lésbicas foram impedidos de formar um clube colegial de jovens gays e héteros.

Importantes figuras de ambos os lados da luta disseram que nunca viram a paixão em torno das atividades das escolas públicas tão em alta. Eles concordam que grande parte do motivo é a disposição dos grupos conservadores de enfrentar seus adversários com uma força mais comum em campanhas eleitorais modernas.

"A intensidade da guerra cultural tem aumentado nos últimos anos", disse J. Michael Johnson, um advogado do Alliance Defense Fund, um grupo conservador que é especializado em questões envolvendo religião.

"As pessoas estão se tornando mais cientes de que têm direitos, e estão se sentindo mais encorajadas para defendê-los. Por todo o país, as pessoas estão dando um basta."

Mathew D. Staver, presidente e advogado geral de outro grupo conservador, o Liberty Counsel, disse: "Nós estamos preocupados com o esforço para atrair a juventude por meio de doutrinação no estilo de vida homossexual. Os estudantes são uma platéia cativa, e estão sendo visados por grupos que possuem uma agenda".

Os crescentes conflitos estão centrados em três questões: se as salas de aula são o local apropriado para explorar a questão da homossexualidade, se as escolas devem sancionar atividades extracurriculares nas quais a cultura gay é o foco e se os livros escolares que reconhecem os relacionamentos homossexuais são adequados para crianças pequenas.

Nesta primavera, em um exemplo da resposta conservadora, o Alliance Defense Fund organizou seu primeiro Dia da Verdade nacional para estudantes colegiais desconfortáveis com o Dia Nacional do Silêncio, um evento patrocinado por nove anos pela Rede de Ensino Gay, Lésbica e Hétero para protestar contra a discriminação aos gays nas escolas.

"Nós precisamos apresentar uma resposta ou perspectiva cristã", disse Johnson, cujo evento atraiu a participação de 340 escolas. Kevin Jennings, fundador e diretor executivo da rede de ensino gay, disse que mais de 3.700 alunos colegiais participaram do evento do seu grupo.

Jennings e outros líderes de direitos gays disseram que a crescente oposição aos seus esforços está acompanhando a tendência previsível provocada por disputas em torno de questões como o casamento gay, que estão transcorrendo no cenário nacional.

"Este é um bando de pessoas que deseja muito remover do discurso público qualquer menção à homossexualidade", disse James Esseks, diretor de litígio do Projeto de Direitos de Gays e Lésbicas da União das Liberdades Civis Americanas (Aclu). "Eles não querem qualquer menção ao fato de que existem pessoas gays."

A luta se espalhou por toda parte.

No mês passado em Montgomery County, Maryland, um grupo de pais, alarmados com as revisões feitas no curso de ensino de saúde das séries colegiais para incluir a discussão da homossexualidade e um vídeo ensinando como usar uma camisinha, procuraram a Justiça federal e conseguiram uma ordem de restrição para suspendê-lo. A junta de ensino do condado votou por 7 votos contra 1 pela eliminação do programa, seis meses após aprová-lo por unanimidade.

Grupos conservadores aplaudiram a decisão da junta como uma vitória para a convicção religiosa, e descreveu a estratégia de litígio como um modelo para os distritos escolares de todo país.

"Isto foi enorme", disse Robert H. Knight, diretor do Instituto da Cultura e Família, que busca aplicar princípios bíblicos à política pública.

Outra batalha envolveu estudantes e jornalistas da East Bakersfield High School na Califórnia. Eles escreveram uma série de artigos para o jornal da escola, nesta primavera, explorando questões gays por meio das experiências dos estudantes.

Mas o diretor, John Gibson, citando preocupação com a segurança dos estudantes que foram entrevistados e fotografados, disse que só aprovaria a publicação se as identidades deles fossem ocultadas.

Os jornalistas se recusaram e, com a ajuda da Aclu, processaram o distrito escolar em 19 de maio, buscando uma ordem de emergência que permitiria que os artigos fossem publicados na edição final do ano, seis dias depois. O juiz do condado se recusou a reverter a decisão de Gibson, dizendo que as questões eram importantes demais para uma decisão imediata.

Christine Sun, uma advogada da Aclu, disse que se as ações de Gibson foram motivadas apenas pela preocupação com a segurança dos alunos, "suas ações são completamente ilógicas".

"Estes garotos já estão 'fora' do campus", disse Sun sobre os entrevistados dos artigos. "Até o momento não há nenhuma ameaça contra eles, e nem eles e nem seus pais foram notificados pelo diretor ou por qualquer autoridade."

Gibson não respondeu ao telefonema que buscava comentário.

A guerra também está sendo travada na esfera estadual. Os legisladores do conservador Estado do Alabama estão considerando uma lei que proibiria o Estado de gastar em livros e outros materiais que "promovem o estilo de vida homossexual".

O não menos conservador Estado de Oklahoma aprovou uma resolução no mês passado pedindo que as bibliotecas públicas restrinjam o acesso das crianças a livros com temática gay. A Louisiana está considerando uma medida semelhante.

Charles C. Haynes, um estudioso sênior do Freedom Forum, um grupo não-partidário de defesa da liberdade de expressão, disse que as questões dos direitos gays envolvendo escolas públicas se tornaram um teste para muitos religiosos conservadores.

"Eles sentem que as escolas públicas estão se adiantando ao país", disse Haynes. "Eles acreditam que as escolas estão impondo uma visão da homossexualidade que ofende sua fé e não é consistente com nossa posição como país."

Dois membros da Convenção Batista do Sul prepararam uma "resolução sobre homossexualidade nas escolas públicas", para ser apresentada no encontro anual da seita neste mês. A resolução implora às igrejas batistas que determinem se as escolas em suas áreas possuem "clubes, currículos ou programas homossexuais" e, em caso afirmativo, encorajar os pais a retirarem seus filhos destas escolas.

"As igrejas e pais precisam estar cientes do que está ocorrendo", disse Bruce N. Shortt, um advogado de Houston que é co-autor da resolução.

Os clubes pós-aula conhecidos como Alianças Gay-Hétero, que reúnem estudantes que compartilham experiências e preocupações comuns, se tornaram uma fonte de conflito em particular.

A questão tem irritado uma série de comunidades, incluindo Ashland, Kentucky; Klein, Texas; Hanford, Califórnia; e Cleveland, Geórgia, onde foi negada a permissão neste ano para um pequeno grupo de estudantes gays e lésbicas formarem uma aliança na White County High School.

A lei federal geralmente reprova a proibição pelos administradores da formação de alguns clubes ao mesmo tempo que autoriza outros, mas as autoridades escolares de Cleveland disseram aos estudantes que todas as organizações pós-aula seriam abolidas antes da aliança gay-hétero ser permitida.

"Eles apenas estão com medo da mudança", disse Kerry Pacer, 17 anos, que está liderando o esforço dos estudantes. "Nós vivemos no Cinturão da Bíblia [região do sul dos EUA formada por Estados ferrenhamente conservadores]. As pessoas aqui não querem nada que ameaça mudanças."

As queixas sobre o empreendimento dos estudantes levou a senadora estadual Nancy Schaefer a introduzir um projeto de lei que exigiria a permissão por escrito dos pais antes que um aluno pudesse se juntar a qualquer clube pós-aula.

O legislativo posteriormente acatou o Departamento de Educação da Geórgia, que agora está considerando uma abordagem modificada que permite que as juntas de ensino locais desenvolvam sua própria política.

Schaefer rejeita o compromisso como fraco demais.

"Eu não sinto que clubes homossexuais tem algo a ver com leitura, redação e aritmética", disse ela.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Fonte: New York Times

Invisíveis e vulneráveis: Homossexuais em Angola - vida de anonimato e marginalização

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LUANDA, 27 Maio 2008 (PlusNews) - Foi uma “boda de arromba”, com direito a festa no Clube Marítimo, na Ilha de Luanda, e noite de núpcias cinco estrelas no Hotel Presidente Meridien.

A cerimônia foi destaque nos jornais angolanos. “Pouca vergonha” estampava a capa de um dos semanários. “Abominável” era a manchete de outro.
O casal angolano Bruno e Chano pagou um alto preço por tornar público o seu relacionamento homossexual.
Os dois se conheceram quando eram vizinhos nas Bês, bairro de Luanda. Após três anos e meio de relacionamento, os dois rapazes decidiram realizar uma cerimônia para oficializar a relação, ainda que não de forma legal.
Em 6 de Maio de 2005, Aleksander Gregório, o Chano, 21 anos, e Bruno, conhecido como Bruna, 23 anos, assinaram uma espécie de termo de responsabilidade, na presença de um conservador já aposentado.
Todos os detalhes da cerimônia foram discutidos nos mínimos detalhes nos jornais e nas rodas de conversa: o fato de Bruna ter usado um vestido de noiva, a lista de convidados da festa e, principalmente, a vida sexual do casal.
Os jornais utilizaram termos como “asco e repulsa” e sobretudo “falta de vergonha” para descrever a relação dos dois rapazes.
Apesar dos ataques, Chano e Bruna resistiram e continuam juntos, após cinco anos de relacionamento.
O amor que não ousa dizer seu nome
Dados do estudo epidemiológico de 2007 do Instituto Nacional de Luta contra a SIDA (INLS) mostram que cinco por cento das infecções por HIV em Angola acontecem por vias homossexuais.
Porém, os números não tornam o assunto menos tabu.
Para o antropólogo Américo Kwanonoka, a homossexualidade é vista como um atentado às leis da natureza devido à origem bantu da maioria da população angolana, que defende a perpetuação e o alargamento da família.
Segundo Kwanonoka, por não formar família, o homossexual é visto como “anormal”.
“Tanto a cultura bantu quanto a cultura cristã rejeita a homossexualidade. A sociedade angolana ainda não está preparada para assumir os homossexuais”, diz.
Jane Dias, nascido João Dias, 35 anos, já sentiu na pele essa intolerância.

“Já me atiraram pedras na rua. Antes eu pensava que era a única travesti de Viana (bairro de Luanda)”, conta.

Edna, nascido Edson*, 21 anos, desistiu da escola na oitava classe porque sofria muito com a perseguição dos colegas de classe.

Por conta desta intolerância, são raros os homossexuais assumidos em Angola.

O psicólogo social Carlinhos Zassala explica que, devido à dificuldade social e cultural, muitos homossexuais angolanos tentam se tornar bissexuais e encontram no casamento uma forma de fugir do estigma.

Uma vez casados, o sexo ocasional com outros homens se torna uma alternativa para extravasar o desejo reprimido.

“Muitos dos que nos xingam e nos atiram pedras na rua são os mesmos que vêm bater à nossa porta à noite”, entrega Jane.

Só que, em muitos casos, o sexo casual é desprotegido, sem o uso do preservativo.

“É por isso que o tabu ajuda na transmissão das infecções sexualmente transmissíveis e do HIV”, explica Zassala, que é também presidente da Associação Angolana de Psicólogos.
Para ele, a notícia do casamento gay em Luanda foi positiva porque provocou a discussão do assunto na sociedade.

Em Angola, costuma haver uma associação direta do homossexualismo a homens que têm trejeitos femininos, o que nem sempre é o caso.

“Muitos homens que fazem sexo com homens não se consideram homossexuais. E se a pessoa não se reconhece, a mensagem de sexo seguro não a atinge”, diz Roberto Campos, oficial do Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV e SIDA (ONUSIDA).“O facto é que o sexo anal desprotegido é uma relação de alto risco para a transmissão do vírus.”

Os homossexuais ouvidos pelo PlusNews confirmaram que já viveram situações de risco.

Edna diz que não gosta de usar camisinha porque o óleo lhe provoca alergias. Ela admite manter relações sexuais sem preservativo com o namorado, que é casado e pai de dois filhos.

Segundo Edna, o namorado já fez um teste de HIV no Hospital Militar, que deu negativo. Ela só fez o teste porque achou que já tivesse contraído o vírus.

“Há quatro meses, estava a me sentir fraca, com enjôo e resolvi fazer o teste. O resultado foi negativo, mas pediram para eu repetir daqui a três meses”, conta.

População invisível

Por ser uma população invisível, os homossexuais são ignorados em decisões governamentais, como o Plano Estratégico Nacional para o Controlo das Infecções de Transmissão Sexual, VIH e Sida, 2007 a 2010.

A exclusão dos homossexuais nos programas de HIV/SIDA em África foi comprovada por um estudo da Comissão Internacional para os Direitos Humanos de Gays e Lésbicas chamado Fora do Mapa (Off the Map, em inglês).

O relatório destaca que no continente africano, onde estão cerca de 60 por cento dos casos de HIV do mundo, “há um silêncio no que se refere à infecção do HIV entre os homossexuais”.

O resultado é que as mensagens sobre sexo seguro assumem uma orientação exclusivamente heterossexual e os gays não se sentem informados nem protegidos.

A desinformação vale também para o serviço de saúde.

Esmeralda, nascido Pedro*, 29 anos, conta que ao ir fazer o teste de HIV no Hospital Militar, em Luanda, ouviu do enfermeiro que nem precisava se testar porque, com certeza, já estava infectada.

Jane afirma que já fez o teste diversas vezes no Hospital Esperança e assiste a palestras sobre HIV e SIDA, mas reconhece que ela é uma exceção.

“Aconselho minhas amigas a fazer o teste também, mas a maioria tem medo. O maior medo delas é pensar como vão encarar as pessoas se forem seropositivas. Mas acho que se elas não souberem que estão infectadas, podem contaminar muitas pessoas”, diz.
Todos os homossexuais ouvidos pelo Plusnews manifestaram o desejo de serem atendidos num local específico.

“Eu gostaria que tivéssemos atenção especial. Muitas organizações já prometeram, mas até hoje nada saiu do papel”, reclama Edna.

Mudança política

Em 2006, a organização não-governamental Acção Humana tentou desenvolver um projecto de prevenção específico para homossexuais.

A proposta era divulgar o uso do preservativo, combater a discriminação e advogar pelos direitos humanos.

“Queríamos um projecto implementado pelos próprios homossexuais, que entrariam em contacto com outros gays nas discotecas, bares e praias, como educadores pares”, explica o coordenador da Acção Humana, Pombal Maria.

A organização chegou a reunir um grupo de 14 homossexuais, com os quais foi feita uma formação inicial, mas a idéia não vingou por falta de recursos.

Em 2007, a ONG apresentou uma nova proposta aos doadores, que foi recusada, pois “não existem homossexuais suficientes em Angola para justificar o projecto”.

Mas ainda que lentamente, a situação dos homossexuais em Angola já passa por pequenas mudanças.

O INLS, em parceria com os Centros de Controlo de Doenças, em Atlanta, nos Estados Unidos, dará início em Junho ao primeiro estudo sobre homossexuais em Angola.

A idéia é identificar hábitos e comportamentos desse grupo, incluindo riscos e vulnerabilidade em relação ao HIV.

“Isso demonstra uma mudança política importante. Antes os homossexuais não eram um assunto prioritário. Agora eles deixam de ser invisíveis para ser incluídos na discussão da saúde pública e da epidemia do HIV”, diz Campos, do ONUSIDA.

*Prefere não revelar o apelido

PlusNews/ Africa.

Homossexuais evitam consultório por medo de preconceito

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12/08/2008:

Estudo do Programa Estadual de Saúde do Adolescente realizado durante a última edição da parada Gay de São Paulo revela um dado preocupante. Na amostra de 526 meninos e meninas homossexuais entrevistados durante o evento, entre 14 e 16 anos, foi identificado que 59,6% deles "fogem" dos consultórios médicos por medo de sofrer preconceito.

"É um número alarmante que exige mudanças imediatas nas unidades de saúde", afirmou a coordenadora da pesquisa, Albertina Takeuti "Saber que seis em cada dez adolescentes preferem ficar expostos às doenças do que procurar atendimento, nos mostra que é preciso alterar a forma como eles são acolhidos nos hospitais e postos."

Entre os motivos apresentados pelos adolescentes gays para a recusa de ir ao médico está a forma como são recebidos. Eles afirmaram que, devido a aparência, são julgados pelos olhares de quem está na sala de espera e, principalmente dos atendentes, que insistem em questionar a opção sexual. Apesar de nenhuma pesquisa semelhante ter sido feita com o público juvenil heterossexual, Albertina avalia que a resistência aos médicos desta parcela é bem menor.

"As meninas que gostam de meninos, por exemplo, são incentivadas pelas mães a procurar o ginecologista quando começam a namorar. Já as lésbicas, muitas vezes, são recebidas com silêncio ou rejeição na família. Tudo isso influencia", diz. "Se os adolescentes gays não tiverem amparo dos médicos, vão continuar distante da prevenção. Vamos capacitar 600 profissionais de saúde para atendê-los da melhor maneira."

A presidente da Associação Nacional de Travestis e Transgêneros, Keila Simpson, comenta outra forma equivocada de tratar os pacientes GLBT. "Sempre quando chegamos ao médico, ele só considera uma possível DST (doença sexualmente transmissível) ou aids. Descarta que podemos adoecer por vários outros motivos, como diabetes. Só reforça o preconceito."

Zora Yonara, assistente social especializada em homofobia na adolescência, avalia que a forma como os adolescentes gays são tratados é uma extensão de como são encarados na sociedade. "A primeira forma de preconceito é expressa pela família, a mais dolorida. Depois vem as escolas, os hospitais...É preciso uma mudança cultural", afirma.

Cartilha

O Ministério da Saúde lançou uma cartilha para padronizar o atendimento ao público GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e Transgêneros). Ficou estabelecido que os pacientes podem usar o nome social para preencher as fichas. É um direito adquirido, que deve ser exigido. Por exemplo, se o registro de batismo aponta o nome João da Silva, mas durante a vida a pessoa adotou a identidade Joana, é possível optar por ser chamado assim nos consultórios. Além disso, qualquer pessoa que sofrer preconceito nas unidades médicas deve registrar queixa nas ouvidorias. Nos postos da Prefeitura, o número para a denúncia é o 156.

Fernanda Aranda


Agência Estado

Gay vota (deve votar) em gay?


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12/08/2008:

A cada dois anos, temos eleição no Brasil. E, a cada dois anos, entre as/os ativistas LGBT, acontece um debate. Devemos todas/os votar em candidatos que dividam conosco a característica de não serem heterossexuais ou não viverem em conformidade com o padrão de gênero dominante? Ou o melhor é que votemos em mulheres e homens, de diversos partidos, que tenham compromisso com uma sociedade onde prevaleça a livre orientação sexual e identidade de gênero?

Embora seja uma reflexão pertinente, é impossível deixar de anotar que outros movimentos de minoria já superaram esses dilemas. No geral, há uma confluência entre a agenda político-ideológica e os temas específicos de cada setor oprimido.

Afinal, não faz nenhum sentido que um eleitor negro que se identifique com idéias à esquerda (como a necessidade de mais Estado e menos mercado ou a necessidade de democratização dos mecanismos de governança) venha a votar em algum negro que milite no DEM, por exemplo.

Da mesma maneira, um gay liberal, que protesta contra a excessiva carga tributária (que inibiria o empreendedorismo e tolheria o desenvolvimento capitalista no Brasil) não tem nenhuma razão objetiva para votar num militante gay do PSOL ou do PT, que propaga idéias que estão em outro campo ideológico.

Voto e ideologia

Embora vários setores insistam na tese de que o voto no Brasil é extremamente des-ideologizado, há estudos e pesquisas importantes que mostram a influência concreta das visões de mundo diferentes e da tradicional divisão (direita-centro-esquerda) nas opções de voto.

Não poderia ser diferente nos movimentos sociais e nos espaços organizados da sociedade civil. Ali, onde se defrontam militantes experimentados, acostumados a discutir legislação, direitos e políticas públicas, não se poderia esperar definições de voto que passassem apenas pelo crivo da identificação imediata da orientação sexual e/ou identidade de gênero. Isso seria de um primarismo que não condiz com o grau de organização de movimentos - como o LGBT, por exemplo.

É justamente nos setores organizados do movimento social que a opção ideológica e partidária se manifesta com mais força e é ela, que, em última instância, vai definir as opções de voto. Isso é assim nos movimentos tradicionais de esquerda como o sindical, agrário ou estudantil, bem como nos movimentos feministas, anti-racistas e até no movimento LGBT.

Ora, todos sabem que os movimentos sociais tendem a ser hegemonizados por visões transformadoras da sociedade, e, portanto, tendem a encontrar seu leito "natural" nos partidos de esquerda e centro-esquerda.

No caso do movimento LGBT, há uma hierarquia clara entre os partidos de esquerda e centro-esquerda, que, historicamente levaram essas questões para o parlamento e para os governos: PT, PCdoB, PV, PSOL, PSB, PSTU são as siglas que têm o maior acúmulo e mais ações direcionadas à cidadania LGBT.

Voto com classe, ideologia, raça, orientação sexual...

Pressupondo, então, que a maioria das/os ativistas LGBT se encontram no campo da esquerda (da extrema-esquerda à centro-esquerda), é lógico que procurem apoiar candidatas e candidatos que estejam nos Partidos ou no Partido ao qual são filiados ou costumam apoiar.

No caso do Partido majoritário da esquerda, o PT, esse apoio ainda é permeado pela vinculação a alguma das diversas correntes internas – mais ou menos radicais.

O fato é que a maioria do movimento LGBT – assim como o movimento negro e feminista - já ultrapassou a fase inicial de identificação primária e não faz suas opções de voto lastreadas na mera correspondência entre a suas características identitárias básicas e as de seu/sua candidato/a.

Resumindo: não basta ser gay, é preciso ser de um Partido (corrente) com o qual me identifico e que tenha currículo, histórico, militância. Não basta ser lésbica: tem que ter trajetória e articulação naquela campo político-ideológico com o qual as ativistas lésbicas se identifiquem majoritariamente.

Neste sentido, o voto é (e deve ser) permeado pelas grandes questões político-ideológicas (visão de mundo) e não por questões que, por mais que sejam importantes, não são as definidoras das macro-diretrizes de atuação do/a futuro parlamentar ou gestor público.

São velhas as armadilhas do voto identitário: em quem deveria votar uma mulher socialista, negra, lésbica e deficiente, da periferia, se as opções fossem: um homem gay negro; uma mulher hetero deficiente; uma lésbica rica branca; uma mulher hetero branca; uma lésbica negra de direita; uma mulher branca socialista deficiente; um homem negro deficiente da periferia? As opções são inúmeras, podemos combinar à vontade!

Esse não é um bom caminho.



A plataforma, antes de tudo

A guisa de conclusão: antes de tudo, o programa político e a plataforma. O partido, a história do candidato e seus compromissos.

Eleitora/os conscientes combinam todos esses critérios para definir seu apoio e seu voto. Não adianta, que uma eleitora do PSOL, mesmo lésbica, não vai votar num gay do DEM, mesmo que seja a única opção LGBT da cidade.

E, está claro, mais importante do que identidades básicas é ter compromisso. Ou seja, não basta se negro/a, é preciso ser militante anti-racista. Não basta ser mulher, tem que ser feminista. Não basta ser LGBT, tem que ser militante contra homofobia.

E, não basta ser isso tudo e não combinar com nossa ideologia. Portanto, é importante que o movimento LGBT se empodere como um todo, procurando os espaços dos diversos Partidos.

Como disse a deputada Cida Diogo na I Conferência LGBT: "os evangélicos estão tomando conta dos partidos". Vamos, nós, também, movimento LGBT, galgar espaços partidários e eleger pessoas LGBT ou ALIADAS, que tenham plataformas condizentes com nosso movimento.

E, uma nota final: embora a hegemonia da esquerda seja inegável, o movimento LGBT tem um setor de direita que se organiza e está cada vez mais forte. Bem-vindas/os, então, as LGBT do PSDB e DEM. Que afinal, direitos civis não são pauta exclusiva dos socialistas. Os liberais também podem – e devem - , se comprometer com a igualdade de direitos entre os homo e heterossexuais.

Que os militantes e simpatizantes do DEM e PSDB se organizem e levem essa discussão para dentro de seus partidos. E apóiem (como já estão apoiando) candidatos (LGBT ou não), que tenham uma plataforma que nos visibilize e nos garanta direitos.

Portanto, o debate é muito mais complexo do que a hilária consigna "LGBT vota em LGBT". Aliás, é importante assinalar que a maioria do movimento já percebeu isso.

Julian Rodrigues

PI: polícia investiga apedrejamento e morte de gay

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14/08/2006:

A Delegacia de Proteção aos Direitos Humanos e de Combate a Práticas Discriminatórias do Piauí está investigando casos de crimes homofóbicos (aversão a homossexuais) praticados semana passada em Teresina (PI). A polícia suspeita que o assassinato do morador de rua Francisco das Chagas de Morais Correia, 44 anos, mais conhecido como Tieta, ocorreu por motivações homofóbicas. Segundo apurou a delegada Patrícia Ferreira Monte, que investiga o caso, Francisco das Chagas foi morto à pedradas no bairro Mafuá, zona Norte da cidade, e apresenta características de crimes direcionados contra homossexuais.
"No assassinato há um requinte de crueldade, em que existem provas que levam a crer que houve crime homofóbico. Segundo testemunhas, o acusado do crime, identificado como José Marques Ferreira de Queiroz, 18 anos, vivia ameaçando a vítima de morte porque o mesmo afirmava que ambos tinham um caso", informou a delegada que concluirá amanhã o inquérito policial. O acusado foi preso em flagrante e negou que tivesse qualquer tipo de relacionamento amoroso com a vítima.

Outro crime
Outro crime que chocou a cidade foi a do aposentado Raimundo Teixeira dos Santos, 64 anos, que foi morto a paulada e o corpo foi encontrado enterrado próximo à estrada do povoado Santa Teresa, na zona rural de Teresina. O caso está sendo investigado pelo 11º Distrito Policial. "O inquérito policial sobre o caso foi aberto no 11ºDP. Mas, por se tratar de um crime com suspeitas homofóbicas, também estamos acompanhando", relatou a delegada Patrícia.
Além da polícia, os dois homicídios com indícios de crimes homofóbicos estão sendo acompanhados pelo Grupo Matizes, entidade que trabalha em defesa dos direitos dos gays, lésbicas e travestis. A presidente do grupo, Marinalva Santana, disse que a preocupação é que os crimes não sejam julgados como homicídios comuns. "Queremos que eles sejam enquadrados como crimes homofóbicos, para que haja punição e se reduza a violência contra gays e lésbicas", afirmou Marinalva. De acordo com ela, tem crescido o número de vítimas de casos de discriminação contra homossexuais no Estado.


Redação Terra
Fonte: Terra

Pesquisa defende criminalização da homofobia

Disponível em:

http://www.portalaz.com.br/noticias/cidades/111735_pesquisa_defende_criminalizacao_da_homofobia.html

O Movimento Matizes está divulgando em Teresina uma pesquisa realizada pelo DataSenado em que a maioria dos entrevistados quer a criminalização da homofobia revelando que 70% dos brasileiros concordam com a aprovação do projeto de lei que torna crime a discriminação e o preconceito contra homossexuais (PLC 122/06). O maior índice de concordância com a proposta foi apresentado pelos entrevistados da região Sul (73%), com nível superior (78%) e idade entre 16 e 29 anos (76%).

Segundo o Grupo Matizes, citando notícia da Agência Senado de autoria da jornalista Iara Farias Borges, os menores índices de concordância, apurou a pesquisa, encontram-se entre os pesquisados na região Centro-Oeste (55%), os que cursaram até a quarta série do Ensino Fundamental (55%) e pessoas com mais de 30 anos (67%).

No que se refere à religião, a criminalização de atos de preconceito contra homossexuais é defendida por 55% dos evangélicos, enquanto 39% deles querem a rejeição do projeto de lei. Entre os entrevistados de outras religiões, o que inclui a católica, mais de 70% defendem a aprovação da proposta. Ainda de acordo com a pesquisa, 79% dos brasileiros que se declaram ateus aprovam a criminalização da homofobia.

A proposta é de autoria da deputada Iara Bernardi e tem a senadora Fátima Cleide (PT-RO) como relatora tanto na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde o projeto está tramitando, como na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

O DataSenado realizou a investigação após aumento expressivo de telefonemas registrado pelo serviço de atendimento Alô Senado com comentários sobre o assunto. No último ano, o Alô Senado recebeu 140 mil manifestações, número recorde desde 2003.

A pesquisa foi realizada por meio de telefone entre os dias 6 e 16 deste mês, entrevistou 1.122 pessoas maiores de 16 anos, com acesso a telefone fixo e residentes em capitais brasileiras. A maioria dos entrevistados é do sexo feminino (54%), residentes na região Sudeste (48%), nível médio (51%), faixa etária entre 20 e 29 anos (24%) e renda familiar entre dois e cinco salários mínimos.

01/07/2008 - 11:20

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Plano de Saúde inclui parceira homossexual no Piauí

Disponível em:
http://www.gay1.com.br

Uma lésbica é a primeira a ter o pedido de inclusão da parceira aprovado pela Unimed no Piauí.
O reconhecimento foi feito em ação conjunta com o grupo gay Matizes.

Ela já havia requerido a inclusão da companheira, entretanto, o setor jurídico da Unimed disse que só aceitaria o pedido se a requerente tivesse uma "decisão judicial de reconhecimento de união estável" .

Em reunião com o Diretor Administrativo do Plano, o grupo gay argumentou que a exigência do setor jurídico era descabida, já que em vários outros planos de saúde é exigido somente a comprovação da relação homoafetiva estável, além do que, o INSS, o IAPEP e o IPMT já têm normas prevendo a inclusão de companheiro de segurado homossexual.

As provas apresentadas pela lésbica para provar a união com sua companheira foram: endereço comum, apólice de seguro feita por uma delas em benefício da outra, duas testemunhas.
As duas lésbicas vivem juntas há seis anos e educam os filhos trigêmeos de uma delas, gerados através de inseminação artificial.

15/05/07 às 7:19 h



Matizes: Candidatos excluem gays por serem homofóbicos

disponível em:

http://www.cidadeverde.com/manchetes_txt.php?id=21550

por: Carlos Lustosa Filho redacao@cidadeverde.com

A organização pedirá que os candidatos assinem um termo de compromisso em defesa dos homossexuais.

O Grupo Matizes, um dos principais militantes da causa homossexual no Piauí, pretende fazer com que os candidatos a cargos eletivos se engajem na defesa do direito dos GLBTs. Os militantes pretendem que os políticos assinem termos de compromisso e acrescentem às suas propostas de apoio ao movimento. “Estamos convidando eles para abraçarem as nossas causas”, descreve Marinalva Santana, coordenadora do Grupo Matizes. O convite será feito na tarde deste sábado (9), durante o lançamento da IV Semana do Orgulho de Ser, onde diversos políticos e autoridades já confirmaram presença, mas será estendido aos candidatos a prefeito e às suas respectivas coligações. De acordo com Marinalva, muitos candidatos não defendem às causas homossexuais por homofobia. “Ou é puro preconceito ou eles temem perder votos”, descreve.
A coordenadora diz ainda que existem os políticos oportunistas que se aproveitam e apenas alguns que realmente contribuem com o movimento. “Eles sabem que hoje em Teresina somos entre dez e quinze por cento dos eleitores que precisam de projetos e leis. Felizmente, temos parceiros que realmente lutam pela causa”, descreve Marinalva. O grupo Matizes pretende entregar uma lista com suas reivindicações a diversos candidatos. “A Plataforma GLBT é um documento composto por propostas de ações e de políticas públicas pró-diversidade. Devemos lembrar que os governos estadual e municipal sempre deixam essas políticas em segundo plano”, acusa. Entre as reivindicações do grupo está o aprimoramento do sistema de assistência, do disque denúncia e do Centro de Referência Homossexual. Outro ponto reivindicado pelos militantes é a capacitação de profissionais públicos no respeito à diversidade. “A discriminação institucionalizada é uma das mais fortes. O professor que não respeita o aluno; o médico, a enfermeira que se recusa ou não sabe atender uma travesti, por exemplo, é algo que está muito enraizado na estrutura da pública”, afirma Marinalva. A IV Semana do Orgulho de Ser tem início no dia 24 deste mês e tem como tema “Diversidade: juventude, maturidade e envelhecimento”. A organização espera reunir cerca de 25 mil pessoas de todo o estado no dia 29, quando a tradicional parada encerra o encontro.

Matéria Publicada em 09/08/08, 11:23

domingo, 10 de agosto de 2008

Konstantinos Kaváfis

Biografia disponível em:
http://lugardaspalavras.no.sapo.pt/poesia/kavafis.htm

Constantine P. Cavafy (Kavafis), nasceu em Alexandria (Egipto) em 1863. O seu pai morreu em 1870, deixando a família em precária situação financeira. A sua mãe e os seus seis irmãos mudaram-se para Inglaterra dois anos depois. Devido à má administração dos bens da família por parte de um dos filhos, a família foi forçada a regressar a Alexandria, na pobreza.
Os sete anos que Kavafis passou em Inglaterra foram importantes na formação da sua sensibilidade poética. O seu primeiro verso foi escrito em inglês (assinando 'Constantine Cavafy'), e o seu subsequente trabalho poético demonstra uma familiaridade substancial com a tradição poética inglesa, em particular as obras de Shakespeare, Browning e Oscar Wilde.
Os anos que se seguiram, de regresso a Alexandria, representaram tempos de pobreza e desconforto, mas revelaram-se igualmente significativos no desenvolvimento da sensibilidade de Kavafis. Este escreveu os seus primeiros poemas - em inglês, francês e grego - durante este tempo, em que aparentemente também teve as primeiras relações homossexuais.
Tendo trabalhado durante 30 anos na Bolsa de Valores Egípcia, Kavafis permaneceu em Alexandria até à sua morte, que ocorreu em 1933, por motivo de cancro da laringe. Sabe-se que recebeu a sagrada comunhão da Igreja Ortodoxa pouco antes de morrer e que o seu último gesto foi desenhar um círculo numa folha branca e depois colocar um ponto no meio do círculo.
Pelos contornos da sua história fragmentária, poder-se-ia dizer que a vida mais rica de Kavafis seria a vida interior sustentada pelas suas relações pessoais e pela sua criatividade artística.
Embora Kavafis tenha conhecido inúmeros homens das letras durante as suas viagens a Atenas, não recebeu o total apreço dos letrados atenienses senão aquando da publicação da sua colectânea de poemas em 1935. Parece provável que a sua importância tenha permanecido relativamente irreconhecida antes da sua morte precisamente pelas mesmas razões que hoje o estabelecem como um dos mais originais e influentes poetas gregos do século XX: o seu irredutível desapreço, na idade adulta, pela retórica que então prevalecia entre os poetas da Grécia continental; a sua quase prosaica frugalidade no uso de figuras de estilo e metáforas; a sua constante evocação de ritmos falados e coloquialismos; a sua franca e avant-garde abordagem dos temas homossexuais; a sua re-introdução dos modos epigramático e dramático que haviam permanecido largamente abandonados desde os tempos helenísticos; o seu frequentemente esotérico mas brilhantemente vivo sentido de história; a sua dedicação ao Helenismo, aliada a um estatuo cinismo relativamente à política; o seu perfeccionismo estético; a sua criação de um mundo ricamente mítico durante a sua idade adulta. Estes tributos, possivelmente pouco valorizados na sua época, hoje estão indubitavelmente entre os que lhe garantirão um lugar duradouro na tradição literária do mundo ocidental.

conheça alguns de seus poemas:

Ítaca

Quando começares a tua viagem para Ítaca,
reza para que o caminho seja longo,
cheio de aventura e de conhecimento.
Não temas monstros como os Ciclopes ou o zangado Poseidon:
Nunca os encontrarás no teu caminho
enquanto mantiveres o teu espírito elevado,
enquanto uma rara excitação agitar o teu espírito e o teu corpo.
Nunca encontrarás os Ciclopes ou outros monstros
a não ser que os tragas contigo dentro da tua alma,
a não ser que a tua alma os crie em frente a ti.

Deseja que o caminho seja bem longo
para que haja muitas manhãs de verão em que,
com quanto prazer, com tanta alegria,
entres em portos que vês pela primeira vez;
Para que possas parar em postos de comércio fenícios
para comprar coisas finas, madrepérola, coral e âmbar,
e perfumes sensuais de todos os tipos -
tantos quantos puderes encontrar;
e para que possas visitar muitas cidades egípcias
e aprender e continuar sempre a aprender com os seus escolares.

Tem sempre Ítaca na tua mente.
Chegar lá é o teu destino.
Mas não te apresses absolutamente nada na tua viagem.
Será melhor que ela dure muitos anos
para que sejas velho quando chegares à ilha,
rico com tudo o que encontraste no caminho,
sem esperares que Ítaca te traga riquezas.

Ítaca deu-te a tua bela viagem.
Sem ela não terias sequer partido.
Não tem mais nada a dar-te.

E, sábio como te terás tornado,
tão cheio de sabedoria e experiência,
já terás percebido, à chegada, o que significa uma Ítaca.



A mesa ao lado

Terá, quando muito, vinte e dois anos.
E no entanto estou certo de que, há quase tantos
anos passados, esse mesmo corpo eu desfrutei.
Não é, de modo algum, uma ilusão erótica.
E somente há pouco foi que entrei no cassino;
nem tive tempo de beber demais.
O mesmo corpo eu desfrutei.
Se não me lembro onde - não quer dizer que seja
esquecimento].
Ah, agora sim, que se sentou ali, na mesa ao lado,
reconheço cada movimento seu - e, para além das roupas,
eu os revejo, nus, os membros tão amados.
A Origem



O Prazer proibido consumou-se.Eles se erguem do leito e, sem falar-se,vestem-se à pressa.Saem da casa em separado, às escondidas; vão-seum tanto inquietos pela rua, como se temessem que algo neles revelasse em que espécie de leito possuíram-se.
Mas, do artista, como a vida se enriquiece!
Amanhã, no outro dia, anos depois, serão escritos
os versos fortes que aqui tem origem.


Candelabro


Num quarto pequeno e nu,
quatro paredes somente,
recamadas de muito verdes panos,
um belo candelabro brilha incandescente;
e
em cada uma das chamas se acende uma lúbrica paixão,
um lúbrico ardor.
Na pequena alcova,que ilumina refulgente
a forte luz que vem do candelabro,
não é vulgar fogo esta luz ardente.
Não foi feita para os corpos tementes
a
volúpia que há neste calor.