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Por Marcelo Hailer 13/6/2008 - 19:30
Em alguns municípios como o Rio de Janeiro (capital), São Luiz do Maranhão e Foz de Iguaçu há leis aprovadas que estabelecem a criação de banheiros específicos para as travestis. E o debate volta agora, mas em Fortaleza. O vereador Carlos Santana acaba de apresentar a câmara de vereadores da mesma cidade um PL que determina a criação de tal banheiro. Em seu argumento alega que é mais um mecanismo para combater a discriminação. Será mesmo?
Ninguém melhor do que elas para nos responder. Brunna Valin de São José do Rio Preto (SP), presidente da Associação Rio Pretense de Travestis e Transexuais (ARTS) e vice-presidente do conselho municipal de saúde da cidade diz ser contra e que a criação de tal banheiro "é mais uma forma de excluir e nós queremos nos incluir". Quem tem opinião similar é Salete Campari, "é um absurdo isso. Lutamos por direitos iguais. Nem mais nem menos".
Fernanda Benvenutty, da Associação Travestis da Paraíba (ASTRAPA), é contundente e afirma que isso é "ridículo, ao invés de incluir, eles querem criar mais guetos, e dessa forma eles nos transformam numa coisa estranha". Ainda sobre a questão da segregação Fernanda continua ao dizer que "daqui a pouco eles vão querer criar um mundo só para as travestis e transexuais e ninguém poderá sair por que será perigoso. Tem tanta coisa importante pra se fazer e eles ficam criando esses projetos".
Bom, que as meninas são contra a criação de banheiros específicos para as travestis, está claro. Mas, e na hora de usar os banheiros públicos, ou em restaurantes e lugares do tipo, em qual elas vão? Há constrangimentos? As pessoas olham feio? Xingam? Chamam a polícia? "eu uso o banheiro feminino há 18 anos. E quando eu usava o masculino eu era assediada", revela Brunna Valin.
"Quando eu estou Salete, eu uso o feminino. Agora quando não estou vestida como Salete, vou ao masculino", é o que nos conta a querida Salete Campari. Fernanda Benvenutty diz que "eu vou a qualquer um, depende da minha necessidade".
Sobre possíveis constrangimentos todas revelaram não ter sofrido algum tipo de problema. "Eu nunca tive problemas. No banheiro das mulheres elas sempre brincam comigo", conta Salete. "No feminino, há alguns anos, algumas mulheres reclamavam, não gostavam mesmo. Mas hoje eu uso numa boa, pelo menos aqui em Rio Preto não tenho mais problemas". Orgulha-se Bruna. Fernanda Benvenutty diz que uma vez teve problema, mas que não foi pelo fato de ser travesti, "uma vez um senhor entrou no banheiro, meu viu e ficou assustado, saiu e chamou a policia, pois pensou que se tratava de uma pessoa em banheiro errado. Porém, já tive amigas que foram expulsas de banheiros".
No final da conversa as meninas ainda fazem mais ressalvas sobre a questão das travestis e dos banheiros públicos. "Imagina se eles resolvem criar um banheiro desse tipo em rodoviárias, com certeza será um banheiro isolado e nós teremos que pegar uma chave. Constrangimento puro". Indigna-se Bruna. Para Fernanda se trata do "direito de ir e vir. A maioria das meninas que militam comigo lutam pelo uso do banheiro feminino, pois se identificam como mulheres, portanto é um direito delas". Salete reafirma a sua opinião e diz, "isso é preconceito. E, a gente luta por direitos iguais e o cara quer excluir a gente?".
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