domingo, 10 de agosto de 2008

" Bosque de Pã ."

de Yekhezel and my soul*

EL PASTOR SOLITARIO -zamfir
















Vem comigo beber das castas fontes,

onde Pã veste o ar com com sua Syrinx,
cantemos ao sol que com seu carro conduzia
ao êxtase da febre nossas mentes, quando
subíamos ao monte para nos deitarmos na relva,
enquanto Bóreas flagelava as nuvens com seu sopro.


Vem comigo com tuas mãos nas minhas entralaçadas,

façamos coroas com os louros e as heras dos caminhos,
deixa-te esquecer que há amanhãs e repousa sobre meu peito,
como quem busca um disperso som, que por ter sangue os homens
temem e zombam, quando falo que do Parnaso pode
descer dentre as musas um verso que não pétreo seja,
como suas miragens gélidas e mudas que adornam seu templos,
eles creêm antes que o silente bronze ou pedra em carne assemelhada
os fale íntimo, enquanto não se vêem dentro da divindade
que lhes vêm no casto lírio.

E tomam-me por louco quando com vagar
e contrito sobre a austera terra piso,

pois cada grão que pelos pés é calcado
nos fala do barro embriagado de pranto que fora
em vida um mendigo,
um hierofante cego, um rei caído.

Vem e toma de meus lábios como uma ânfora
onde Ganimedes verteu ambrosia,
depois que seu raptor foi servido,
para que esqueças ao menos pelo breve instante
em que teço com estes versos uma quimera,
o quanto somos breves sobre a terra,
para que Hades ao passar por estes prados
onde nosso primevo colóquio tivemos,
não nos encontre como dois na relva deitados,
mas como um lírio ou jacinto que na terra enraizados
trazem cálices vários, mas que na mesma haste são viventes;
que sua foice não temas dentro de meus olhos.

* estudante do curso de história da UFPI e organizador deste blog

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