quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cabral quer estender direitos a casais homossexuais

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http://zerohora.clicrbs.com.br

Governador do Rio entende que restrição a heterossexuais é descriminação

03/03/2008 | 10h50min

Uma ação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) em 27 de fevereiro, tenta estender para os casais homossexuais o tratamento que já é dado aos casais heterossexuais pelo Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado. O estatuto regula a concessão de licenças à Previdência e assistência aos servidores. Na ação, uma argüição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), Cabral afirma que negar esses direitos aos casais homossexuais é uma "discriminação sexual" que viola os preceitos fundamentais previstos na Constituição.

Nesse caso específico, apontou Cabral na ação, são violados os preceitos da dignidade da pessoa humana, da igualdade e o direito à liberdade. Além disso, acrescenta, a segurança jurídica estaria comprometida, pois há decisões antagônicas do Judiciário a esse respeito. O governo pede que o Supremo conceda liminar para que os direitos sejam imediatamente concedidos aos casais homossexuais e para que sejam suspensos todos os processos e decisões contrárias a essa decisão. A ação será relatada pelo ministro Carlos Ayres Britto.

Grupo Estruturação: defende os direitos dos homossexuais

disponível em:
http://artefato.digital.jor.br

Por Ana Rita de Holanda e Eliane Discacciati -


“ Eu queria ter vivido na Antigüidade Clássica, na Grécia, onde ser gay e se relacionar com pessoas do mesmo sexo era normal e não existia tantos preconceitos como hoje na modernidade”, M. M., gay assumido há 3 anos,idade: 23 anos

O Brasil ostenta a fama internacional de ser uma das partes do mundo onde os gays e lésbicas são mais visíveis e socialmente aceitos , esconde uma desconcertante realidade: é o campeão mundial em assassinatos de homossexuais. Nos Estados Unidos, com cem milhões de habitantes a mais que nosso país, entre 1992-1994, foram registrados 151 assassinatos de homossexuais, enquanto no Brasil, no mesmo período, foram 180 os gays e lésbicas vítimas de crimes de ódio ( FONTE GRUPO ESTRUTURAÇÃO).Tal número deve ser ainda muito maior, dada a precariedade de nossas estatísticas criminais.

Welton Trindade, presidente do grupo Estruturação de Brasília concedeu uma entrevista e respondeu algumas questões sobre a discriminação e direitos humanos: quando questionado sobre quantos processos a lei do artigo 5 ( que veda qualquer tipo de discriminação) ele respondeu, “Se já somam no Brasil 76 Municípios, dois Estados e o próprio Distrito Federal onde a lei proíbe a discriminação baseada na orientação sexual, uma fantástica e recente conquista do pequenino mas combativo Movimento Homossexual Brasileiro, infelizmente, tal proteção legal é ainda letra morta, pois ninguém até hoje foi processado no Brasil por discriminar homossexuais. “

Até mesmo a imprensa que se diz neutra ultrapassa os limites e comete certos abusos do seu poder de informação publicando matérias homofóbicas contra os homossexuais. Welton Trindade, presidente do Grupo Estruturação mostra uma enorme coleção de jornais com matérias de jornalistas conceituados discriminando e ofendendo os homossexuais. “ Motivos não faltam para que esta lei fosse aplicada: o principal jornal do Norte e Nordeste do Brasil, por duas vezes publicou, impunemente, a pena de morte aos homossexuais : “Mantenha Salvador limpa, mate uma bicha todo dia!” Outro exemplos como em S. Paulo, o então Deputado Raimundo da Cunha Leite, do PMDB, declarou: “Os homossexuais não podem ter os mesmos direitos que têm as pessoas normais!” e o jornalista Ivan Leal, do Rio de Janeiro, escreveu: “Gostaria de ver todos os homossexuais condenados à morte em forno crematório e mesmo assim lamentava que sobrassem as cinzas!”. Infelizmente as matérias são verdadeiras e não são punidas como deveriam ser. Onde está a lei que não é aplicada?

A impunidade é tão grande que os exemplos não faltam até mesmo na imprensa, onde todos podem ler e não tem porque das autoridades responsáveis não tomarem alguma providência diante de tanto abuso. São pessoas normais e buscam a felicidade como todos. O grupo Estruturação sediado em Brasília ( Qd. 6 Ed. Venâncio 3000 Bl. A sl. 416 . Fone: 327-3186) tem como um dos pilares e principais objetivos defender os homossexuais e lésbicas promovendo movimentos de protesto, fazendo campanhas publicitárias, organizando paradas, , Welton lembra que na Parada do Orgulho Homossexual, sediado em São Paulo, em 2004 reuniu 1 milhã de pessoas, foi uma das maiores paradas cívicas de toda a história do Brasil. O Estruturação não tem dados de quantos homossexuais tem no Brasil , dada a tamanha precariedade do CENSO, mas algumas pesquisas feitas nos EUA a estimativa é de que 10% da população seja gay.

O estudante de direito do UniCEUB , M.M.,23 anos,homossexual assumido há 3 anos diz que se sente extremamente discriminado pela televisão e que ela mostra uma visão estereotipada dos gays e completa fazendo uma crítica a sociedade “ as pessoas assumem certos valores que a industria cultural impõe e na maioria das vezes esses são carregados de preconceitos e reverte em violência para quem é diferente da maioria” e ainda confessa “ Eu queria ter vivido na Antigüidade Clássica, na Grécia, onde ser gay e se relacionar com pessoas do mesmo sexo era normal e não existia tantos preconceitos como hoje na modernidade”. Utópico o pensamento de M.? Pode até ser, mas uma coisa é certa a sociedade deve respeitar mais os homossexuais e lésbicas e ser menos conservadora como na Grécia Antiga, onde a liberdade sexual era realmente permitida sem nenhum preconceito.

E SE JOÃO DE DEUS FOSSE GAY?

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http://www.grupomatizes.org.br/noticias.html

Esta semana, o Piauí assistiu, estupefato, ao episódio lamentável, envolvendo os deputados Ana Paula e João de Deus. Foi um festival de pantomima, recheado por muitas notas. Como diria Chico César, um “filme triste, que me fez chorar” – e também refletir... Chocou, por exemplo, o trecho da entrevista de João de Deus à TV Meio Norte, segundo o qual a deputada Ana Paula teria dito que “todo político é bandido”, inclusive ela.

Diante de fato tão grave, por que a Assembléia Legislativa do Piauí não se posicionou? Esse indício de autoconfissão não seria suficiente para abertura de um processo para apurar eventual quebra do decoro parlamentar? Assim como fiz com a deputada Ana Paula, prefiro acreditar que o deputado João de Deus, de fato, não tem “qualquer aversão aos homossexuais, lésbicas, transexuais ou outro gênero” e que ele condena “veementemente a discriminação sexual”, como asseverado na nota por ele assinada, cujo foco é a reafirmação de sua heterossexualidade.

Ora, a orientação sexual de qualquer pessoa é algo que diz respeito somente a ela e, no máximo, àquela com quem partilha seus desejos afetivo-sexuais. A mais ninguém interessa. Por isso, soa estranha a pressa do deputado em explicitar “a quem quer que seja” sua condição de heterossexual e que não tem precedentes passíveis de suscitar qualquer dúvida acerca da preferência sexual dele. E se João de Deus fosse gay, que “problema” haveria nisso?

Qualquer pessoa não-infectada pelo vírus do preconceito sabe que a orientação sexual não é critério aferidor do caráter de “quem quer que seja”.. Por isso, deputado João de Deus, inócua a preocupação com a suposta insinuação feita por sua colega de parlamento. Através de uma nota veiculada na imprensa, todo o Piauí ficou sabendo (mesmo quem não queria...) que Vossa Excelência é heterossexual. Mas, se não fosse, constataria aquilo que o Movimento LGBT afirma há décadas: “é legal ser homossexual”.

Marinalva Santana - Coordenadora Geral do Matizes

SINDICALISTA É CONDENADO POR DISCRIMINAR LÉSBICA EM TERESINA


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http://www.grupomatizes.org.br/noticias.html

21.06.08

A Justiça determinou ontem (20), após representação do Ministério Público, que o sindicalista Enoque Pereira de Sousa faça a doação de uma cesta básica no valor de R$ 415, por cometer crime de injúria. Ele teria discriminado Maria Aurenísia Alves, que é lésbica e militante do Grupo Matizes e da Liga Brasileira de Lésbicas, durante uma reunião preparatória para o dia da mulher, 8 de março. Na época, segundo queixa-crime apresentada por Maria Aurenísia, o acusado afirmou que "lésbica não é mulher" e não sabia porque "essa gente" estava na reunião.
Para a coordenadora geral do Grupo Matizes, Marinalva Santana, o resultado mostra não somente a mudança de pensamento das instituições, a exemplo da Justiça. “Mais do que isso, mostra que os gays, lésbicas, estão mais conscientes de seus direitos, porque a Justiça só age quando é acionada”.
Maria Aurenísia, que apresentou a queixa-crime, disse ao Acessepiauí que é a terceira vez que sofre com esse tipo de preconceito partindo de pessoas ligadas a movimentos sociais. “Essas pessoas deviam ser mais politizadas. Quando parte de um sindicato é cruel demais”. Ela afirma ainda que não ficou muito satisfeita com o resultado, pois diz que a penalidade aplicada foi pequena. “Mas de qualquer forma já é um resultado. Nós temos que buscar nossos direitos. Espero que da próxima vez que isso acontecer a pena seja maior”.
A coordenadora do Matizes também acha que “ainda é pouco”. Ela citou o Projeto de Lei 122/2006, que trata da criminalização da homofobia e está tramitando no Senado. “Atualmente, quem comete esse ato, responde por injúria, que é um crime considerado de menor potencial. A partir da aprovação desse Projeto de Lei, a pena para a pessoa que discriminar o homossexual pode chegar até a 6 anos”, explicou Marinalva Santana.

Fonte: Acesse Piauí

terça-feira, 29 de julho de 2008

Violência contra as lésbicas

disponível em:
http://www.uvanavulva.com.br/blog/2006/11/13/basta/

13.11.2006

Valéria Melki Busin[*], com a colaboração de Bruna Pimentel Cilento[**]

Estamos entrando no período da Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, que é realizada em 130 países, de 25 de novembro a 10 de dezembro, e está completando 16 anos de existência.

No Brasil a Campanha é promovida e articulada, nacionalmente, pela AGENDE em parceria com redes e articulações de mulheres, feministas e de direitos humanos, órgãos governamentais, representações de Agências da ONU no Brasil, empresas públicas e privadas. O slogan é Uma vida sem violência é um direito das mulheres! (Veja maiores detalhes no site da AGENDE http://www.agende.org.br/16dias)

Apesar de árido, o tema deve ser tratado com realismo e coragem por toda a sociedade, inclusive por nós, lésbicas. Muitas vezes, por sermos contrárias ao vitimismo – ou seja, sermos colocadas no papel de vítimas indefesas - que impede que nos vejamos como agentes da nossa história e, portanto, com potencial transformador da realidade, acabamos negligenciando o tema e fazemos de conta de que não existe violência contra as lésbicas. E entre as lésbicas.

Para começar, por serem mulheres, as lésbicas já sofrem todos os tipos de violência de gênero que as mulheres brasileiras sofrem. Porém, por sua orientação sexual, acabam sofrendo outros tipos de violência, nem sempre comuns à maioria das mulheres heterossexuais. Relacionamos, a seguir, as violências específicas sofridas por lésbicas em seu cotidiano, considerando-se aí violência física, sexual, psicológica e simbólica.

É bastante comum que jovens lésbicas sofram, em sua própria casa, espancamentos e outras agressões físicas, além de ofensas e desprezo, quando seus familiares descobrem sua orientação sexual. Por dependerem economicamente de seus responsáveis, as jovens são mais vulneráveis, tendo de, com freqüência, abdicar de relacionamentos afetivo-amorosos, além de deixar de conviver com amigas e amigos, ou freqüentar determinados lugares, tendo, portanto, sua liberdade cerceada de forma ostensiva.

Ocorre também com lésbicas o “estupro corretivo”, quando homens (conhecidos ou não) forçam lésbicas a manter relação sexual, geralmente com muita violência, para “ensiná-las” o que é “correto” em termos de sexualidade.

Ainda na linha da violência sexual, lésbicas que demonstram seu afeto em público sofrem assédio masculino constante. No imaginário masculino, duas mulheres lésbicas juntas estão se oferecendo para sexo com homens. Assim, um fato banal, como passear de mãos dadas com a namorada na rua, pode gerar abordagens sexuais grosseiras com muito maior intensidade e freqüência do que ocorre com as demais mulheres. Quando os “assediadores” percebem que não obterão sucesso, passam para ofensas e grosserias, muitas vezes aos gritos, para humilhá-las publicamente.

Talvez uma das formas mais comuns de violação de direitos que as lésbicas sofrem seja a censura a demonstrações explícitas de afeto, quando estão em algum estabelecimento comercial. Nesse caso, são freqüentemente abordadas para que parem de se beijar ou abraçar na frente dos outros clientes (que fazem o mesmo, mas não são importunados) e, quando resistem a isso, são expulsas do local, muitas vezes de forma violenta. Isso ocorre principalmente porque os agressores contam com o silêncio e o constrangimento das lésbicas, que precisam de uma boa dose de coragem e esforço para denunciar o tratamento injusto sofrido.

Os crimes de morte também são cometidos contra lésbicas somente por sua orientação sexual. Muitas vezes, são assassinadas namoradas ou companheiras de lésbicas a mando de parentes, como forma de “limpar a honra” da família.

Todas as formas de violência acima descritas não são incomuns, mas muito mais freqüentemente ocorrem violências cotidianas na vida das lésbicas, como humilhação, ofensas, desprezo, rejeição, abandono, exclusão, expulsão de casa ou de locais que freqüenta, como escola, igreja, emprego. Por exemplo, é comum garotas lésbicas serem hostilizadas em suas escolas ou faculdades, por colegas, professores/as, funcionários/as dos locais em que estudam.

Doença, imoralidade, pecado, abominação: estes são apenas alguns termos empregados para se referir à orientação sexual de lésbicas. Essas forma de “entender” a homossexualidade está impregnada de preconceitos oriundos do ideário cristão. Assim, outra violência comum cometida contra lésbicas são tentativas de “cura” por meio de “terapias de reversão”, prática proibida pelo Conselho Federal de Psicologia, mas ainda bastante freqüente entre as quatro paredes de consultórios psicológicos. Ainda são realizadas tentativas de “cura” por vias religiosas, como uma espécie de exorcismo.

Por fim, é importante comentar que as lésbicas também estão sujeitas à violência doméstica cometida por suas próprias parceiras. A agravante, aqui, é que as agressoras, além de assumirem valores patriarcais e reproduzirem em suas relações a violência de gênero, contam com a maior vulnerabilidade de suas vítimas, que não denunciam a agressão por medo de sofrerem mais violência por parte das autoridades, além de sentirem vergonha pela agressão sofrida, por causa do forte preconceito quanto a sua orientação sexual.

Com todo esse panorama, é fácil entender porque as lésbicas são ainda praticamente invisíveis na sociedade, pois assumir sua condição significa expor-se a violências diversas. Entretanto, cada vez mais e mais mulheres têm conseguido romper a barreira do silêncio, da solidão e do preconceito e têm podido viver seu legítimo amor.

Por isso, queremos registrar nossa admiração e agradecimento a todas as lésbicas que têm coragem de viver e demonstrar seu amor publicamente. Não sucumbir é o primeiro passo. Não é fácil, mas mais difícil ainda é mentir para si mesma e negar-se diante da vida. E se o amor e a liberdade não valem essa batalha, o que mais valerá??

[*]Valéria Melki Busin é psicóloga formada pela Universidade de São Paulo e mestranda em Ciências da Religião na PUC/SP. É integrante da ONG feminista Católicas pelo Direito de Decidir, escritora e militante pelos direitos das lésbicas.

[**]Bruna Pimentel Cilento é advogada, mestranda em Direito, ativista pelos direitos das lésbicas e uma das coordenadoras do MoLeCa, Movimento Lésbico de Campinas.

Agressão a travesti é apurada

disponível em:
http://www.mp.rs.gov.br/imprensa/imprensa/noticias/
id14237.htm

Por: Jorn. Marco Aurélio Nunes

20/05/2008 - Direitos Humanos

Marcelly Malta procurou Promotoria e deu sua versão sobre a violência que sofreu. Especializada de Direitos Humanos abriu inquérito para investigar o caso

A Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Porto Alegre instaurou inquérito civil para apurar conduta homofóbica por parte de agentes de segurança e de saúde contra a travesti Marcelly Malta no Posto de Atendimento Médico (PAM 3) da rede municipal da Capital. A travesti, que é presidente do Conselho Municipal de Direitos Humanos e da ONG Igualdade Associação de Travestis do Rio Grande do Sul, foi agredida na antevéspera do Dia Internacional de Combate à Homofobia, comemorado em 17 de maio. A promotora Míriam Balestro Floriano também pedirá que a Especializada Criminal acompanhe o inquérito na Polícia Civil.

Marcelly Malta – primeira travesti homenageada no Dia Internacional da Mulher pela Prefeitura de Porto Alegre – é funcionária municipal e já foi ouvida no Ministério Público. Ela contou que saiu do posto de saúde onde trabalha, na Vila Cruzeiro, para ir até o PAM 3. Sua intenção era convidar uma servidora para palestrar sobre saúde dos travestis em um seminário. Ao chegar no prédio uma vigilante indagou: “aonde o senhor vai?”. Após se identificar e informar seu destino, foi recebida pela pessoa que procurava.

Contudo, na saída do posto, a travesti perguntou à vigilante se ela não a conhecia, porque como servidora municipal já havia estado no local outras vezes. “O senhor não usa crachá?”, respondeu a vigilante. Quando Marcelly explicou que era uma transexual e esperava respeito, recebeu um soco no rosto de um dos seguranças e foi levada para uma sala onde foi espancada. A travesti disse que enfermeiras se recusaram a socorrê-la.

Após ser posta para fora do prédio, Marcelly retornou ao posto de saúde pelos fundos. Ao ser vista com marcas pelo corpo, foi orientada pela sua coordenadora a procurar a Polícia. Ela registrou a ocorrência e fez exame de corpo de delito antes de se dirigir ao Ministério Público. A promotora de Justiça Míriam Balestro Floriano frisa que em conseqüência do episódio, o Ministério Público está recebendo várias manifestações de repúdio de ONG’s estaduais e internacionais que pedem a averiguação dos fatos.

Travesti denuncia agressão em posto médico de Porto Alegre


disponível em: http://www.portalsinos.net/2008/05/16/ travesti-denuncia-agressao-em-posto-medico-de-porto-alegre/

Brasília - Na antevéspera do Dia Nacional de Combate à Homofobia, a travesti Marcelly Malta denunciou hoje (15) que sofreu agressão no complexo hospitalar onde trabalha há 28 anos, em Porto Alegre.

Marcelly conta que se desentendeu com seguranças na saída do Posto de Atendimento Médico 3 (PAM 3) da rede municipal por causa de sua identificação. Na discussão, foi agredida e levada a uma sala vazia, onde foi chutada e esganada.

A funcionária diz que enfermeiras se recusaram a socorrê-la. “Eu pedia para elas ligarem para a minha chefe para que ela pudesse comprovar que eu trabalhava no outro PAM. Mas elas diziam ‘vocês que são brancos que se entendam’”.

Ela conta ainda que depois de ser posta para fora do PAM 3, voltou ao posto onde trabalha e foi vista com esfoliações e marcas pelo corpo pelas coordenadoras e chefes. Mesmo assim, a coordenadora de enfermagem teria alegado que a versão das enfermeiras e seguranças era outra e não teria tomado providências.

“O que sinto mais não é a dor física e sim a dor psicológica. Minha auto-estima foi lá pra baixo”, declarou Marcelly.

Ela diz que registrou queixa na delegacia e compareceu ao Instituto Médico Legal para fazer exame de corpo de delito, que constatou luxação na faringe e em três costelas.

A Agência Brasil tentou entrar em contato com o Grupo Reação, empresa terceirizada contratada para fazer a segurança do posto médico, e com a Secretaria Municipal de Saúde, mas não conseguiu.

O Grupo Reação já foi condenado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por formação de cartel para ganhar licitações de empresas públicas no Rio Grande do Sul.

Marcelly é presidente do Conselho Municipal de Direitos Humanos e da organização não governamental (ONG) Igualdade – Associação de Travestis do Rio Grande do Sul. Segundo ela, manifestações de repúdio ao episódio estão sendo organizadas e a denúncia será levada ao Ministério Público.

Fonte: Mariana Jungmann Repórter da Agência Brasil

Travestis e Transexuais - Diversidade denuncia aumento de agressão

disponível em:

http://www.gestospe.org.br/web/noticias/
conteudo1/?conteudo=147767724


14/04/08, às 09h22m (GMT -03;00)

Sebastião Diniz: “As profissionais do sexo são atacadas principalmente na avenida Ataíde Teive”

Folha de Boa Vista
Shirleide Vasconcelos

O presidente do Grupo Diverrsidade, Sebastião Diniz, denuncia que travestis e transexuais profissionais do sexo estão sofrendo cada vez mais violência enquanto trabalham nas ruas de Boa Vista. Conforme Diniz, o grupo recebe uma média de duas reclamações por semana, de casos que ocorrem principalmente nos finais de semana, quando há consumo excessivo de bebida alcoólica por parte dos agressores. "O preconceito e discriminação com os travestis e transexuais também contribuem para as agressões”, diz.

Conforme as reclamações apresentadas ao grupo, as profissionais do sexo sofrem vários tipos de violências nas ruas da cidade. Uma das mais freqüentes é a psicológica, com o tratamento descortês das pessoas contrárias à profissão ou críticas severas à forma como os travestis se vestem. “Elas [travestis e transexuais] são agredidas com palavras também”, ressaltou.

Outra forma de violência sofrida, de acordo com Diniz, é a agressão física praticada por vândalos ou integrantes de galeras. Também reclama que policiais abordam de forma grosseira as profissionais, tratando-as como se fossem marginais. “A agressão é uma forma de excluir as travestis da sociedade. Elas não são diferentes e nem tampouco minoria”, frisou.

Conforme estatística do grupo, em Boa Vista há pelo menos 70 travestis profissionais do sexo, atuando nos principais pontos da cidade como as avenidas Ataíde Teive, das Guianas e na praça do Centro Cívico.

Os pontos considerados de maior risco pelas travestis e transexuais durante o trabalho atualmente são a avenida Ataíde Teive, próximo da Mangueira - por ser uma área escura – e da escola Girassol, porque fica perto de um local de festa bastante freqüentado por pessoas de várias classes sociais.

Neste último caso, Diniz relata que alguns participantes da festa passaram pelos travestis e transexuais xingando e até agredindo os profissionais. “Todas aquelas que trabalham na noite têm medo da violência, mas a falta de oportunidade no mercado de trabalho por causa do preconceito faz com que elas permaneçam como profissionais do sexo. São pessoas que também precisam pagar contas, comprar comida e se vestir como qualquer outro cidadão”, afirmou.

DENÚNCIAS – Questionado se essas denúncias já foram apresentadas aos órgãos de segurança, Diniz afirmou que a ONG presidida por ele firmou parceria com a Polícia Militar com o objetivo de realizar ações de conscientização junto aos policiais sobre a atuação das profissionais do sexo e também com as próprias travestis e transexuais para que não trabalhem com drogas, seminuas ou portando armas de qualquer natureza.

O grupo pretende agendar uma reunião com a Polícia Civil antes da Conferência Estadual de Políticas Públicas para a População GLBT, que acontece entre 6 e 8 de maio.

Sobre as prostitutas, o Grupo Diverrsidade atua somente com a entrega de preservativos como forma de prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), HIV e Hepatites Virais. “Não temos estatísticas sobre as violências sofridas por elas, mas acredito que elas sejam vítimas dos mesmos problemas”, comenta.

Corregedoria da PM investiga denúncias

A Corregedoria da Polícia Militar tem registro de apenas uma denúncia de agressão contra travestis em Boa Vista. O subcorregedor, capitão PM José Nilton Nascimento, informou que a denúncia foi apresentada em fevereiro e diz respeito à invasão de domicílio. A sindicância foi aberta e as investigações ainda estão em andamento.

Segundo o capitão Nilton, está sendo investigada a denúncia de que um grupo de PMs teria invadido a casa de um travesti depois que outro militar da corporação teria sido lesado pelo profissional do sexo.

Ao contrário do número de denúncias apresentadas no Grupo Diverrsidade, a estatística da Corregedoria registra a média de uma denúncia de agressão contra travestis profissionais do sexo por ano. Em 2006, o único registro encaminhado pelo Ministério Público Estadual (MPE) tratava de três travestis que abordaram um veículo na praça do Centro Cívico. Um deles teria subtraído a bolsa do condutor. A vítima chamou a Polícia Militar e os travestis, encontrados pela PM em frente a um supermercado do Centro, reclamaram da abordagem feita pelos militares. A sindicância foi aberta e a denúncia foi julgada improcedente.

No ano passado, também foi julgada improcedente a denúncia de travestis que trabalhavam na proximidade da Feira do Passarão. Eles reclamavam de agressão por parte dos policiais na hora em que foram presos. Conforme o subcorregedor, a PM foi acionada por um grupo de pessoas que teriam sido lesadas pelos profissionais, com pedras atiradas contra um veículo.

As denúncias encaminhadas à Corregedoria da PM têm 30 dias para serem apuradas, podendo o prazo ser prorrogado por mais dez dias. Esse período só é estendido quando a vítima ou testemunhas estão viajando.

O comandante da PM, coronel Márcio Santiago, adiantou que nos boletins de ocorrência dos militares não há especificação sobre a sexualidade das pessoas para não haver discriminação e por isso, não é possível saber o número de comunicações envolvendo travestis e transexuais.

OUTROS - O Ministério Público Estadual (MPE) informou, por meio da Assessoria de Comunicação, que não há especificação no Termo Circunstanciado ou no Inquérito Policial se a pessoa é ou não travesti.

A Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Segurança Pública também não tem dados sobre denúncias de agressões sofridas por travestis ou transexuais porque nos Boletins de Ocorrência o dado não consta para evitar constrangimentos. Na Corregedoria da Polícia Civil, segundo a Ascom, não tramita nenhum procedimento que apure denúncia contra policiais por agressão a homossexuais.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Linfogranuloma Venéreo (LGV) Uma infecção sexualmente transmissível em crescendo na Europa

disponível em:
http://www.ilga-portugal.oninet.pt/glbt/glbt_saude.htm

A Unidade de DST do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT) e a Associação ILGA Portugal lançam a primeira campanha de prevenção e rastreio do Linfogranuloma Venéreo (LGV) que inclui aquele que é o primeiro desdobrável em Português sobre esta infecção sexualmente transmissível (IST).

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) são um dos mais importantes problemas de saúde pública em todo o mundo sendo o seu combate uma prioridade da OMS. Estas infecções estão a aumentar sendo co-factores na infecção pelo VIH e responsáveis por infecções agudas ou crónicas e morte. Entre elas o LGV, que pode causar lesões graves no ânus e nos genitais se não for tratado precocemente com antibióticos.
O LGV é frequente em regiões da África, Ásia e Caraíbas, sendo até há pouco tempo raro na Europa. De momento a maioria das pessoas em risco de contrair o LGV são pessoas que têm sexo sem preservativo.

Em Portugal não se conhece o número de casos reais de ISTs uma vez que não existe um sistema consistente de vigilância epidemiológica com apoio laboratorial de qualidade. Mais, algumas ISTs são assintomáticas, pelo que não se sabe ao certo quantos portugueses são portadores de uma IST como o LGV. No entanto a elevada prevalência do VIH parece indicar que existem números elevados das outras ISTs.
A informação, a prática de sexo seguro e o rastreio (principalmente após um corportamento de risco) são os únicos meios que podem impedir a transmissão e as complicações de ISTs como o LGV. É neste sentido que a Unidade de DST do IHMT e a Assoc. ILGA Portugal estabeleceram uma parceria que já se materializou na produção e distribuição de um desbobrável com informação sobre o LGV e dentro em breve iniciarão o primeiro rastreio de LGV em Portugal, como forma prevenir e diagnosticar possíveis indivíduos com LGV.

Parte deste material informativo resultou da tradução e adaptação do desdobrável “LGV: An infection growing among gay men”, com autorização da Terrence Higgins Trust , contou com o apoio financeiro da Unidade de DST do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa e com o design da responsabilidade de Moonbase, pode ser obtido no CCGLL ou no site da Ilga

A carga viral no sémen


disponível em:

http://www.ilga-portugal.oninet.pt/glbt/saude19990621.
htm


Na recente conferência científica de Chicago foram apresentados os resultados de vários estudos sobre a carga viral seminal, muitos dos quais confirmam a necessidade de manutenção dos conceitos de sexo mais seguro e transmissão do VIH.

Durante o teste de CV, tanto no sangue como no sémen, antes de se proceder à contagem de viriões, o líquido é sujeito a uma centrifugação de forma a obter uma separação entre o plasma e o precipitado de células. Embora o valor da carga viral (CV) utilizada na gestão clínica de doentes seja a obtida no plasma sanguíneo, há um crescente interesse em saber o que se passa nas células.

O primeiro estudo1 analisa a relação entre a carga viral no plasma sanguíneo (CVPSA) e a carga viral no plasma seminal (CVPSE) durante a infecção aguda (primeiro ano de infecção) em pessoas sem qualquer terapêutica antiretroviral. Todas as amostras de plasma seminal registaram uma média da carga viral detectável variável (3.1 – 3.9 log10 copias/mL) indepen-dentemente das variações da CVPSA (0.3 – 5.6 log10 copias/mL). Os resultados sugerem duas hipóteses importantes: 1) o sémen e o sangue possuem mecanismos diferentes de controlo e replicação do VIH; 2) a CV no sémen, em indivíduos sem qualquer terapêutica, é discordante e variável quando comparada com a CVPSA, podendo ser um local previlegiado de "refúgio" do virus.

Um outro estudo2 tentou descobrir indícios da presença do VIH no sémen de 7 pacientes cuja terapêutica antiretroviral tinha conseguido baixar os valores da CVPSA para níveis indetectáveis. Através da cultura das células provenientes das amostras de sémen, foram indentificados dois casos em que se detectou a (~30%) presença de DNA pró-viral. Estes resultados indicam a forte probabilidade (à semelhança do estudo anterior) do sémen albergar estirpes de VIH competente, pouco sensíveis aos agentes antiretrovirais, capazes de se replicar, mesmo em índividuos com carga viral indetectável no plasma, servindo como meio transmissor e, possívelmente, impedindo a erradicação completa.

Por outro lado, em pacientes a fazer uma terapêutica antiretroviral e com CVPSA e CVPSE detectáveis parece haver uma correlação entre os valores numa e noutra – em média menos 1 log10 entre a primeira e a segunda3. Mesmo após a redução da CV no plasma do sangue e do sémen, e à semelhança do estudo anterior (embora num universo maior: n=103), e após cultura, cerca de 30% dos pacientes mantinham a presença de HIV no sémen.

Finalmente, o quarto estudo4 conduzido no Brasil, tendo por objectivo avaliar a relação entre os valores de CVPSA e CVPSE em 70 pacientes antes e depois da introdução dum regime terapêutico, chegou a conclusões semelhantes. Em regra, o decréscimo do valor da CVPSE acompanhou, por baixo, cerca de 1-1.5 log10 o valor da CVPSA.

Conclusões: ao contrário do que seria empirico e lógico esperar, um resultado de carga viral indetectável no plasma sanguíneo, mesmo durante a administração de um regime terapêutico altamente eficaz, não garante, nem a indetectabilidade de VIH no sémen nem reduz a transmissibilidade do vírus.

1 (Abs. 301 - T. Schacker et al., Retrovirus Conference, Chicago – Fevereiro 1999)

2 (Abs. 7 - J. Roger et al., Retrovirus Conference, Chicago – Fevereiro 1999)

3 (Abs. 220 - J.S. Evans et al., Retrovirus Conference, Chicago – Fevereiro 1999)

4 (Abs. 276 - P.F. Barroso et al., Retrovirus Conference, Chicago – Fevereiro 1999)

Gonçalo Dumas Diniz

Pense duas vezes...








(montagens sobre fotos, feitas por mim, inspiradas nos cards feitos pela associação Ilga de Portugal, visando a quebra dos "mitos" mais correntemente difundidos entre a comunidade gay, no que se refere a
questão da Aids, e de sua prevenção.Fiz tais montagens pois o formato do documento não permitia que elas fossem extraídas separadamente).
para conferir os originais veja: http://www.ilga-portugal.pt/pdfs/pensaduasvezes.pdf

Sida - Alerta em conferência mundial: Gays menos prevenidos.


disponível em:
http://www.ilga-portugal.oninet.pt/glbt/saude200650819.htm


(Correio da Manhã de 19 Agosto 2006)

A comunidade homossexual dos países ricos parece estar a descurar a prevenção da doença

Os homossexuais foram os primeiros a precaver-se contra a infecção quando o vírus da sida começou a fazer vítimas. Mais de 20 anos depois, ante um certo ‘cansaço da sida’ e a impressão, errada, de que a doença já não é uma ameaça, os homossexuais e bissexuais dos países desenvolvidos – com acesso aos medicamentos anti-retrovirais – parecem ter afrouxado a prevenção, facilitando o contágio. O alerta foi lançado no âmbito da 16.ª conferência mundial sobre a doença, que ontem terminou, no Canadá, sem que fossem apresentadas novidades sobre o tratamento.

O estudo de Ron Stall, professor da Universidade de Pittsburgh, no estado norte-americano da Pensilvânia, aponta para uma forte progressão da infecção durante os próximos anos nos Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental, Austrália e Nova Zelândia.

Considerando a taxa de incidência da doença (1,9 por cento), o investigador estima que oito por cento dos homossexuais que hoje têm 20 anos são seropositivos. Daí retirou que um quarto desta população estará infectada aos 30 anos e 58 por cento aos 60. “A manutenção dessas taxas de incidência dará taxas muito altas de presença do vírus da sida em cada nova geração de homossexuais”, alertou.

UMA IDEIA ERRADA

Júlio Pires, responsável da associação de defesa dos direitos de homossexuais, lésbicas, bissexuais e transgéneros Ilga Portugal, desconhece os números, mas não a realidade a que se reporta o professor norte-americano. “Criou-se a ideia de que a sida não é uma doença mortal, que se pode viver com ela durante muitos anos e isso está na base de um certo afrouxamento da prevenção”, afirma ao CM.

Orientador das campanhas de informação levadas a cabo pela Ilga em espaços de diversão nocturna e de prostituição, Júlio Pires alerta para a redução drástica da qualidade de vida associada à infecção pelo vírus da sida. “E uma coisa é certa: não há cura para a doença.” Júlio viu recentemente morrer um amigo.

O responsável do Centro de Controlo de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, Ron Valdisseri, apontou como causas para o número crescente de diagnósticos de seropositividade entre os homossexuais em 35 estados norte-americanos o consumo crescente de metanfetamina – droga que favorece as relações sexuais não protegidas – e um “certo cansaço da sida”. “Temos também uma nova geração de homossexuais, que não viveu os primeiros anos da doença e não viu morrer bairros inteiros”, disse, acentuando: “A sida continua a ser uma doença incurável.”

Em Portugal, a transmissão do vírus pela via homossexual masculina está na origem de 11,8 por cento dos 29 461 casos de infecção notificados, depois da transmissão por via heterossexual (36,9 por cento) e em indivíduos toxicodependentes (45,5 por cento).

TROPA NO EXTERIOR EM RISCO

O coordenador nacional para a infecção VIH/Sida, Henrique Barros, sublinhou ontem, em Toronto, a necessidade de encarar a luta contra a doença à luz do risco a que estão sujeitas as forças armadas em missão no estrangeiro.

O assunto, abordado durante a conferência mundial sobre sida, é também de interesse português, sublinhou aquele responsável, preocupado com “o impacto da doença nos próprios sistemas de segurança”.

Já os resultados dos testes mais recentes dos medicamentos anti-retrovirais, apresentados nos painéis científicos da conferência, desapontaram Henrique Barros, que concluiu não se ter verificado qualquer mudança na resposta à doença, pelo que, considerou, a prevenção continua a ser o melhor meio de luta contra o vírus.

PROTESTO NA ÁFRICA DO SUL

Enquanto, no Canadá, mais de 24 mil delegados de 170 países se preparavam para declarar encerrada a 16.ª conferência mundial sobre sida, 35 activistas da organização não-governamental sul-africana Treatment Action Campaign (Grupo de Acção pelo Tratamento) ocuparam ontem um departamento governamental provincial em protesto contra a recusa do Governo de administrar anti-retrovirais a presos.

Os activistas, que serão acusados de violação de propriedade alheia, exigiam a prisão da ministra da Saúde da África do Sul por esta ter ignorado uma ordem judicial intimando o Governo a providenciar anti-retrovirais a detidos infectados. A ministra Manto Tshabalala-Msimang foi duramente criticada por ter defendido, em Toronto, o uso de suplementos vitamínicos, alho, beterraba, batata africana e outro tipo de alimentos naturais contra a sida, a mesma política que segue no país. “Não me importo que me chamem doutora Beterraba, a verdade é que a chave está na nutrição”, disse a ministra.

EM PORTUGAL

359 NOVOS CASOS

No primeiro semestre de 2006 foram diagnosticados 359 casos de infecção pelo VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) e sida em Portugal, avança o mais recente relatório do Centro de Vigilância Epidemiológica do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

1173 NOTIFICAÇÕES

No mesmo período, os primeiros seis meses deste ano, foram notificados 1173 casos de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana. Destes, 465 eram casos de sida, dos quais 397 foram notificados em 2006 e 68 em anos anteriores, mas recebidos em 2006.

BALANÇO DESDE 1983

Desde 1983, quando foi identificado o primeiro caso de infecção, até ao final do mês de Junho, encontravam-se notificados 29 461 casos de infecção VIH/Sida nos diferentes estadios de infecção.
Isabel Ramos com agências.

O que queremos: Doação de Sangue !

disponível em:
http://www.ilga-portugal.pt/glbt/gip/sangue.htm

Critérios de Exclusão de Dadores de Sangue perpetuam a discriminação e levam a duvidar seriamente sobre o rigor do sistema de protecção da qualidade do sangue


Alguns factos:

* 1999, 17 Abril (DN) - O Presidente do Instituto Português de Sangue (IPS) defende exclusão de homossexuais masculinos como dadores de sangue baseando-se na opinião de sexologistas. "Dizem que o homossexual masculino é muito instável (...) Normalmente um deles é promíscuo."
O IPS vai retirar a palavra "homossexual" das causas de exclusão definitiva dedadores de sangue mas vai-a substituir pela expressão "homens que têm práticas sexuais com outros homens" (HSH).
* 1999 - O Conselho da Europa é da opinião que "(...) aqueles que se entregam a práticas sexuais não seguras ou outros comportamentos de risco, expondo-se a potenciais fontes de infecção, sejam excluídos da doação."
* 1999, 20 Abril (Público) - A Associação ILGA Portugal e o GTH acusam IPS de falta de base científica e de rigor nos critérios de exclusão de dadores de sangue e respectiva aplicação.
* 1999, 23 Junho (Público) - "Homossexuais encenam 'performance'" na Praça Duque de Saldanha para averiguar aplicação critérios de exclusão na doação de sangue.
* 1999, 23 Junho (24 Horas) - "IPS está a mudar os critérios de selecção dos dadores de sangue. A homossexualidade masculina desaparece do questionário, perguntando-se apenas se existem comportamentos de risco."
"Dois membros da Associação ILGA Portugal ofereceram-se para dar sangue, ocultando a sua orientação sexual."... " 'Não me perguntaram se era homossexual. Só quiseram saber se tinha mudado de parceiro nos últimos 6 meses'. Apesar de a selecção de dadores ter deixado de discriminar os homossexuais, Presidente da Associação ILGA Portugal, Gonçalo Diniz, afirma que a pergunta continual mal colocada: 'O que interessa não é o número de parceiros, mas os riscos que se corre.'"
* 2003, Janeiro- Utente impedido de dar sangue no Hospital Garcia da Orta; Ministério da Saúde não dá a devida resposta, prevista por Lei (Reclamação nº 17 (H. Garcia de Orta); reclamante José Carlos Tavares Teixeira da Silva, de 06/01/2003).
* 2003, Fevereiro - Envio de carta endereçada ao Exmo. Senhor Ministro da Saúde (C.c.: Exmo. Sr. Presidente do IPS; Exmo. Sr. Director do Hospital Garcia de Orta).
Nesta carta - escrita por iniciativa da Associação ILGA Portugal e subscrita por outros colectivos e associações Lésbicas, Bissexuais, Bissexuais e Transgénero (LGBT) - pode ler-se, a propósito do 3º critério "sendo homem, teve contactos sexuais com homens": "(...) a homossexualidade masculina não pode ser considerada, em si, como uma prática de risco. A presença de tal critério transmite erradamente uma valorização discriminatória das práticas homossexuais masculinas, podendo mesmo fazer pensar que existem menos riscos nas práticas heterossexuais." "Assim, sendo, a formulação do 3º critério (...) contribui para o engano dos dadores, peca perigosamente por inexactidão quanto a práticas de risco reais e concretas, falhando, consequentemente, na sua missão principal, a protecção efectiva da qualidade do sangue. E levando-nos a duvidar seriamente sobre o rigor do sistema de protecção da qualidade do sangue actualmente existente."
Nesse mesmo documento solicita-se alguns esclarecimentos:
"1-Quais são os critérios actualmente definidos e aplicados pelo Instituto Português de Sangue (IPS)?
2- Coincidem os critérios do IPS com aqueles que são praticados no conjunto dos hospitais portugueses?
3- Se não, que critérios são aplicados pelos hospitais? São estes uniformes de instituição para instituição hospitalar, ou diversificados? Ou são estes desconhecidos pela tutela?
4- Que passos e testes são aplicados na triagem do risco da doação de sangue contaminado nas instituições hospitalares e qual o seu grau de fiabilidade?
5- Pode o Ministério da Saúde garantir a boa qualidade do sangue doado hoje em Portugal?"
* 2003, Julho - Resposta do Ministério da Saúde às 5 questões.
* 2003 - Utente impedido de dar sangue no Hospital de São Marcos - Braga; Associação ILGA Portugal recebe cópia da folha de "Informação para Dadores de Sangue do Hospital de São Marcos - Braga"
* 2005 - Em Julho o partido "Os Verdes" através de um requerimento subscrito pela deputada Heloísa Apolónia, questionam o Ministério da Saúde sobre o facto do Instituto Português do Sangue apresentar, na sua página na Internet, os critérios para se ser ou não dador de sangue, em que um deles é se “sendo homem, teve contactos sexuais com homens ou contactos bissexuais”, o que consideram manifestamente discriminatório.
O IPS responde em Outubro que "Actualmente não estão mais em causa os grupos de risco, mas sim os comportamentos individuais, independentemente da sua orientação sexual, que deverão ser sujeitos aos mesmos critérios de avaliação e selecção de dadores de sangue no exame clínico feito pelo médico que avalia cada candidato(a) a dador(a) de sangue.
Nesse sentido o Instituto Português de Sangue divulgará um novo texto técnico-científico actualizado através da Circular Normativa Nacional, para todos os serviços de saúde com colheita de sangue a dadores, chamando a atenção e condenando práticas já não admitidas, onde elas possam eventualmente existir, com a recomendação de não mais se suspender qualquer dador, sem avaliação clínica, só porque o mesmo referiu a sua orientação sexual."

Critérios de exclusão na doação de sangue

Na página de internet do Instituto Português de Sangue, estão resumidos os critérios de exclusão na doação de sangue. Destacam-se as seguintes razões para não se dar sangue:

* se sendo homem, teve contactos sexuais com homens;
* se teve um novo(a) parceiro(a) sexual nos últimos 6 meses.

Alguns comentários:

Uma breve análise destes critérios de exclusão de doadores de sangue suscitam os seguintes comentários.

* A homossexualidade masculina não pode ser considerada, em si, como uma prática de risco. A presença de tal critério transmite erradamente uma valorização discriminatória das práticas homossexuais masculinas, podendo mesmo fazer pensar que existem menos riscos nas práticas heterossexuais.
* Não há qualquer referência a práticas sexuais desprotegidas, independentemente do género ou orientação sexual de quem as pratique.
* O critério: "teve contactos sexuais com múltiplos(as) parceiros(as);" é deitado por terra com uma categoria epidemiológica emergente: as mulheres heterossexuais com um único parceiro.

EUA proíbem gays de doar sêmen - 21/5/2004


disponível em:
http://sistemas.aids.gov.br/imprensa/Noticias.asp?NOTCod=56856

Folha de São Paulo

Para defensores dos direitos dos homossexuais, decisão não tem base científica

DA REDAÇÃO

O governo dos Estados Unidos proibiu ontem que homossexuais façam doações anônimas de sêmen para bancos de espermatozóide, alegando que a medida visa reduzir os riscos de transmissão de doenças. A decisão foi criticada por organizações de defesa dos direitos dos gays, que vêem na medida um ato discriminatório.

As novas regras, determinadas pela agência federal FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos) e que entram em vigor na terça, obrigam as instituições que preservam células e tecidos humanos a perguntar aos doadores se usam drogas ou tiveram relações homossexuais nos últimos cinco anos. Em caso afirmativo, a doação deve ser rejeitada.

"Um doador diagnosticado com uma enfermidade [contagiosa] que apresenta sintomas ou tem comportamento de risco que facilite o contágio de determinada doença não será considerado apto e suas células e tecidos não serão utilizados", afirma a FDA.

O Estado de Nova York já proíbe que gays doem espermatozóides, e a maior parte dos bancos do país também impõe restrições similares devido ao temor de transmissão do HIV, o vírus da Aids.

"Os testes apresentam informações em 72 horas que permitem saber se uma pessoa é portadora do HIV. Inclusive, a Cruz Vermelha Internacional aceita doações [de sangue] de pessoas que tiveram relações sexuais com outros homens. Novamente o governo ignora os fatos científicos e impõe sua agenda para satisfazer seu eleitorado de extrema direita", afirmou Roberta Sklar, porta-voz da Força Tarefa Gay e Lésbica Nacional, uma importante organização de defesa dos homossexuais.

O presidente George W. Bush, que já se manifestou contra o casamento gay e defende a aprovação de uma emenda à Constituição proibindo esse tipo de união, é freqüentemente acusado de manipular informações científicas com fins políticos. Em fevereiro, um grupo de pesquisadores que inclui 20 ganhadores do Prêmio Nobel o acusou de "manipulação, supressão ou deformação, sem precedentes, da ciência".

A nova regulamentação da FDA vai afetar o funcionamento de bancos de tecidos humanos, que não estavam submetidos às mesmas exigências impostas aos bancos de sangue e órgãos. Agora, os bancos de tecidos também são obrigados a testar os doadores para HIV, hepatite B e C, sífilis e Creutzfeldt-Jakob (a forma humana do mal da vaca louca).

Os doadores de espermatozóides devem ser testados ainda contra outras doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia e gonorréia. A proibição da FDA não impede que gays façam doações para amigas e familiares.

Brasil

No Brasil, não há uma política consolidada em relação à doação de sêmen por homossexuais. Alguns centros seguem as orientações da Sociedade Americana de Fertilidade, que não recomenda a doação de sêmen por homossexuais e heterossexuais que tiveram mais de uma parceira no ano.

Para o ginecologista Eduardo Motta, diretor da clínica Huntington, que também possui banco de esperma, homens que tenham aprovados todos os exames sorológicos e que possuam um bom número de espermatozóides são aceitos como doadores de sêmen "independentemente da opção sexual, credo ou raça".

Colaborou Cláudia Collucci da Redação

Com agências internacionais e "The New York Times"

Adoção por casais homossexuais



Disponível em:


http://www.ambito-juridico.com.br/
site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=366.
Acesso em 28/07/2008.

Introdução

O objetivo desse artigo é defender a adoção como direito fundamental de qualquer ser humano, inclusive do homossexual baseando-se nos princípios da igualdade, liberdade e da não discriminação.

1. O PASSADO

Para o desenvolvimento desse trabalho é essencial um estudo preliminar da origem da homossexualidade e como os povos viam essa parte considerável da população.

A homossexualidade já existia desde a antiguidade, a exemplo da Grécia e de Roma, nesta, a homossexualidade era um fato natural, o homem era iniciado sexualmente por um outro homem. Foi com o cristianismo que a homossexualidade passou a ser uma prática reprovada, repugnante. Hoje a Igreja continua lutando contra o não reconhecimento dessa união.

Até pouco tempo atrás, a homossexualidade era vista como doença, depois afastou essa possibilidade considerando-a um distúrbio de comportamento. Sendo que, a medicina, a psicologia, entre outras ciências, ainda não responderam se a homossexualidade é uma opção ou se decorre de origem genética.

Hoje as sociedades estão compreendendo que a homossexualidade é uma condição natural, não apenas observada em todas as civilizações e em todos os tempos, mas também comum nos seres da natureza.

2. O DIREITO

O termo união homoafetiva foi criado pela desembargadora Maria Berenice Dias para substituir o termo união homossexual. Esse termo foi muito bem colocado vez que se voltou ao sentimento que permeia essas relações, o afeto.

A afetividade é um sentimento que regula as relações familiares constituindo os elementos essenciais. O amor entre pessoas do mesmo sexo deve ser também exteriorizado no ceio familiar.

A família é a base da sociedade, antes da Constituição Federal de 1988, era considerada como legal apenas aquela família oriunda do casamento. Após a Constituição Federal de 1988, se passou a reconhecer a união estável e a família monoparental, isso mexeu com os juristas, pois assim se possibilitou a todos os cidadãos brasileiros o exercício do direito de constituir família, seja ela de forma natural, artificial, ou por adoção.

Essa institucionalização da família monoparental veio fortalecer a tese de que o homossexual tem direito à adoção, pois a Carta Magna nem a discriminou – já que prega em um principio fundamental a proibição a qualquer tipo de discriminação -, nem a afastou, então se conclui que, o homossexual tem direito.

Vale ressaltar que no seu inciso II do art 5º, a Constituição Federal prega que ninguém é pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Portanto, não se pode deixar de permitir a adoção, porque isso estaria indo de encontro com o direito da criança em ter um lar com afeto. Zeno Veloso (1997) a respeito de assunto fala que, o que deve prevalecer, em todos os casos, é o bem da criança e que deve valorizar e perseguir o que melhor atender aos interesses do menor.

Não poderia também, proibir a adoção somente por causa da orientação sexual dos pais ou mães adotivos; uma vez que, estaria ferindo o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana.

Uma das restrições que se faz à adoção por casais homossexuais, é que eles influenciariam na formação da personalidade da criança, mas jamais se provou que isso tenha alguma influência no comportamento das crianças adotadas por homossexuais. Esse critério envolve-se de preconceitos e está isento de legalidade.

Segundo Dias (2004, p. 124): “As evidências trazidas pelas pesquisas não permitem vislumbrar a possibilidade de ocorrência de distúrbios ou desvios de conduta pelo fato de alguém ter dois pais ou duas mães.”

3. A VISÃO DO MUNDO

O mundo se divide em três blocos: os liberais, os conservadores e os intermediários. Os liberais estão compostos pelos países nórdicos, onde a união homoafetiva já foi legalizada, a exemplo da Dinamarca, Noruega, Holanda que prevê o casamento, a adoção, entre outros direitos. Os conservadores compreendem aos mulçumanos, onde existe até a pena de morte para quem pratica essa relação. Os intermediários são os que compõem o maior bloco, onde vem se discutindo acerca da relação homoafetiva, a exemplo do Brasil.

Nos EUA, se determinou atualmente que o casamento deve ser feito entre homem e mulher, e no Brasil muitas pessoas têm morrido em razão da sua preferência sexual.

Entrando assim, na seara da violência contra os homossexuais, onde os indivíduos homossexuais são vitimados, no seu cotidiano, com a violência física praticadas por grupos radicais neonazistas, como os skinheads que tentam acabar com esse grupo da sociedade, não estivessem inseridos no contexto de ser humano.

CONCLUSÃO

A união homoafetiva seria uma entidade familiar? Nesse questionamento as pessoas colocam todo o seu preconceito, mas acredito que não possa deixar de entender que a união homoafetiva seria sim, uma entidade familiar.

Seria uma modalidade familiar diferente, não seria a união estável, nem o casamento e nem o concubinato, defendo a criação de dois novos institutos, união estável homoafetiva, para os casos em que as pessoas não firmam contrato, mas vivem em unicidade de relação; e a união homoafetiva, representada por aquela onde existisse um contrato. (Mas vale ressaltar que não se trata aqui, de um contrato onde se discutiriam qualquer problema nas varas de civis, como atualmente, e sim nas varas de família).

Como não existe lei protegendo a união homoafetiva, deve o juiz basear-se na analogia, costumes e princípios gerais do direito, correlatando a lacuna do nosso ordenamento.

Referências bibliográficas.
DIAS, Maria Berenice. União Homossexual: o preconceito & a justiça. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2001.
DIAS, Maria Berenice. Conversando sobre homoafetividade. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004.
VELOSO, Zeno. Direito brasileiro da filiação e paternidade. São Paulo: Malheiros, 1997.

Gays e prostitutas podem doar sangue 15h03, 23 de maio de 2008

disponível em:
http://www.alagoas24horas.com.br/conteudo/?vCod=47155

O Ministério da Saúde russo suspendeu uma medida que, desde 2001, proibia homossexuais, prostitutas, drogados e idosos de 60 anos ou mais de doar sangue, informaram fontes oficiais.

A revogação do decreto foi assinada pela ministra Tatiana Gólikova e entrará em vigor dez dias após ser publicada na Rossiiskaia Gazeta, o diário oficial do governo.

"É uma vitória do projeto de defesa dos direitos humanos do 'GayRussia.ru', que durante dois anos lutou pela revisão da norma ditada pelo ministério", diz uma nota divulgada por esse site especializado.

Segundo os médicos, a emenda na lei que regula as doações de sangue não contém mudanças significativas nem obedece a uma queda nos estoques dos hospitais.

"Não há nenhuma crise. Simplesmente estamos adequando as leis à realidade de hoje. No decreto, não há grandes novidades nem mudanças radicais no processo de doação", disse o diretor do Instituto de Transfusões de Sangue, Vladimir Gorodetski, citado pelo jornal Gazeta.ru.

O especialista explicou que o ponto da lei que mencionava os "homossexuais, drogados e prostitutas" foi substituído por um que estabelece que os doadores devem passar, obrigatoriamente, por uma avaliação médica.

Além disso, o doador de sangue terá que assinar uma declaração assumindo toda responsabilidade pelas informações repassadas aos médicos.

Fonte: G1

Ação permite que homossexuais possam doar sangue no Hemopi



material extraído de:
http://www.meionorte.com

18/04/2006 - 20h06

O procurador da República Tranvanvan Feitosa ingressou com Ação Civil Pública na Justiça Federal contra a União, o Estado do Piauí e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, para que homossexuais possam doar sangue no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí - HEMOPI. A ação tem base em Procedimento Administrativo aberto na Procuradoria da República a partir de representação formulada pelo Grupo Matizes, entidade da sociedade civil defensora dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.

Segundo a representação vários homossexuais sentem-se discriminados ao serem questionados durante a entrevista no HEMOPI, quando revelam a sua orientação sexual, ocasião em que são impedidos de doarem sangue. O HEMOPI, órgão da Administração Pública Estadual responsável pelas políticas do sangue no Piauí, bem como por todo sangue coletado e transfundido no Estado, proíbe os homossexuais masculinos (gays) da doação de sangue, com base na Resolução n° 153/2004, expedida pela ANVISA.

Conforme a resolução da ANVISA são considerados em situação de risco acrescido, inabilitados, por um ano, como doadores de sangue os candidatos que nos 12 meses precedentes tenham tido relações sexuais com outros homens e ou as parceiras sexuais destes. Para o procurador, vedar a doação de sangue por homossexuais, mais do que uma forma disfarçada de discriminação e preconceito, constitui flagrante inconstitucionalidade. A Constituição Federal garante tanto o direito à vida como o direito à saúde.

Segundo Tranvavan, a se seguir à risca a resolução a pessoa teria que deixar de ser homossexual para que pudesse doar sangue, lembrando também que há muito caiu o mito de os homossexuais serem os responsáveis pela transmissão do vírus do HIV. Segundo as últimas estatísticas não mais se pode falar em grupos de risco. Ademais, antes da utilização, o sangue é submetido a todos os testes possíveis, não se justificando a verdadeira devassa feita à vida pessoal do candidato à doação, até porque inexiste qualquer risco ao receptor, que só irá receber sangue submetido a rigoroso controle de qualidade. A exclusão dos homossexuais e bissexuais como doadores de sangue representa um equívoco discrimitatório sem respaldo científico, que atenta contra os princípios da Constituição Federal e que contribui para a redução dos estoques dos bancos de sangue no país.

A Resolução n° 153/2004 da ANVISA exclui potenciais doadores de sangue. Ao doar sangue voluntariamente, o homossexual é submetido a uma entrevista detalhada sobre seu estilo de vida e sobre sua orientação sexual. A única forma dos homossexuais continuarem a doar sangue é mentir sobre sua opção sexual. A proibição contida na Resolução precisa ser cessada e o foco do questionário, revisado. A resolução permite que um heterossexual seja aceito como doador, ainda que tenha feito sexo sem proteção, enquanto um homossexual que tenha um parceiro fixo e use preservativo seja proibido de doar.

A Ação Civil Pública parte da premissa de que o Estado Brasileiro não pode discriminar pessoas em função de sua orientação sexual. O princípio constitucional de dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil é que orienta o respeito incondicional das instituições estatais, as quais devem manter pela moral particular dos indivíduos. Nos termos da Constituição, é objetivo da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Na ação, o procurador afirma que o Ministério Público Federal não é contra nem a favor do homossexualismo, não cabendo a instituição exercer tal juízo de valor. O MPF quer sim respeito às pessoas e o fim das discriminações em virtude da orientação sexual. O Estado Brasileiro não pode pautar a sua conduta, como vem fazendo, pela imposição de restrições descabidas, inexistentes na lei, puramente alicerçadas no preconceito.